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Política

FILLON VENCE PRIMÁRIAS E É CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DE FRANÇA

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Há meio ano atrás, as sondagens garantiam que Fillon seria o quarto candidato nas intenções de voto. Juppé e Sarkozy pareciam os mais fortes, naquelas que foram as primeiras primárias do partido republicano francês. Numa repetição das eleições americanas, as sondagens estavam longe da verdade.

Fillon correu por fora e arrecadou a vitória na primeira volta das primárias com 43 % dos votos, deixando para trás Nicolas Sarkozy e levando Alain Juppé consigo para a segunda volta. Castigado pelos escândalos de corrupção e pelo fraco desempenho no Palácio do Eliseu, o ex-presidente averbou uma pesada derrota.

Numa segunda volta em que era já dado como favorito, Fillon venceu Juppé com 67 % dos votos e vitórias em 99 dos 101 departamentos do território francês.

Os dois candidatos chegaram à segunda volta suportados por programas reformistas, com um forte ênfase na redução dos gastos do Estado. Fillon apresentou medidas mais audazes que o seu adversário, prometendo uma redução da despesa pública em 100 mil milhões de euros e um corte de 500 mil empregos na função pública. Soma a isto o aumento das horas de trabalho semanais até ao limite máximo imposto pela EU (48 horas) e a passagem da idade da reforma para os 65 anos.

Descrito como admirador de Margaret Thatcher, Fillon assume-se, acima de tudo, como gaullista, tendo desenhado um programa eleitoral conservador nos costumes e liberal na economia.

Fillon apresenta-se, também, como um tradicionalista católico. Opôs-se no passado ao casamento de pessoas do mesmo sexo e à legalização do aborto, mas já prometeu que não irá reverter a lei de 1975, que legalizou esta última prática.

Após os atentados de Nice e de Paris, a relação de França com o Islão é o tema que promete aquecer a campanha do próximo ano. Fillon lançou este ano um livro, “Vaincre le totalitarisme islamique”, que o fez subir das intenções de voto e o colocou nas boas graças da direita francesa. Nele, critica a falta de ação do governo contra o terrorismo islâmico, lançando o aviso: “a sangrenta invasão do Islamismo na nossa vida quotidiana pode ser o anúncio da terceira guerra mundial”. Muitas vezes controverso nas suas declarações acerca do Islão, Fillon garantiu não acreditar no multiculturalismo, prometendo, no seu discurso de aclamação, defender os valores franceses.

Numa altura em que a esquerda francesa parece incapaz de encontrar um candidato que se possa intrometer na corrida ao Palácio do Eliseu, Fillon procurará disputar o eleitorado da Frente Nacional em temas fortes como a imigração e o emprego, sem, no entanto, alienar o eleitorado de esquerda.

As sondagens apontam, para já, a passagem à segunda volta de Le Pen e Fillon, e vitória do segundo, nas eleições que se irão realizar em abril e maio do próximo ano.

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