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Cultura

100 ANOS TEATRO NACIONAL S. JOÃO: CASTRO INTEMPORAL

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Sábado, dia 7 de março. As 16h chegam e “Castro”, encenada por Nuno Cardoso, e a ser vivida no Teatro Aveirense, aparece no painel gigante – onde foram exibidos, ao longo de todo o dia, vídeos alusivos ao centenário.

O ecrã esteve colocado na Praça da Batalha, diante da porta principal do Teatro Nacional S. João, que, nesse dia, recebeu uma panóplia de pessoas, entre os quais se encontravam o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o Primeiro-Ministro, António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O público esperava, observando o ecrã iluminado. Almofadões tinham sido colocados na borda alta do passeio de pedra, para que os espectadores assistissem confortavelmente. Ainda assim, muitas foram as pessoas a assistir de pé e sentadas no chão, enquanto absorviam aquilo a que estavam a assistir, compenetradamente.

Uma espectadora vincou, inclusive, que era excelente que as pessoas tivessem acesso a teatro desta forma.

“Iniciativas assim atraem novo público.”

“Castro”, da autoria de António Ferreira, remonta a 1598. Mas os temas que aborda – como o amor, o conflito entre a emoção e a razão ou entre a justiça individual e o bem comum – permanecem até hoje imutáveis.

A encenação não mente e espelha a vontade de Nuno Cardoso em revelar essa “modernidade intrínseca”.

É uma peça dividida em cinco atos, que segue as normas aristotélicas e, também, as normas greco-latinas – evidentes, por exemplo, quando vemos que o coro e anti-coro intervêm na ação.

Esta é outra história que parte da história de amor entre D. Inês de Castro e de D. Pedro. Uma relação que encontra vários obstáculos e que culmina quando Afonso IV, pai do infante, decide mandar assassinar D. Inês.

Nuno Cardoso mostra que, apesar de ser uma das tragédias mais conhecidas da História de Portugal, com mais de 500 anos, as premissas desta peça, baseada na história verídica deste romance, ainda continuam vigentes na sociedade.

O cenário é contemporâneo e alternativo. Em cena, vê-se uma casa, bem grande e real, com quatro zonas, nas quais as personagens, com roupa atual, se dividem. O texto é uma adaptação do original e, também por isso, esta representação não soa a uma tragédia clássica, mas sim a uma criação contemporânea.

Prova que, passe o tempo que passar, há coisas que não mudam. Seja na grandeza do teatro, seja na vida.

“Castro” vem a cena no Teatro Nacional S. João de 27 de março a 18 de abril de 2020 (horários e mais informações disponíveis no site do TNSJ )