Cultura
FANTASPORTO: EXORCISMOS E GUERRILHAS NA MESMA SALA
No Grande Auditório do Rivoli, a primeira longa metragem começou por volta das 15h e terminou por volta das 16h30. Tratava-se de um filme de terror e suspense, com religião à mistura, aspeto comum e recorrente nos filmes de exorcismo.
Dirigido por Roderick Cabrido, produtor e diretor filipino, “Children’s Show” conta a história de Clarita – uma jovem, de 26 anos, cujo corpo é consumido por um espírito demoníaco incontrolável.
O filme acontece em 1953, ano de eleições nas Filipinas, e também a data em que a jovem mulher enche os jornais pelos resultados dos seus poderes maquiavélicos.
Clarita consegue matar física e espiritualmente todos os tentadores da morte do seu demónio. E não é água benta, nem rezas católicas que ajudam a que tudo desapareça. Mas sim, o conhecimento pelo passado da personagem.
O realizador – que já apresentou, em 2015, o rigoroso “Children’s Show” – ganhou o Prémio Especial do Juri OE, em Cannes, com a mesma obra.
O segundo filme que o JUP acompanhou, narra a história de Dino, uma criança que viveu a tensão curdo-iraquiana e apura a vida de uma jovem mulher curda que dá à luz, numa cabana, uma figura mitológica que luta contras as convenções de género para ter uma vida igualitária e digna.
A história passa-se durante a primeira revolta do Curdistão, em 1961, e avança até à recuperação da resistência, na segunda metade dos anos 70.
Dirigido pelo cineasta iraniano Shahram Qadir, “Cry Of The Sky” teve antestreia mundial no Fantasporto.
Por esta ser uma longa especial e particularmente importante, o artista esteve presente na sala do Rivoli e agradeceu a oportunidade que o festival lhe deu de apresentar esta história “num país completamente diferente daquele em que nasceu”. História essa que, embora ficionada, é fruto das suas recordações e vivências naquela região.
Nenhum dos dois filmes está nomeado na 40ª edição do festival de cinema.
Artigo da autoria de Raquel Batista