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Cultura

“QUE FAREI COM ESTES LIVROS?”

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Desde cedo, a História do Porto se fez de liberais e burgueses interessados na aquisição de arte e livros. Nesta “cidade escura, de granito e trabalho, em que Thomas Mann se sentiria bem” (Pacheco Pereira) nasceram os dois oradores, leitores e guardiões de preciosas bibliotecas privadas.

Jorge Meireles, nascido e criado nas Antas, revelou que a sua paixão pela leitura foi em parte incutida pelos professores do Colégio Alemão, que frequentou durante 14 anos. A sua coleção particular é composta por autores do séc. XIX até 1980, nomeadamente os poetas modernistas e realistas portugueses. Reúne na sua biblioteca somente o que lhe interessa e gosta de “seguir o rasto dos autores procurando obter 1as edições ou obras autografadas, como forma de se sentir mais próximo dos livros que ama.

José Pacheco Pereira, figura da cena intelectual e política nacional, assume-se completamente portuense e, ao contrário de Jorge Meireles, um fã da quantidade.

O seu grande projeto, Ephemera, é hoje a maior biblioteca privada portuguesa e ao mesmo tempo o “mais público dos arquivos privados”. Localizada na Marmeleira, contém material de mais de 100 países, incluindo milhares de livros, periódicos, itens de propaganda política entre outros. Grosso modo, a coleção de livros é do século XX, até porque parte do seu objetivo é reunir o que a censura inibiu ou não deixou entrar em Portugal.

Atualmente, a aposta de Pacheco é a da digitalização do conteúdo da Ephemera, para permitir maior acesso público. O arquivo recebe semanalmente mais de metro e meio de material, sendo que cerca de 30% a 40% dos livros recebidos são novos. O destino dos “repetidos” são as bibliotecas de Cabo Verde. A sobrevivência do arquivo deve-se ao esforço diário de voluntários que constroem a Ephemera com matéria prima recolhida por todo o país, nomeadamente no espaço MiraForum e no ID+ Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura, no Porto.

A pedido do JUP, os oradores revelaram quais as suas sugestões de um livro na sua opinião obrigatório para todo o estudante universitário: Jorge Meireles indica a autobiografia de Thomas Bernhard; já Pacheco escolheu A Montanha Mágica de Thomas Mann.

De notar que até ao fim do mês as duas bibliotecas públicas portuenses continuarão a ser palco de várias ações de formação, exposições, sessões de leitura, espetáculos e outras iniciativas integradas no programa “Todos a ler!”.

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