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Cultura

PORTO, A CIDADE DA MODA

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No dia 13, quinta-feira, o Portugal Fashion veio para o Porto para um dia dedicado à plataforma Bloom, onde são apresentadas as propostas de jovens criadores, uma marca já consolidada do apoio do Portugal Fashion aos designers emergentes. Os desfiles decorreram no Palácio dos CTT, no centro da Invicta.

O dia abriu com Beatriz Bettencourt a apresentar a coleção intitulada “Retrogade”, uma viagem de volta aos tempos mais simples da infância e inocência, patente na coleção no espírito descontraído e das linhas desportivas, assim como um lado mais vintage sem nunca perder o seu espírito contemporâneo. A paleta de cores usada recaiu sobre o azul índigo, as nuances de branco e bege assim como apontamentos de laranja e vermelho.

Seguiu-se Olimpia David, pseudônimo de Inês Marques, com uma coleção inspirada por uma viagem à Turquia. As formas assimétricas mas estruturadas, em conjunção com silhuetas esvoaçantes fizeram lembrar o país situado entre a Ásia e a Europa, ponto de encontro de duas culturas bastante distintas. Os contrastes dessa coexistência de culturas também ficaram patentes nas cores fortes que variaram entre o marinho, o laranja e o branco.

Em seguida foi a vez do designer Eduardo Amorim apresentar a sua coleção “Seattle Mess” inspirada na rebeldia dos anos 90 e pela cultura grunge, de forma a refletir na mudança do mundo. O desgaste propositado das peças refletia essa atitude agressiva. Em seguida vimos a coleção de Maria Kobrock com peças inspiradas pelo abstracionismo dos anos 50 e a escrita de Camus.

Inês Torcato apresentou uma coleção com uma linguagem clássica e descontraída, traduzida em peças de inspiração masculina (blazers, sobretudos e camisas) desconstruídas e reconstruídas.

David Catalán levou-nos a Londres, numa visita ao famosíssimo bar Sketch, através da justaposição entre ambientes suaves e duros.

Sara Maia apresentou uma coleção de tons básicos inspirada pelo conceito de “beleza genérica”.

Seguiu-se Pedro Neto com uma coleção ligada à obra ‘Island of Death’, obra de Arnold Bocklin, onde o designer se inspirou. Os acabamentos dos tecidos são enrugados e a escolhe de cores liga a coleção à natureza, presente na obra.

O dia fechou com as marcas UN T e Klar. A primeira apresentou o seu conceito de que a moda deve ser como uma segunda pele, e uma extensão do corpo, enquanto que a segunda meditou sobre o uso de tecnologia e a necessidade de sustentabilidade da moda.

O segundo dia de coleções no Porto.abriu também no Palácio dos CTT, desta vez com a proposta de alunos das escolas de moda ESAD (Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos), a (Escola de Moda do Porto) e o Modatex.

Terminada a plataforma Bloom, o Portugal Fashion seguiu para a Alfândega do Porto, local habitual do certame de moda mais importante de Portugal. Susana Bettencourt, conhecida pelo seu trabalho em knitwear, fez jus à sua reputação e apresentou mais uma coleção em que as malhas são tratadas de uma maneira que conjuga o tradicional e o contemporâneo. Aqui, as formas geométricas coloridas tricotadas numa composição dinâmica transpuseram-se para a paserelle de uma forma que só pode ser descrita pelo termo inglês “effortless”.

Seguiu-se Carla Pontes com uma coleção de design depurado, versátil e contemporâneo. O tema, as nuvens, refletiu-se nas cores e nos materiais suaves, tais como os jacquards de algodão, e o denim. Formas minimalistas e cortes limpos destacaram as formas femininas e simples, e também a volumetria oversized de algumas peças.

“Brave” foi o tema da coleção de Estelita Mendonça que traduziu a o perigo através das cores industriais, tais como o cor de laranja e o cinza, e de peças que fizeram lembrar a temática dos refugiados, tema que já o tinha inspirado na coleção anterior.

Júlio Torcato direcionou a sua coleção para homens e mulheres urbanos e contemporâneos, fundindo a estética minimalista com a clássica através do uso de materiais nobres e da reflexão sobre a qualidade da alfaiataria portuguesa.

A coleção de Anabela Baldaque foi a tranposição da personalidade da designer. Uma coleção feminina repleta de tecidos finos, com padrões florais e renda.

Hugo Costa, fiel à identidade da sua marca, apresentou uma colecção progressiva para pessoas urbanas. O azul e cinza, contrastando com o vermelho e rosa da segunda parte da colecção transmitiu a ideia de urban classical sportswear.

