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Cultura

ROTEIRO: THE WORST TOURS

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Marquês/Bairro da Fontinha

A “viagem” começou no Jardim do Marquês, onde a guia explicou o conceito da tour, que, embora tenha três variantes, é sempre adaptada ao turista que a faz. Gui, a arquitecta que conduziu todo o percurso, deu início à tour com uma contextualização histórica do sítio onde nos encontrávamos, assim como do espaço envolvente. Fachadas de edifícios, invasões, a crise económica e movimentos sociais foram alguns dos tópicos abordados.

O percurso continuou em direcção ao bairro da Fontinha, palco da crise sentida em Portugal, tão evidente pelas construções deterioradas. Fachadas “encerradas” em cimento tentam afugentar os problemas de cariz social que se alojaram nesta cidade: prostituição, toxicodependência e sem-abrigos.

No entanto, a Fontinha não apresenta apenas aspectos negativos! O bairro da Fontinha apresenta alguns projectos comunitários, como por exemplo, a Quinta Musas da Fontinha. Este projecto traduz-se no desenvolvimento de uma horta urbana, que potencia uma experiência comunitária e social, visando a sustentabilidade.

Intercontinental Hotel – Palácio das Cardosas

Situado no centro da cidade Invicta, em plena Avenida dos Aliados, o Intercontinental Hotel do Porto – Palácio das Cardosas é apelidado de herança portuense, que transmite a autenticidade do Porto. Contudo, este palácio construído no século XVIII apresenta duas faces: uma fachada preservada, que remonta à data em que foi edificada, e uma parte traseira do hotel, com uma aparência moderna, mas que nada apela ao carácter histórico do edifício. Para além disso, a guia explicou que o Largo das Cardosas não pode ser apelidado de “largo”, uma vez que contém um portão que proíbe o seu uso a partir de determinada hora, um largo com acesso restrito.

Sobre este assunto, o ICOMOS (International Council of Monuments and Sites) e a UNESCO já se pronunciaram, assumindo que esta construção é “o maior exemplo de destruição e demolição intencional em património classificado e protegido ao mais alto nível (património mundial da UNESCO) em Portugal” (como se pode ler no Facebook dos The Worst Tours).

Miragaia

A última paragem antes de chegar ao destino foi Miragaia. O antigo bairro de judeus é uma montra-viva da vida secular no Porto. As construções em madeira e olhar desconfiado das pessoas mais idosas evidenciam uma cidade que, em parte, está abandonada e destruída pelas marcas do tempo.

Miragaia está repleta de ruas estreitas que nos fazem perder no antigo bairro que, devido às construções à beira-rio, se encontra num nível inferior ao das redondezas.

E assim chegou ao fim esta viagem de descoberta dos sítios mais “escondidos” do Porto. “Definitivamente, eu vi a cidade de uma forma que nunca veria sozinha. Informações que não descobres se estiveres só por ti. Quando há alguém do local, tu descobres a verdade sobre o sítio em que estás.”, explica Karolina Plesner, turista que nos acompanhou ao longo do percurso. Richard Lewington acrescenta: “O Porto tem carácter. Eu vim cá há cerca de 5 anos e não gostei muito, mas, agora, a minha opinião mudou muito graças à nossa guia, que nos mostrou a verdadeira cidade e não a cidade turística.”

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