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Artigo de Opinião

TSUNAMI NO DESERTO

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Tiago Aboim

Tiago Aboim

Quando em 1979, as tropas do Exército Vermelho entraram nas ruas de Cabul para legitimar o regime comunista de Babrak Karmal no Afeganistão, não esperavam que o resultado ao fim de nove anos de ocupação fosse de uma autêntica humilhação, sendo considerado o Vietname dos Soviéticos.

No mesmo ano (1979), iniciou-se um conflito regional entre o Irão e Iraque com o alto patrocínio dos Estados Unidos e da União Sovíetica na lógica estratégica da geopolitica da Guerra Fria.

Com o desaparecimento da União Soviética, a afirmação dos EUA, poderia ser uma evidência na cena politica internacional, autointitulados como polícias do mundo.

No entanto, eis que o medo e o terror passam a ser a principal preocupação dos responsáveis norte-americanos, com a vaga de atentados que eram infligidos no seu território como foi o caso do primeiro atentado ao World Trade Center (1993) ou externamente como foi o caso dos atentados nas embaixadas em África (1998) e em 2000 com o ataque ao navio de guerra norte-americano, o USS Cole, que vitima mais de uma dezena de marinheiros americanos, no Iémen.  Mas seria em 11 de Setembro de 2001, que acontece o mais sanguinário atentado alguma vez realizado, causando mais de três milhares de mortos no espaço norte-americano.

O trágico acontecimento, reconfigura a política externa do então Presidente Norte-Americano, George W.Bush. A resposta americana seria bélica, dando ínicio à guerra contra o terrorismo. Ainda é no ano 2001, que as tropas norte-americanas invadem o Afeganistão, na tentativa de capturar o responsável pelo dia 11 de Setembro, Osama Bin Laden. Subjacente a esta ideia, está a necessidade de alterar o rumo político existente em Cabul desde 1996, profundamente teocrático, suportado pelo fundamentalismo islamico.

Apesar de a ofensiva ter sido bem sucedida em solo afegão, com a libertação do povo afegão, a instabilidade política suportada por motivações étnicas e religiosas, põe diariamente em causa a democracia aí instaurada. Os contínuos atentados a dirigentes politicos afegãos, civis e as tropas internacionais aí estacionadas são uma ameaça, o clima de paz armada vigora desde 1919, ano da indepêndência do Afeganistão face à Inglaterra.

Já no ano de 2002, George W. Bush profere o célebre discurso do Eixo do Mal acusando três paises (Afeganistão, Iraque e a Coreia do Norte) de apoio ás práticas terroristas, bem como a existência de armamento nuclear, podendo pôr em causa a segurança global. Sob a cúpula do Congresso Norte-Americano, é legitimada a guerra ao terror.

O segundo alvo continuava a ser o Iraque, que já havia sido derrotado por um Bush (pai) aquando da primeira Guerra do Golfo em 1991, em sequência da invasão por parte das tropas de Saddam Hussein ao Koweit.

Suportado pela premissa da existência de armas de destruição maciça, o presidente norte-americano, desencadeia a segunda intervenção militar do seu consulado (2000-2008). A “rápida” entrada em Bagdad do exercito norte-americano com a célebre imagem do derrube da estátua de Saddam, poderia significar uma mudança política naquela região do mundo, mas a esperança gorou-se nesse mesmo dia.

Onze anos depois da queda de Saddam, o Iraque encontra-se em estado de guerra cívil, o terror e a insegurança contagia as principais cidades iraquianas, causando o pânico e o medo em todo o território.

Aquando da saída dos contigentes internacionais de solo iraquiano poderá conduzir a uma situação dramática para o povo iraquiano, muito semelhante àquela que ocorreu no Afeganistão na década de noventa: Guerra Cívil entre 1992-1996.

Os perigos de uma fragmentação política no Iraque, poderá conduzir a afirmação de posições extremadas assentes em posições anti-ocidente, suportadas pela violência e pela violação dos Direitos Humanos, agora sim, há armas de destruição maciça no Iraque: o medo.

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