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Ciência e Saúde

INVESTIGAÇÃO: PODEM AS BACTÉRIAS CONTRIBUIR PARA A FERTILIDADE?

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Olga Lage e Sara Antunes, docentes e investigadoras da FCUP. Fotografia: Miguel Marques Ribeiro.

No sentido de se perceber até que ponto as bactérias podem ser utilizadas como alimento ou suplemento à alimentação tradicional de um microcrustáceo, Daphnia spp., Olga Lage e Sara Antunes, ambas docentes e investigadoras da Faculdade de Ciências e do CIIMAR, Universidade do Porto, têm vindo a estudar a relação entre estes microcrustáceos e bactérias do grupo dos Planctomycetes.

Sendo Daphnia usada em estudos de ecotoxicologia e de avaliação da qualidade de águas, é essencial que o seu desempenho seja máximo, para que, quando sujeitas a determinadas condições de stress, respondam corretamente e a sua performance não interfira nos resultados a obter. Para que isto aconteça, a sua alimentação deve ser otimizada ao máximo.

Rhodopirellula lusitana sp. nov. e Rhodopirellula rubra isoladas de macroalgas. Imagem: Joana Bondoso, Luciana Albuquerque, et al. Systematic and Applied Microbiology, 2014, 37(3):157-164.

Rhodopirellula lusitana sp. nov. e Rhodopirellula rubra isoladas de macroalgas. Imagem: Joana Bondoso, Luciana Albuquerque, et al.
Systematic and Applied Microbiology, 2014, 37(3):157-164.

Sabe-se que os Planctomycetes são bactérias presentes em vários locais, muitos deles ainda desconhecidos, e que têm características morfológicas, genéticas e fisiológicas que as tornam únicas. Rhodopirellula rubra é a espécie usada nos estudos em questão, recolhida na costa Norte de Portugal e apresenta uma cor rosa quando em cultura.

Pôde verificar-se que, quando se alimentava Daphnia spp. exclusivamente com R. rubra, as necessidades nutricionais do microcrustáceo não eram supridas. Porém, quando estas bactérias eram adicionadas à alimentação padrão (microalga da espécie Raphidocelis subcapitata), os parâmetros de história de vida do microcrustáceo aumentavam significativamente. Verificou-se uma melhoria da capacidade reprodutora destes organismos, que se fez notar no aumento do número de descendentes. Por outro lado, verificou-se um aparecimento de pigmentação rosa, tanto nos progenitores como nos descendentes.

“Achamos estes resultados muito interessantes e estimulou-nos a continuar com ideias de investigação novas e inovadoras, nomeadamente em aplicações em aquacultura”, pode ler-se num artigo de opinião das investigadoras, publicado no Journal of Aquaculture & Marine Biology.

Olga Lage e Sara Antunes estudaram os resultados da alimentação de microcrustáceos com bactérias Planctomycetes. Fotografia: Miguel Marques Ribeiro.

Olga Lage e Sara Antunes estudaram os resultados da alimentação de microcrustáceos com bactérias Planctomycetes. Fotografia: Miguel Marques Ribeiro.

Sabe-se, desde então, que estas bactérias, do grupo dos Planctomycetes, para além de fornecerem a sua pigmentação rosa, têm a capacidade de aumentar a fertilidade de quem as consome. As investigadoras, no mesmo artigo, questionam: “Serão estas respostas exclusivas de Daphnia ou poderão outros organismos beneficiar dos Planctomycetes?”. Assim, pode prever-se potencial de aplicação destas bactérias em indústrias alimentar e farmacêutica.

 

Artigo redigido por Álvaro Paralta. Revisto por Ana Sofia Moreira.

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