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Artigo de Opinião

À PROCURA DE REFÚGIO

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Tiago Vaz

Tiago Vaz

Escrevo este texto do conforto da minha cadeira, à secretária. Pela primeira vez, há um certo mal-estar aqui, provocado pelo tema que trago hoje: desde a II Guerra Mundial que não há no Mundo tantos refugiados como hoje. Os dados foram apresentados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que indica que o número de refugiados no Mundo é superior a 50 milhões de pessoas.

O número, por si só é atordoante. São 50 milhões de pessoas. Quase cinco vezes a população de Portugal. Falamos de cinco países como o nosso onde as pessoas não têm casa. Muitas delas quase não têm (ou não têm de todo) roupa e comida. O problema, contudo, vai além da falta de roupa ou condições. Ao contrário dos portugueses ou de qualquer outra população no mundo, os refugiados não têm um país. Não constituem um Estado seu, não têm uma terra a que possam chamar sua, porque foram forçados a abandonar as suas terras. O medo de perderem a vida, de perderem as suas famílias acabou por levá-los a abdicarem de tudo ou quase tudo o que tinham nas suas vidas.

O número não é por si só chocante. Tendo em conta que a população mundial mais do que duplicou nos últimos 60, 70 anos, ter hoje um número de refugiados semelhante ao de 1945 acabada por significar uma redução percentual. O que é chocante é que 1945 marca o fim do maior conflito armado até hoje. Nunca, nestes últimos 70 anos tivemos um conflito tão grave como a II Guerra Mundial. Como se explica então um número tão grande de refugiados no mundo?

Três razões emergem com facilidade: os regionalismos, as guerras civis e o próprio aumento demográfico. A primeira está na génese de muitos dos problemas por resolver no nosso planeta. Os problemas regionais derivam de diferenças religiosas, culturais e até políticas, que têm provocado inúmeros conflitos armados entre países e levado a que milhares de refugiados tenham abandonado os seus países. A segunda, tal como a primeira, tem provocado inúmeros conflitos armados, especialmente por razões políticas como tentativas de mudança de regime, que levaram à guerra civil e à fuga de milhares de pessoas dessas mesmas guerras. Finalmente, o aumento demográfico abrupto, especialmente nos países e regiões que não tinham condições para lidar como esse mesmo aumento, acabou por ser mais uma desculpa para que acontecessem as primeiras duas razões.

Mais do que justificar e compreender o porquê do número de refugiados no mundo, importa perceber como se resolvem as questões que levaram a este número. Que levaram a que estas pessoas tivessem de abdicar ou mudar radicalmente as suas vidas. E isto compete aos Estados que estão de fora destes problemas, que não vivem a guerra nos seus territórios, que não têm os seus cidadãos a fugir por considerarem que esta é a melhor opção que podem tomar. Compete-lhes criar medidas para melhorar os campos de refugiados, compete-lhes pressionar os Estados, os grupos que causam o problema em vez de o tentarem resolver. Compete a qualquer pessoas com poder, usar esse poder em prol dos outros, especialmente porque estão em jogo as vidas de 50 milhões de pessoas. Que vivem miseravelmente, muito abaixo do que se considera um “nível mínimo de subsistência”.

Compete também às Organizações Internacionais, que têm que pressionar os Estados, os que levam à existência de refugiados e os que passivamente vêm o seu número aumentar. Compete a todos, ainda que seja num nível mínimo, ajudar a melhorar as condições de quem, ao contrário de nós já não tem uma casa sua. Já não tem uma terra. Já não tem por vezes o que comer.

Compete, por fim, a todos nós. Nós que, felizmente, ainda podemos estar sentados a um computador a escrever. Sem medo de uma guerra que, para nós, está distante. Mas que, na verdade, é bem real e todos os dias destrói a vida de pessoas como nós, num planeta que é tanto nosso como deles. Num Mundo que é da responsabilidade de todos cuidar.

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1 Comment

1 Comment

  1. Fábio

    22/06/2014 at 14:01

    Não te sentes,não escrevas… deita-te ,vai apanhar um sol..(esse mal estar ….ele passa-te)
    E vê se ligas o lado esquerdo do teu cérebro,nem logica esta porra tem..
    “Mais do que justificar e compreender o porquê do número de refugiados no mundo, importa perceber como se resolvem as questões que levaram a este número.”.parecia-me boa pratica mas pronto se é para fazer sem que se faça…
    ” os regionalismos, as guerras civis e o próprio aumento demográfico”, desliga a wikipedia.. money money money..

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