Diogo Miranda tratou o Cubismo na sua coleção, e usou materiais nobres, com destaque para a seda, em cores nude.

O protagonista do calçado de luxo em Portugal, Luís Onofre, estreou-se no design de calçado para homem. A base da coleção é a linha enquanto conceito básico de qualquer forma. As sandálias adornadas com tiras foram dos looks mais mostrados enquanto que na parte masculina, a reinvenção dos clássicos foram a base do desenvolvimento deste novo segmento.

Miguel Vieira fechou o terceiro dia do Portugal Fashion com a coleção que já havia mostrado na Semana da Moda de Milão, em parceria com o Portugal Fashion. Inspirada pelo continente africano, a coleção refletiu o espírito colonial através do uso de padrões tribais, e tons de couro que faziam lembrar o pôr do sol. O design de linhas modernas e direitas foi reforçado através do uso de elementos de inspiração neoclássica, para refletir uma elegância quase romântica. Foi neste desfile também que o aclamado modelo portuense Rubén Rua terminou a sua presença nas passarelas portuguesas após 10 anos com presença regular, tanto no Portugal Fashion como na ModaLisboa.

A abertura do último dia de desfiles desta edição do Portugal Fashion ficou a cargo de Luís Buchinho, que mostrou a sua coleção no Terminal de Cruzeiros de Leixões, após ter apresentado a mesma na semana da moda de Paris, tida como a mais importante do mundo. A coleção apresenta elementos bastante gráficos com influencia de sportswear. A paleta de cores foi reduzida ao preto e branco, com apontamentos de cores primárias e tons metálicos.

Ainda no terminal de cruzeiros de Leixões, foi a vez de Katty Xiomara, que já havia apresentado a coleção em Nova Iorque. A influência marítima dos descobrimentos na cultura portuguesa ficou bem patente na coleção que teve como paleta base os azuis escuros e o preto refletindo o fundo do mar, os tons vibrantes dos recifes e os neutros das areias das praias. Repleta de elementos marítimos a coleção reflete o casamento entre a sofisticação e a espontaneidade, características já bem conhecidas da designer.

É frequente dizer que há muitas coisas que Portugal faz (muito) bem: a comida, o azeite,  a cortiça… e os sapatos. A indústria do calçado português continua a dar cartas e a expandir a sua influência no mundo, e foi isso que vimos nas coleções das marcas Ambitious, Dkode, Fly London, JJ Heitor, J. Reinaldo e Nobrand. Sapatos modernos com materiais de altíssima qualidade percorreram a paserelle no desfile que abriu a tarde na Alfândega do Porto. Destaque ainda para a reinterpretação de clássicos com design arrojado, mas tendo sempre em conta o conforto, algo que para a indústria portuguesa de calçado é imperativo.

Seguiu-se a marca Pé de Chumbo, com peças construídas uma a uma em que as texturas são o ponto forte. Os tons variaram entre o bege, preto, cinza e beringela. Os materiais apresentados foram os fios de seda e viscose, trabalhados em xadrez.

Quando se fala em marcas portuguesas de menswear arrojado, a Vicri costuma ter um lugar de destaque. Esta coleção, inspirada em Cuba, combina as cores neutras com cores frescas. Os blazers slim fit conjugados com camisas de algodão com padrões riscados, assim como as gravatas de seda foram das peças mais vistas na paserelle.

Elsa Barreto volta a mostrar uma coleção urbana, descomprometida e sofisticada, onde são delineadas linhas complexas e femininas. Seguiu-se Fátima Lopes com uma coleção elegante e sensual, com silhuetas inspiradas pelo mar.

Ana Sousa dirige-se a uma mulher urbana com a sua coleção repleta de materiais leves e esvoaçantes em tons suaves e doces, em looks delicados.
A par da Vicri, a Dielmar também se inspira em Cuba para uma coleção de luxo de fatos slim fit em lã e seda de estética minimalista e moderna.
Carlos Gil mostra-nos uma coleção que explora várias culturas, mistura elementos clássicos e contemporâneos e brinca com os volumes das peças e a exuberância das cores e dos padrões.

Esta edição fechou com o desfile da marca Lion of Porches, inspirada pelo universo preppy e pelo mundo do ténis. Igual a si mesma, a marca continua a inovar no design das suas peças mantendo sempre a sua identidade.

Esta edição ficou marcada pela inovação ao nível do calendário, dando mais importância à plataforma Bloom que teve um dia próprio de acesso generalizado sem convite. Que inovação virá em seguida? Esperemos por março para ver!

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