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Ciência e Saúde

ALZHEIMER: A CADA TRÊS SEGUNDOS SURGE UM NOVO CASO

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Fonte: Alzheimer’s News Today

Anualmente, no dia 21 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Doente de Alzheimer. Nesta data, a Alzheimer’s Disease International lança um relatório sobre o estado da doença a nível mundial, com os avanços no conhecimento da patologia e estatísticas sobre cuidados de saúde, onde são ainda sugeridas formas de tornar esses cuidados mais eficientes.

No relatório deste ano, é possível ler-se que a cada três segundos uma pessoa desenvolve demência e que os serviços de saúde não estão ainda preparados para lidar com estes doentes, uma vez que há lacunas na pesquisa. Por isso, na edição de 2018, a associação sugere que cada país direcione 1% do orçamento gasto em demência para a área da investigação, não só de ciência básica, mas também de melhores cuidados, prevenção ou redução dos riscos e desenvolvimento de medicamentos, no sentido de favorecer a saúde pública.

A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, representando mais de metade dos casos registados em todo o mundo. A doença provoca um dano geral e irreversível nas funções cognitivas ligadas à memória, à concentração e ao pensamento. Os danos são progressivos e levam a alterações comportamentais e de personalidade e dificuldade nas atividades básicas do dia-a-dia. Este estado de demência deve-se à morte de células cerebrais e à formação de emaranhados de fibras e placas, dificultando as conexões normais entre os neurónios.

Os doentes de Alzheimer podem ser classificados em dois grupos diferentes. O primeiro é o dos doentes esporádicos, habitualmente com mais de 65 anos e sem historial familiar. Algumas pessoas são portadoras do gene ApoE14, o único conhecido até agora associado ao risco de desenvolver a doença. No entanto, ser portador do referido gene implica que a doença se manifeste e que o portador apresente sintomas. O segundo grupo diz respeito aos doentes de Alzheimer Familiar, em que a doença é transmitida de geração em geração. A presença de uma mutação no gene significa uma elevada probabilidade da pessoa desenvolver Alzheimer a partir dos 40 anos.

Este tipo de demência, em estádio inicial, apresenta sintomas muito discretos e quase impercetíveis, como pequenas perdas de memória e de concentração. Com o avanço da doença e a progressiva perda de células cerebrais, outros sintomas podem surgir, como lapsos de memória mais frequentes, dificuldade em manter conversações, apatia, dificuldade em realizar tarefas básicas e rotineiras, incapacidade para socializar e instabilidade emocional.

Apesar de existirem milhares de artigos de investigação científica publicados, ainda não está estabelecida a causa da doença, que também é associada fatores externos, como os ambientais. Até ao momento, não existe uma terapêutica curativa, sendo que os medicamentos utilizados visam melhorar o quotidiano do doente, atenuando a intensidade dos sintomas.

O relatório de 2016 indica que os portadores de demência têm acesso a cuidados de saúde pobres e, acima de tudo, pouco adequados ao seu estado. É referido que apenas 50% dos doentes recebe um diagnóstico apropriado nos países desenvolvidos, contrastando com os 10% dos países em desenvolvimento e que, devido ao aumento da expectativa de vida, o número de doentes de Alzheimer irá crescer. O presente relatório descreve que há falhas significativas nos sistemas de saúde, desde a relação custo-eficácia dos tratamentos, a pertinência das abordagens até à aplicação de cuidados paliativos adequados. Assim, é fulcral que os especialistas tenham um papel mais relevante e assumido nos hospitais, para que o tratamento seja adequado, eficaz e rápido e para que seja dado todo o apoio que os doentes, os familiares e os cuidadores necessitam.

No âmbito nacional, não foi ainda elaborada uma estatística real sobre o número de casos, mas um relatório da OCDE coloca Portugal como o 4º país com mais doentes por cada mil habitantes (19.9 casos) e estima que até 2037 este número chegue a 322 mil. A associação Alzheimer Portugal está altamente empenhada em proporcionar qualidade de vida aos doentes e prestar auxílio a familiares e cuidadores, promovendo autonomia e a integração na sociedade. No site da associação pode encontrar uma lista atualizada de todas as entidades e linhas competentes para prestar auxílio e esclarecer qualquer dúvida sobre a doença de Alzheimer.