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Sociedade

O EMPREENDEDOR QUE DEU A VOLTA AO MUNDO

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Começa a palestra com uma infância a vislumbrar o gosto pelo empreendedorismo e o jeito ingénuo da criança que prepara ramos com as flores roubadas do jardim da mãe, para vender aos vizinhos, antecedendo a autonomeada representação comercial da venda dos queijos, confecionados pela avó, que conta não ter durado mais de três meses. André Leonardo diz ver aqui o princípio da sua predestinada vocação, não a sentindo como um dom mas sim como um gosto enorme pelo que faz, o que lhe valeu o título de melhor aluno da faculdade e o trabalho custoso da organização de várias conferências nacionais e internacionais, com apenas 21 anos.

Por esta altura, diz-nos ter recebido algumas ofertas de emprego mas, ao contrário dos seus colegas, sentia que queria fazer alguma coisa diferente. Quando perguntado pelo assunto do seu livro solta, num suspiro, “Crise, Troika, FMI”. Confessa que a frustação dos portugueses, em finais do ano 2011, foi o estímulo necessário para justificar o seu não conformismo. Sabia, então, que queria dar a volta ao mundo à procura de pessoas que “fizessem acontecer” e mostrar que nada é ganho sem trabalho.

Demorou-se dois anos, entre a escrita da tese e o primeiro ano enquanto mestre em gestão, na preparação da viagem – marcando entrevistas e ultrapassando, como disse “relativizando”, problemas financeiros e motivacionais. Num tom humorístico, conta-nos como deu a notícia aos pais e a falta de credebilidade com que os seus conhecidos lhe diziam: “Começa por dar a volta à ilha”, numa referência à Terceira, ilha do arquipélago dos Açores de onde é natural.

Fala-nos na venda de todos os seus pertences e na perseverança com que enfrentou as esperas e os “nãos” que reduziram de 97 para 7 os patrocinadores da sua aventura. Com 50% dos custos da viagem cobertos, decide partilhar este projeto numa plataforma de crowdfunding, acabando por adaptar todo o plano a um orçamento com um desconto relevante de 30%. Assim, parte para aventura com o pensamento “Não importa se o copo está meio cheio ou meio vazio, o que interessa é enchê-lo, de qualquer forma”.

Começa por Portugal Continental e lança-se para os Açores, em seguida Europa, África, Ásia, América do Sul e América do Norte passando por Toronto, Canadá. Este empreendedor encheu a sessão com histórias enriquecedoras de pessoas incríveis, rindo com situações caricatas, como o caso do “Cristiano Ronaldo da Índia” que limpava os ouvidos aos transeuntes por 20 cêntimos, ou a mensagem de Ricardo Teixeira, empreendedor tetraplégico que emprega 60 pessoas nas suas quatro empresas fora e dentro de Portugal.

Em “apartes” encaixou várias outras histórias como a surpresa de presenciar um terramoto de 6.4 na escala de Ritcher no Chile ou o cantar de parabéns de um grupo de funcionários de um hotel no Japão, aquando do último sismo, que o obrigou a permanecer no hotel.

Acautela-nos para a leitura de um livro com várias vidas, várias atitudes empreendedoras e não a glorificação de contextos empresariais bem sucedidos, daí contrapor o contexto de Silicon Valley, na Califórnia, com o do Quénia de forma a mostrar atitudes empreendedoras bastantes diferentes, mas igualmente inspiradoras.

Introduzindo o mote para a constante presença de riscos e desmotivação conta-nos como repensou o seu conceito de crise, depois de uma conversa com um morador de Kibera (o maior bairro de lata do mundo, localizado no Quénia) referindo, em seguida, o roubo de que foi vítima e como passou as 30 horas de viagem a caminho de Deli, Índia.

André Leonardo termina a palestra com o pensamento que lembra ter lido algures numa parede “Qualquer que seja o problema, faz parte da solução”, atribuindo à atitude e ao sentido de inovação os conceitos diferenciadores entre o empreendedor e o empresário. Acaba por nos  relembrar que “O difícil é diferente do impossível” e que o empenho e a força de vontade podem ser aprendidas por quem deseja fazer acontecer.

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