Artigo de Opinião
MÊS DO TRABALHADOR … SEM EMPREGO!
O mês Maio começa logo com uma comemoração, o dia primeiro é dia do trabalhador, mas comecemos por outro lado comecemos pela diversão.
Este é também o mês do início dos festivais de verão, da data desta redação ao primeiro evento vão dois dias, e depois deste outros se seguirão. Podemos comprar os bilhetes de todas as maneiras e feitios, no local, em diversas lojas associadas ou pela internet, o importante é que compremos, pois vem este e aquele artista musico, cantor, grupo, dj, e esta é a oportunidade de ver e ouvir, de participar neste ou naquele grande, fantástico evento.
Não quero dizer que quem pode fique agora num estado inanimado, letárgico e não participe nestes eventos, mas vejamos, os valores destes festivais são alguns deles mais que aquilo que muitos agregados familiares recebem por mês, e outros valores dariam para encher uma despensa para esse mesmo mês, confusos!?
O Rock In Rio Lisboa por exemplo temos bilhetes para o povo a 61€ este valor completa uma despensa para um mês de um agregado de quatro a comerem regradamente, mas podemos ser VIPs por uma noite, pelo menos ganhamos esse título se pagarmos 240€ mais ou menos metade do ordenado mínimo nacional.
Outro grande evento é o Meo Sudoeste, aqui os valores vão de 20€ a, melhor sentarem-se, a 764€, isto para um cartaz, dizem invejável, mas já não o é, o cartaz do Rock In Rio? Então como se compreende a disparidade de valores? Não sei, não conheço os processos usados, mas parece mais barato trazer os The Rolling Stones, Robbie Willians ou os Linkin Park entre outros nomes que pouco mais de três dezenas de Dj’s.
Confesso que me sinto algo ofendido por vezes ao ver afirmações do género, “eu vou”, ou “comprei bilhete para os dias todos”, como disse penso que não devemos ficar em banho-maria à espera que o vizinho finalmente tenha emprego e possa ir ao supermercado, ou voltar para a casa de onde saiu porque não teve como pagar, mas ao mesmo tempo a ostentação do poder de compra de uns frente à miséria de cada vez mais destrói-me por dentro.
Temos reformados a sabe-se lá como, a sobreviver com 200€, desempregados um ganho a prazo, cada vez mais curto, na ordem dos 400€ e muitas vezes com agregado a cargo, um salário mínimo que mais parece esmola de pouco menos de 500€, por metade deste valor somos tratados como gente num desses eventos.
Verdade que esses eventos são cada vez maiores, e levam de alguma forma o nome de Portugal além-fronteiras, mas quem ganha com essa publicidade, quem ganha com essa promoção? As casas de cartão ou mortalhas de cobertores nos vão de escada, debaixo das pontes ou nas entradas das lojas, já não são uma visão de um país qualquer subdesenvolvido que só víamos nas notícias, essas imagens são uma visão cada vez maior observado no nosso país, à porta de nossa casa.
Este é de fato o mês do trabalhador, mas lamentavelmente não se vislumbra razão para celebrar mas pelo contrário, o país está coberto de farrapos por isso passa frio, o seu prato está cheio de fome, o calçado é feito de pele fria que sangra ao pisar o chão, mas haja esperança, e venha ela de todas as formas até na imagem de vermos que ainda há quem possa sorrir a dançar e por isso nos faça acreditar que amanhã o sonho é possível.