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Cultura

QUEM TE DEU MÚSICA NA QUEIMA – PARTE I

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Uns correram de um extremo ao outro do palco, outros avançaram, subtilmente, estendendo-se sobre a plateia. Para os artistas repetentes, a Queima das Fitas do Porto já não é uma surpresa, é uma casa afável a que se regressa, ano após ano. Para os que sobem ao palco pela primeira vez, fica, certamente, o desejo de cá voltar.

Miguel Araújo

Apesar de ter sido“um privilégio tocar no Porto”, Miguel Araújo confessou ter “a expectativa alta” para uma atuação que, para o próprio, ficou aquém do esperado, devido ao barulho que se fazia ouvir das barracas enquanto atuava. O cantor d’ Os Maridos das Outras admitiu, ainda, que o dueto com António Zambujo “foi uma coisa combinada ao final da tarde” e que “não estava previsto” acontecer.

Gabriel, o Pensador

Gabriel, o Pensador cognominou o concerto de “uma festa linda” e de “uma reunião em torno da música, da celebração de coisas boas” e salientou como foi bom sentir “essa energia concentrada dos estudantes”.

O brasileiro, que já foi estudante de comunicação – embora não tenho concluído o curso –, adora as festas para estudantes, uma vez que foi nessa altura em que estava quase a entrar na faculdade que começou a escrever as suas letras, muitas delas de contestação. Afinal, os estudantes são “pessoas que acreditam mesmo que é possível mudar as coisas para melhor e a gente sabe que é necessário. Eu confio nas novas gerações”

O cantor, que afirma ver “mais semelhanças do que diferenças” entre o público brasileiro e o público português, defende que a globalização ajudou a esse facto: “É bom que se mantenham as culturas, é bom que cada um valorize o que é da sua terra, mas o mundo está mesmo muito globalizado. As pessoas são parecidas, nós temos os sonhos, as frustrações, as situações que a gente passa não são diferentes de país para país”.

Xutos e Pontapés

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A presença d’ Os Xutos e Pontapés é, já, um clássico na Queima das Fitas do Porto, mas, este ano, ao contrário do habitual, não tocaram à quinta-feira, mas à quarta: “Variar também é bom”.

A Queima das Fitas do Porto tem uma importância especial para o grupo de rock n’ roll português, uma vez que “o concerto da Queima do Porto é quase que o início do ano para nós. É aqui que testamos o alinhamento que, em princípio, nos vai acompanhar o resto do ano”.

O público reagiu muito bem a um alinhamento híbrido forte, com umas músicas mais conhecidas do que outras: “Conseguimos uma reação extraordinária do público. Quando se estabelece essa reação química entre quem está em palco e quem está a assistir, é aí que se cria uma bom espetáculo, e nós conseguimos conquistar isso hoje e então conseguimos terminar em alta o concerto.”

Entusiasmados por tocar futuramente com Bruce Springsteen, que consideram ser já um dos “momentos mais altos da carreira”, os Xutos e Pontapés garantiram que é de louvar “a maneira como o público se tem chegado a nós e nos tem dado ajuda e um ânimo enorme para seguir em frente”, sobretudo, nos momentos mais complicados da banda. Zé Pedro chegou mesmo a afirmar que esteve debilitado de saúde, mas que foi “graças ao rock n’ roll” que continua de pé.

Apesar da inexistência de novidades, fica a garantia de que vão continuar a apostar no rock, não fosse “o nosso objetivo estar cá mais 37 anos se a saúde e as pernas aguentarem. Queremos ir o mais longe possível.”

Kura

Kura confidenciou-nos que esteve na faculdade “apenas um ano e meio” e que foi a música que o levou a desistir de ser guia turístico, o que nada tem “a ver com aquilo que faço agora”.

Com uma agenda bastante preenchida para os tempos que aí vem, com, pelo menos, três atuações em Ibiza, com uma nova música “da editora de Tiesto” a ser lançada, ainda, este verão e com um tema vocal em cima da mesa, Kura manifestou o desejo de colaborar, no futuro, com Tiesto.

O DJ que já teve “o privilégio de colaborar com aquela pessoa que queria mesmo, que foi o Hardwell”, anunciou que gostava de enveredar também por outras áreas da música em que ainda não tem muita expressão: “Adorava fazer uma música com uma banda rock, por exemplo, com os Phoenix”.

 Richie Campbell

image5Para quem escolheu fazer uma pausa da Queima no terceiro dia, fica a saber que se ouviu work, work, work, no palco principal. Não, o Queimódromo não teve nada de Rihanna ou Drake, mas Richie Campbell surpreendeu o público com o cover. O cantor de Blame It On Me considera ser diferente tocar para estudantes, “especialmente às horas que nós tocamos” porque “estão sempre muito mais recetivos, por uma razão ou por outra”.

Richie é admirador de Rihanna e Drake e revela que Work “é dancehall, outro estilo de música que se faz muito na Jamaica, para além do reggae. Quando vi que a Rihanna tinha feito uma música de dancehall, achei que era uma oportunidade perfeita para fazer um remix, porque para mim aquilo era facílimo de cantar naquele instrumental”.

 

Quim Barreiros

Quim Barreiros provocou jocosas gargalhadas com os jogos de palavras das suas músicas. O artista, que este ano celebra 69 anos, aconselhou os jovens a divertirem-se, mas “com cuidado, quem conduz que não beba” e garantiu que “Vou fazer 69” será a sua próxima cantiga. Resta aguardar.

Se queres saber quem acha que a música é uma área “machista” e se os artistas acham que há diferenças entre atuar na queima e nos outros festivais, confere a segunda parte da reportagem especial do JUP aqui.

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