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Cultura

À CONVERSA COM TIAGO GUEDES E MANEL CRUZ: “CRESCER NÃO É NADA SIMPLES”

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Tiago Guedes

Sala praticamente cheia para ver Tristeza e Alegria Na Vida Das Girafas. O Cinema Trindade mais uma vez reuniu os ingredientes para uma bom serão cinéfilo. Na estreia do filme na histórica sala portuense estiveram Tiago Guedes, realizador, e Manel Cruz, compositor.

Durante toda a sessão, o público revelou-se investido na obra e reagia aos vários momentos marcantes desta viagem até ao fim da inocência. Quando os créditos terminaram, a plateia bateu palmas efusivas aos artistas. Seguiu-se um diálogo aberto à audiência que durou cerca de meia-hora e permitiu desvendar um pouco sobre o processo de criação de Tristeza e Alegria Na Vida Das Girafas.

Manel Cruz foi o primeiro a falar. O músico admitiu ter ficado “contente com o filme” e que procurou que o equilíbrio entre som e imagem sobrevivesse numa sala de cinema. “Sobreviveu!”, concluiu.

Tiago Guedes disse que o filme nasceu da “conjugação de dois universos diferentes: o da peça de teatro e a música do Foge Foge Bandido”. “Este filme não fazia sentido nenhum sem o Manel”, afirmou o realizador, até porque a música do artista mantém alguma da inocência que é retratada no filme. A perda da mesma no filme é um tema fundamental e Tiago Guedes quis que a sua obra falasse de como “crescer não é nada simples”.

Os palavrões do urso de peluche de Tristeza e Alegria Na Vida Das Girafas revelou-se um “tema sensível”, o que surpreendeu Tiago Guedes. O cuidado de Tónan Quito em dizer todas as linhas de diálogo era uma “obsessão quase shakespeariana“, segundo o realizador. A personagem de Judy Garland era indispensável e uma componente essencial “para o desequilíbrio do filme”.

Sobre o desafio de filmar uma história com traços de fantasia, Tiago Guedes explicou que nunca quis “traçar linhas definitivas”. “Nunca quis fechar interpretações do filme”, disse o realizador, até para ter uma maior liberdade criativa na produção das imagens. A peça de teatro “era mais rock n’ roll” e Tiago Guedes quis torná-la “melancólica”. As duas versões da história são diferentes, um “objeto que nascia de um objeto que ele [Tiago Gomes Rodrigues] criou”, no fundo.

Manel Cruz revelou que sentiu-se “renitente” sobre o uso das músicas do Foge Foge Bandido. O músico gostava de ter composto mais temas originais para o filme, mas percebeu a ligação emocional com as faixas antigas. “Foi um compromisso entre eu reduzir ao máximo o Bandido e o Tiago manter ao máximo”, resumiu o artista.

Em relação ao paralelo entre A HerdadeTristeza e Alegria Na Vida Das Girafas, Tiago Guedes afirmou que são dois projetos muito diferentes, “mas que têm os dois partes de mim”. Ambos os filmes tiveram estreias internacionais e sobre o mais recente, o realizador ficou “muito surpreendido” com o sucesso que teve. “O caráter mais universal do Tristeza e Alegria Na Vida Das Girafas sobreviveu”, considerou.

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