Política
UM IMPEACHMENT À COREANO
O escândalo político
Após uma investigação realizada pela procuradoria-geral coreana, Choi Soon-sil foi acusada de ter utilizado o seu estatuto para extorquir e desviar fundos no valor de, aproximadamente, 62 milhões de euros, para as suas fundações.
“A equipa especial de investigação concluiu que a Presidente Park Geun-hye é suspeita de conluio com os outros três suspeitos, Choi Soon-sil, An Chong-bum e Jeong Ho-seong na sua conduta criminosa, (…) por isso, a equipa vai continuar a investigar a presidente”, declarou Lee Young-ryeol, chefe do Gabinete de Procuradores do distrito central de Seul.
No seguimento desta descoberta, Park Guen-hye respondeu com a demissão do primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn e dos ministros das Finanças e da Defesa. A oposição sul-coreana considerou o ato um “desvio de atenções” e questionou a integridade da ex-presidente, exigindo uma investigação sobre a mesma. No entanto, a presidente não poderá ser acusada, uma vez que beneficia de imunidade.
Reações ao escândalo
A demissão e detenção de An Chong-bum, ex-conselheiro de Guen-hye, também por fraude e tráfico de influências, desencadearam a movimentação das massas sul-coreanas, que exigiram a demissão da presidente, cujo mandato terminava dentro de 15 meses. O povo sul-coreano alegou que Park Guen-hye “piorou as condições de vida aos trabalhadores, desorganizou completamente o governo estatal e monopolizou assuntos de estado dentro da secreta casa do poder”. Este protesto durou seis semanas e foi um dos maiores desde a democratização do país, em 1987.
A oposição sul-coreana apoiou o pedido das multidões e exigiu a demissão da presidente, declarando que “Park Geun-hye não tem capacidade para ser presidente, ela precisa de se demitir imediatamente”.
Consequências imediatas
Após vários pedidos de desculpa e tentativas de apaziguamento sem efeito, Park Guen-hye cedeu à pressão pública e renunciou as suas funções, afirmando estar “pronta a abandonar o cargo, segundo a lei, assim que seja proposta uma alternativa de sucessão estável que possa minimizar a instabilidade política e um vazio de poder, após a discussão no parlamento entre o partido do governo e a oposição”.
A decisão foi encaminhada para o Parlamento sul-coreano, que votou com 234 votos (mais de 2/3 do requerido), a favor do afastamento de Park do cargo, deixando assim o seu destino nas mãos do Tribunal Constitucional, que tem até 6 meses para adjudicar o processo.
O Tribunal já avançou, formando uma equipa de 20 investigadores “que serão selecionados (…) para relatarem o caso do impeachment da presidente Park” e ainda pedindo às partes envolvidas – Park Guen-hye, ao Parlamento e ao Ministério da Justiça – para contribuírem com os seus depoimentos, de forma a esclarecer as suas posições.
A presidente já fez chegar os seus esclarecimentos ao Tribunal Constitucional, afirmando a sua inocência. Resta saber a exposição do Parlamento e do Ministério da Justiça, para que o Tribunal possa chegar a um veredicto.
A nova presidência
Hwang Kyo-ahn, ex-primeiro-ministro, assumiu no último dia 8 de dezembro o cargo de Presidente Interino. Deverá ocupar o cargo até que o Tribunal Constitucional realize a deliberação.
O recém-presidente estabeleceu contacto com o Ministro da Defesa, do Exterior e dos Assuntos Internos, para assegurar a estabilidade na nação e nas relações diplomáticas com outros países. Tomando a posição de Park Guen-hye, apelou também à urgência de vigilância contra qualquer ameaça vinda da Coreia do Norte.
Segundo os comunicados ao Arirang News, Hwang Kyo-ahn esclareceu os objetivos para a sua presidência, direcionando-os para uma política de estabilização dos assuntos internos e da economia sul-coreana, prometendo “fazer o seu melhor para assegurar a segurança pública e melhorar o nível de vida da população”.