Connect with us

Cultura

CASA DA MÚSICA RECEBE O OUTONO COM JAZZ

Published

on

À semelhança dos anos anteriores, o Outono em Jazz regressou à Casa da Música com noites de jazz que se estendem até 28 de outubro. Esta edição do festival debruça-se mais sobre os ritmos do século XXI e procura fugir à norma do jazz convencional.

O Outono é uma altura de novos começos e, com o cair das folhas, também a Casa da Música aposta em diversificar com fusões de jazz que mostram “o investimento dos artistas na sua própria identidade genética”. O JUP foi ouvir e conversar com os protagonistas da noite de jazz desta quinta-feira.

Em 2010 nasceu o Duo Finlândia, composto por Mauricio Candussi, da Argentina, e Raphael Evangelista, do Brasil. Os artistas preferem tocar sonoridades como o huaino, o saya, o candomblé e a cumbia e acrescentam aos seus instrumentos o toque dos sons eletrónicos e dos coros.

Às 22h00 soou pela primeira vez a harmonia entre o acordeão de Mauricio e o violoncelo de Raphael, que encheu o espaço do café interior e captou a atenção dos muitos espetadores que já aguardavam há algum tempo pelo começo da atuação.

“Queremos convidar vocês a viajar connosco pela música da América do Sul, vamos tocar música do Brasil, da Argentina e de outros lugares (…) fechem os olhos, viajem, e vamos embarcar nessa aventura”, disse Raphael.

Por entre um misto de luzes cor de rosa e azuis, o Duo Finlândia envolveu a sala com um jazz autêntico e invulgar, marcado pelos seus traços folclóricos e origem latino-americana. No início da atuação, os artistas começaram por apresentar uma música que homenageia as Lavadeiras do Brasil e, de seguida, conduziram a audiência pelas músicas do seu novo álbum.

Depois de convidarem o público a dançar ao ritmo tipicamente colombiano que tocavam, deixaram clara a sua felicidade por Portugal ser um dos 18 países onde atuaram. Às 23h10 despediram-se do Porto, pelo menos por enquanto: “É muito lindo ‘tar aqui. Me senti em casa. Na Casa da Música”.

Em entrevista ao JUP, os artistas explicaram como surgiu o Duo Finlândia e contaram algumas experiências passadas.

Como é que se conheceram?

Em 2009, eu fui tocar na Argentina e o Mauricio tocava com uma banda e aí nos juntámos, nos conhecemos e em 2010 começámos o projeto. Em primeiro de julho de 2010. Daí lançámos o primeiro disco, chamado Nandhara, e a ideia era fazer três shows e sairam cinquenta e três shows. Então, assim, a gente viu: vai funcionar isso, vamos seguir em frente. E daí seguimos até hoje, são oito anos já de projeto.

É difícil estar tantos anos juntos?

Não, já passámos tudo. Já brigámos, já nos abraçámos, é um casamento musical, assim digamos. É um projeto, é uma construção. Então tem de estar aí harmonia, o tempo todo trabalhando. É um trabalho intenso, muita viagem, muito planeamento e muita execução e perseverança.

Qual foi o momento em tour que mais vos marcou?

Eu sempre me lembro do show na França, num festival chamado Festival du Bout du Monde. Esse festival tocou vários artistas de que eu [Raphael] sou fã desde pequeno – Morcheeba, The Wailers, Ibrahim Maalouf – e nós estávamos aí junto com eles no mesmo palco. E olhar toda a aceitação do público europeu para a gente foi muito feliz.

Qual é a origem do vosso nome?

No começo era música bem lounge, assim meia tranquila, e lembra um pouco a imagem do país da Finlândia. Aí depois mudou um pouco a música e o nome ficou. Queria ter uma resposta mais romântica para falar, mas é isso.

Quais são os vossos planos para o futuro?

Agora nesse momento estamos indo amanhã para Espanha, para Madrid, temos um show no sábado. Damos uma pausa, passando na França na semana que vem e temos um show em Huelva, num festival de cinema. Depois vamos numa tournée no México, a primeira no México. E aí depois voltamos para o Brasil – e aí já é dezembro, então dá uma pausa, pelo menos, temos família. Mas para o futuro, para o começo do ano que vem, vamos lançar o sexto disco, que se chama Migrantes, e já estamos nos preparativos para isso. Vai vir uma tournée mundial. Vamos passar por praticamente todos os continentes, então no ano que vem, vem muito trabalho.

Durante a semana, a Casa da Música recebe ainda Youn Sun Nah e Ambrose Akinmusire Quartet na terça-feira, dia 23, e Trio Pinheiro/Ineke/Cavalli na quinta-feira, dia 25.

Por último, as atuações de Rudresh Mahanthappa’s Indo-Pak Coalition e Matt Bianco “Gravity” marcam o fim desta edição do Outono em Jazz, no domingo, dia 28.