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Artigo de Opinião

BREXIT: O FUTURO DO REINO UNIDO E DA UNIÃO EUROPEIA

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O divórcio entre a União Europeia e o Reino Unido tem sido um dos temas principais da atualidade que deu azo a várias discussões nestes últimos quatro anos. Após as várias reuniões e tentativas fracassadas de David Cameron e Teresa May em chegar a um acordo com a União Europeia, Boris Johnson conseguiu finalmente executá-lo e anunciou que a partir do dia 31 de janeiro o Reino Unido deixará de fazer parte da União Europeia.

O Brexit abrirá portas a uma realidade nova e inquietante. Por isso, a discussão dos benefícios e malefícios da saída do Reino Unido da União Europeia ainda divide a população britânica. Apesar dos esforços de uma grande parte da população britânica para impedir o Brexit ao longo destes últimos anos, sob risco de consequências catastróficas irreversíveis, a maioria acabou por vencer esta batalha. Este grupo viu no Brexit a oportunidade do país reafirmar a sua identidade e independência. Além disso, acreditam que a negociação com outros países será mais fácil e a economia melhorará, já que o Reino Unido deixará de contribuir para a economia europeia e começará a limitar a entrada de imigrantes no país.

No entanto, a meu ver, já é possível prever consequências a nível económico e de deslocação para ambas as partes. Por um lado, apesar do Reino Unido ser uma das potências que mais contribui para a economia da União Europeia, a sua situação económica pode complicar-se com o Brexit: o valor da libra vai descer em relação ao dólar e ao euro, o que torna as viagens e importação e exportação de produtos mais baratas; a inevitável queda da bolsa e o mercado vai forçar o governo britânico a baixar as taxas de juros e os empréstimos bancários para conter as perdas de capital, e várias empresas e bancos já estão a retirar as suas sedes dessa grande potência. Além disso, é possível que o Brexit seja apenas o início de uma possível rutura do Reino Unido, dependente das consequências que esta decisão traga.

Por outro lado, com o Brexit, a União Europeia fica sem a sua contribuição monetária e tem que renegociar os tratados comerciais com o governo britânico. Outra situação preocupante é a posição complicada e desconfortável da Irlanda do Norte perante esta mudança, pois faz parte da União Europeia e fronteira com a República da Irlanda, que passará a estar enquadrada no Brexit. Além disso, a União Europeia corre o risco desta situação com o Reino Unido motivar outros países da União Europeia a seguir o mesmo rumo, o que pode ser ponto de partida para o desmantelamento da União Europeia.

No final de contas, a situação do Brexit é bastante simples de perceber: o Reino Unido quer sair da União Europeia, mas sair sem um acordo benéfico é impensável para o governo britânico; já a União Europeia, que reconhece a importância desta grande potência, não quer ficar sem o seu contributo a nível económico e está a dificultar este processo. Por isso, é fácil compreender as dificuldades, receios e hesitações de ambas as partes por detrás da elaboração de um acordo benéfico.

Independentemente dos alertas e das dificuldades desta decisão, o Reino Unido conseguiu cumprir o seu objetivo e parece estar satisfeito. No entanto, é importante relembrar que o Brexit foi iniciativa do Reino Unido e a União Europeia está descontente por razões já acima mencionadas. Isto tudo para dizer que, caso o Reino Unido pense em reverter esta situação no futuro, deve estar inteirado de que as exigências serão colossais e bastante dispendiosas.

Para finalizar, tudo indica que o Brexit vai concretizar-se ainda no final desta semana. Apesar de acreditar que teremos um futuro complicado pela frente, penso que a melhor atitude que devemos ter é interiorizar esta realidade o mais cedo possível. Independentemente do receio e descontentamento que se faz sentir pela Europa, esta é a única maneira de conseguirmos adaptar-nos o melhor possível e perseverar apesar das consequências desta mudança amarga.