Connect with us

Cultura

NOVENTA E NOVE MOTIVOS PARA NÃO TER PERDIDO O FIM DE SEMANA NO BONS SONS

Published

on

Se os palcos Eira e Lopes-Graça, e por finais da noite, com os DJs, o Aguardela, tendem a oferecer-nos a música adequado para intensos exercícios de ancas e abanares caóticos de braços, a igreja (palco MPAGDP) e o palco Giacometti, por contraste, oferecem ao público a oportunidade de fecharem os olhos e deixarem-se levar por melodias relaxantes. Já o palco Tarde ao Sol é o mais indeciso, apresentando uma grande variedade de abordagens musicais… Enfim, oferta não falta!

Nestes dois dias dar-se-á destaque às várias actividades paralelas às actuações musicais. No segundo foi tempo de dar passeio com a devida calma pela feirinha, que guardava grandes preciosidades – bolsas, objectos de madeira, roupas, discos, livros… A mim calhou a sorte grande de alguns amigos (do peito) terem encontrado e me oferecido um grande clássico da literatura moderna: “Orgia Em Família”, do brilhante Jim Dawson, seja lá ele quem for! Podia ser um livro de Natal, mas não é. A partir daí o dia foi muito ocupado: deixar cair vezes sem conta a obra-prima ao passar por pessoas aleatórias obrigando-as a apanhá-la e vir atrás de mim devolvê-la. Por vezes também houve a oportunidade de insinuar que o livro era delas, coisa que quase em pânico negavam. Fica o conselho de como passar uma tarde de Verão agradável!

No terceiro houve que examinar a Adega de S. Sebastião, na qual se desenrolou uma intensa performance, que consistia num homem a dançar ininterruptamente 6 horas por dia ao longo de todo o festival (tendo a meio reduzido o regime de trabalho para um part-time de 3 horas apenas); o palco Garagem, onde os festivaleiros mais arrojados se podiam inscrever para actuar e eventualmente saírem de lá músicos consagrados e com um contracto para gravar um álbum duplo; e ainda o espaço da SCOCS (Sport Club Operário de Cem Soldos), entidade organizadora do festival, onde se podiam ver os cartazes das edições anteriores e vídeos de projectos de dinamização da aldeia de Cem Soldos. Com o Sol finalmente a dar algumas tréguas durante esta tarde, o ambiente tornou-se bem mais mexido, tendo-se inclusive montado um slackline – práctica que se tem vindo a tornar recorrente nos festivais.

No dia 13 distinguiram-se as ousadas cordas de Grutera, a boa disposição de Few Fingers, a poesia sonora de Lavoisier (um concerto imperdível, diz a lei), as malhas de Lodo, o Fado profundamente sentido de Cristina Branco, a Funckalhada da street de Da Chick (que até teve direito a uma queixa formal por ter insultado um membro do público) e, claro, o à vontade contagiante dos Deolinda.

Não podemos, ainda, esquecer as actuações das Adufeiras do Paúl, d’Os Tunos (uma espécie de reencarnação dos The Shadows, em traje académico), de Vera Mantero e de Tiago Pereira. Continuaram noite fora os DJs Niagara, Lilocox e o Puto Márcio.

Dia 14 deu-se o caso único em que um dos DJs ser elevado à categoria de cabeça de cartaz. Trata-se de Branko, artista de resto já bem habituado a actuar em festivais, e sem dúvida que aprimorou o ecletismo deste com os seus ritmos latinico-electrónicos. Antes porém de se madrugar, houve que passar um óptimo dia na companhia da melancolia sublime de Dear Telephone; do workshop de introdução ao headbanging por Keep The Razors Sharp; do Faduncho ora em tom solene, ora bem mexidinho de Carminho; dos Jungle Tugas, os White Haus, senhores de potentíssimos teclados eighties; de Fandango, descrito por alguém como Electro-Pimba (sorte a minha ter ouvido esta máxima, porque pedirem a mim para descrever este concerto iria certamente terminar em AVC); e ainda Madalena Palmeirim, André Barros (prémio Melhor Banda Sonora no Los Angeles Independent Film Festival Awards 2015), Bonecos e Campaniça, Tim Tim Por Tim Tum (constam fotografias de algumas destas actuações na galeria), Isaura, mais os DJs Dotorado Pro e Rastronaut.