Crónica
CHUVA PRESIDENCIAL
Começa oficialmente o período de campanha eleitoral para as presidenciais. A chuva, o vento e os trovões acompanham os candidatos.
Sei que ultimamente o tempo meteorológico tem sido o alvo mais frequente das minhas tentativas de metamorfosear o mundo. Eu juro que tentei parar, mas as evidências que me surgem aos olhos e me molham os pés são mais que evidentes. Mais que presságios, são questões de menção obrigatória.
Repare-se que os debates, desde o seu início, têm sido acompanhados de chuva cerrada. Poderíamos aludir ao provérbio popular e concluir que “debate molhado é debate abençoado”, mas não, São Pedro não lhes dá esse tipo de privilégios. No entanto, não é este o ditado que melhor apraz a este momento político em Portugal. “Quem anda à chuva molha-se” seria uma opção mais acertada quando associada à ideia de que estes senhores a cada palavra que dizem põem mais o pé na poça. Coincidência, meus caros? Não me parece, este tipo de ligação não é obra do acaso.
Vitorino Silva é candidato à Presidência da República – Tino de Rans. E com as cheias afunda-se a razão, os valores e a noção. É preciso dizer mais alguma coisa?
Quando se pensa que à esquerda está a solução, percebemos que os raios já dividiram o PS. Os candidatos socialistas multiplicam-se, as opções aumentam. A dúvida que persiste perante a tempestade é: “será que algum deles sabe nadar?”
Um ponto positivo é que o tempo agreste, chuvoso e frio não tirou ainda a voz a Marisa Matias. Mas será que é ouvida?
Edgar Silva canta, mas não encanta. Consta que os seus ideais tenham sido trazidos por um vento que soprou de leste algures no século passado.
A direita anda a tentar lidar com os ossos do ofício – as consequências de falar tanto tempo em canal aberto ao longo dos anos. Infelizmente para Marcelo, o vento não mandou abaixo as transmissões dos anos 80 e 90. Pelo contrário, desorientaram-no e levaram-lhe alguns votos.
E então, o que é que resta ao tuga? O tempo não está bom para a praia. O futebol não tem sido grande coisa. Vamos mesmo ter que lidar com a política, num momento em que a discussão de opções, ideias e previsões são trocadas pela demagogia barata e a ofensa gratuita. Esperemos que a chuva lhe lave o rosto e nos abra os olhos. Eu tenho esperança, porque a tempestade já cá está.