Cultura
JORGE PALMA E SÉRGIO GODINHO “JUNTOS” NO COLISEU DO PORTO
Há muito mais do que a música a unir Jorge Palma e Sérgio Godinho. A estrada, uma juventude rebelde, a oposição visceral às injustiças sociais, e um inveterado fascínio pela liberdade são algumas delas. Melodias diferentes, a mesma luta.
No Coliseu do Porto, público de todas as idades. Pais com filhos, casais, namorados e famílias inteiras. Algumas crianças. Mais velhos do que novos. Não mais homens do que mulheres, talvez em reconhecimento de quem cantou a liberdade feminina quando ela não existia. A sala cheia. No momento da entrada dos artistas em palco, perto das 22h, um aplauso ensurdecedor.
A primeira grande ovação da noite aconteceu com Jorge Palma a assumir o piano. O lisboeta “deu lume” à plateia, que exultou mal reconheceu a cantiga. Entre êxitos como “O elixirda eterna juventude” e “A noite passada” de Sérgio Godinho ou “Frágil” e “Deixa-me rir” de Jorge Palma, houve tempo para uma “cover” da música “It’s all over now baby blue” em homenagem a Bob Dylan, que assumiram ter sido uma grande influência para ambos.
Ao fim de cerca de uma hora de concerto, a primeira despedida. A plateia só susteve o aplauso quando Godinho e Palma regressaram. Aqui, Sérgio Godinho cantou a ilustre “Liberdade”. Em júbilo, o público saudou o conterrâneo, e houve quem na multidão cerrasse o punho direito e o erguesse na direcção do palco.
Sérgio Godinho e Jorge Palma despediram-se, regressaram, e voltaram a fazê-lo uma e outra vez. Ainda houve tempo e fôlego para o “Primeiro Dia” de Sérgio Godinho, entoada em coro “a cappella” com a plateia, e “A Gente Vai Continuar” de Jorge Palma.
Após três encores, já com a cortina negra fechada nas suas costas, Jorge Palma e Sérgio Godinho queimaram os últimos cartuchos da noite ao som de “Com um brilhozinho nos olhos”. Em coro com o público, ecoou na sala lotada do Coliseu: “hoje soube-me a tanto, hoje soube-me a pouco!”. E nada mais certo. O verso faz toda a justiça à noite. Para tanta e tão boa história da música portuguesa em palco, “apenas” duas horas de concerto souberam mesmo a pouco.