FAP: “MAIOR JUSTIÇA NA ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS SERÁ UMA DAS BANDEIRAS QUE IREMOS EMPUNHAR COM MAIOR AFINCO.”

No dia da tomada de posse do seu segundo mandato consecutivo, o JUP entrevistou o presidente da Federação Académica do Porto para averiguar quais os objetivos do órgão estudantil de maior representatividade na Academia do Porto.

Quais serão os objetivos da nova direção da FAP?

Em relação a objetivos posso dizer que qualquer direção da FAP tem de explorar uma vertente mais política e representativa dos estudantes. A primeira diz respeito a uma nova regulamentação na atribuição de bolsas. Nos últimos anos, a atribuição de bolsas a estudantes do ensino superior tem melhorado, quer na sua rapidez, quer em aumentos ligeiros e na correção de algumas lacunas, mas ainda estamos longe de alcançar o patamar ideal e isso só será conseguido fazendo uma contabilização dos rendimentos líquidos das famílias em vez dos brutos, que é o que acontece no regulamento. Estar a contabilizar rendimentos fictícios das famílias vai desfasar a forma como os apoios são distribuídos, por isso uma maior justiça na atribuição de bolsas será uma das bandeiras que iremos empunhar com maior afinco. Há também um projeto que indubitavelmente faz parte das nossas prioridades. Esse projeto é o Pólo Zero e é um sonho já muito antigo da federação. Em 2015 conseguimos dar passos concretos na sua construção. Este será um espaço de estudo, de empreendedorismo e de promoção cultural na cidade do Porto, no Passeio dos Clérigos. Já conseguimos a verba para colocar as obras em funcionamento e esperamos que terminem antes do Natal para depois tratar de alguns processos burocráticos e estabelecer 2016 como ano de inauguração e esta será a pedra de toque do nosso mandato. Queremos também recuperar as férias desportivas, uma atividade que já não acontece há alguns anos na Academia do Porto e que poderia ser positiva para os estudantes. Finalmente, queremos dar seguimento o que fizemos, como a Queima das Fitas, os Campeonatos Académicos do Porto, os projetos de intervenção social da FAP em bairros sociais e a Mega Dádiva de Sangue e Medula Óssea. Todos estes projetos já conhecidos serão consolidados.

O Governo Socialista criou o ministério do ensino superior. Consideras este ministério uma mais-valia para os estudantes?

Sim, nós (FAP) até já nos tínhamos pronunciado sobre isso antes das eleições Legislativas e era um dos motes que tínhamos apresentado aos vários partidos políticos, a separação da educação do ensino superior. Com a criação deste ministério, que já existiu no último Governo Socialista, consideramos uma mais-valia porque permite desagregar em dois ministérios diferentes pastas que são muito pesadas. O ensino básico e secundário são muito pesados e o que vimos no último Governo foi um Ministro da Educação e Ciência que estava demasiado atarefado com esses ensinos, o que é legítimo, mas acabou por afetar as decisões estratégicas em torno do ensino superior e desta forma, tendo um ministro praticamente disponível para os problemas do ensino superior é uma benefício para os estudantes.

Há uma falta de participação dos estudantes no associativismo universitário ou pelo contrário, há uma participação avolumada?

Em relação a essa matéria, tenho duas perceções que diferem particularmente da participação política dos jovens e neste caso dos estudantes do ensino superior e na sua participação cívica. Desagrego isso em duas partes porque de facto vejo cada vez mais na Academia do Porto e nós (FAP) sentimos isso. Nas unidades orgânicas das instituições existem mais grupos, mais associações juvenis, mais grupos de intervenção, mais ou menos formais, ou seja, há muitos grupos a quererem fazer atividades, em grande parte ligadas à parte social, ao voluntariado e à parte de intervenção na procura do primeiro emprego. Vejo cada vez mais um interesse dos estudantes em participarem nisso e até se diz que há a grupos a nascerem como cogumelos, mas isso depois acaba por não se refletir na parte política. Aí vemos, de facto, um alheamento por parte dos jovens na parte política do país e podemos ver isso pelo elevado número de abstenção nas últimas Legislativas. Isto acaba por ter repercussões não só nas votações a nível nacional, mas também nas participações em associações de estudantes e isso traz consequências nefastas. Quanto menos cabeças pensarem nestas matérias, pior será. A FAP quer combater isto e acredita que o envolvimento de todos os estudantes na política pode construir um ensino superior de melhor qualidade e mais eficiente e queremos promover mais momentos de discussão envolvendo agentes políticos para que os jovens tenham noção de que a política, e não a politiquice, fazem parte do seu dia-a-dia e que todos temos de contribuir.

Qual a razão que apontas para a existência de apenas uma lista no maior organismo académico que é a Federação Académica do Porto?

Posso dar duas razões fundamentais. Por um lado acredito que 2015 foi um mandato bem conseguido da nossa parte. Eu e a equipa que liderei conseguimos cumprir os desígnios da Federação Académica do Porto, coloca-la no topo a nível da discussão política e representativa e conseguimos também colocar em prática aquelas atividades que nos propusemos a fazer. Encontrando uma motivação minha de me recandidatar e claro dando nota disto a associações de estudantes e as pessoas mais próximas de mim, poderá ter sido motivo para não haver outra lista candidata. Também o modelo existente. Este tem a ver com a participação direta das associações de estudantes, são as associações que elegem a direção da federação. Cada lista para a direção tem de ter pelo menos 9 pessoas de diferentes associações de estudantes isso acaba por ser uma limitação. Não há interesse generalizado de todos em participar nesta eleição. Conjugasse aqui um bom mandato com a disponibilidade das pessoas para suportar esse órgão e também há um entendimento de todas as associações que permitiu que não houvesse oposição.

Qual a posição da FAP relativamente a associações académicas da UP que estão a enfrentar dificuldades financeiras?

Em relação à situação do JUP, obviamente estamos solidários. Mas a verdade é que, eu soube disso pela comunicação social, portanto, ainda não houve nenhum contacto próximo nesse sentido: de perceber o que é que se passa realmente, qual é que é a verdadeira situação do JUP, mas, portanto, estaremos disponíveis assim como continuaremos disponíveis, se o JUP estiver interessado em falar com a FAP, em conversar com a FAP, estamos disponíveis para contribuir nessa ajuda, portanto, a desbloquear algum problema mais político que exista no sentido de ajudar a resolver esse problema. É essa muito a nossa motivação, ou seja, estamos sempre disponíveis para fazer parte/ para construirmos uma solução, muito mais do que  fazer parte do problema, e isso será com o JUP, será com qualquer outro grupo que do nosso apoio precise, e, portanto, também é essa a mensagem que queria deixar. Estamos disponíveis para conversar com todos os grupos que entendam falar com a FAP e poder usar das nossas possibilidades e da nossa intervenção em favorecer e em facilitar a atividade dos grupos da academia do Porto.

Que posição terá a FAP perante a reitoria nestas questões?

Eu não conheço mais nenhum caso, pelo menos de que tenha qualquer conhecimento. Mas, portanto, a FAP tem estado sempre posicionada, ou pelo menos ultimamente, numa postura dialogante e de conversar com os agente políticos no sentido de desbloquear e resolver as situações e, portanto, é nessa postura de diálogo e de construção que estamos disponíveis a atuar para eventualmente também ajudar a resolver o problema de financiamento do JUP.