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Artigo de Opinião

Ensino: como garantir a qualidade no futuro

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Durante os últimos dois meses, o mundo do ensino teve que adaptar-se às circunstâncias do período de confinamento. No entanto, esta nem sempre se provou ser uma tarefa fácil e as pessoas envolvidas na área do ensino rapidamente se fizeram manifestar.

No decorrer desta fase, sublinham-se três problemas mais frequentes reportados por estudantes. O primeiro problema corresponde a falta de métodos de avaliação à distância de cursos baseados em métodos práticos, tais como os cursos artísticos, que não podem ser avaliados através de trabalhos de grupo, ensaios, reflexos, estudos de casos e análises como os demais, e, por consequente, não tiveram aulas. O segundo resume-se na falta de conteúdos que preparam o estudante para a seguinte fase das suas vidas. O terceiro problema consiste em falhas a nível da tecnologia utilizada para estabelecer a comunicação entre alunos e professores.

Deste modo, esta experiência permitiu detetar e estudar algumas falhas nas formações sociais e académicas dos estudantes, bem como a importância da tecnologia no espaço académico.

Em primeiro lugar, aos conteúdos abordados precisam ser revistos e, consequentemente, renovados. Não nos podemos esquecer de que todos os anos se formam indivíduos em todas as partes do mundo, mas não são todos educados com os mesmos métodos. Dos conteúdos repetitivos, familiares e enciclopédicos, passando pela enorme carga horária que os alunos têm que suportar, até ao velho e expositivo modelo de ensino que já não é capaz de captar a atenção e o interesse dos alunos, é essencial rever os conteúdos abordados nas salas de aula, bem como os métodos utilizados para tal.

Em segundo lugar, estamos cada vez mais incorporados numa realidade em que os valores e as competências do individuo são mais valorizados do que qualquer outro aspeto. Deste modo, a formação dos alunos deve focar-se cada vez mais no desenvolvimento de caraterísticas que possam ser aplicadas em futuras experiências profissionais e sociais, tais como o espírito de equipa, a ética profissional e a autonomia. Disciplinas como matemática, biologia, línguas materna e estrangeiras e historia têm uma importância limitada às escolhas de carreira profissional de cada individuo. Na minha opinião, acredito que formar-se-iam melhores indivíduos e profissionais se nos concentrarmos em moldar o caráter dos estudantes e a desenvolver as suas capacidades, juntamente com os outros conhecimentos que adquirem nas salas de aula.

Em terceiro lugar, ao longo das últimas décadas, a tecnologia tem desempenhado um papel essencial na área do ensino pela forma como facilita as atividades, a divulgação de conhecimento, o contacto entre as pessoas e os métodos de avaliação. Durante esta quarentena pudemos ter uma experiência do funcionamento das aulas apenas com recursos digitais. A conclusão a que chegamos é que, efetivamente, o sistema de ensino ainda não está preparado para a realização deste tipo de aulas. Tanto a telescola como as aulas à distância demonstraram que, ainda que seja possível transmitir conhecimento com recurso à tecnologia, a transição de aulas presenciais para aulas somente digitais é uma realidade que está ainda longe de acontecer.

Além disso, deixando de lado as falhas tecnológicas, não podemos esquecer que os estabelecimentos de ensino não servem apenas para a aquisição de conhecimento, mas também para convívio social. Apesar dos alunos e dos professores demonstrem alguma capacidade de adaptação a aulas à distância, a falta de contacto social sentiu-se assim que o entusiasmo inicial em relação a este tipo de aulas transformou-se, eventualmente, cansaço emocional e desmotivação manifestada por ambas as partes. O ambiente confortável nas salas de aulas ao qual estavam habituados permitia uma melhor comunicação através da linguagem corporal e negociações entre professores e alunos, e, portanto, não pode ser dispensado.

Em conclusão, a tecnologia está numa atualização constante e, eventualmente, a transição das aulas presenciais para aulas maioritariamente é distância será, moderadamente, realizada com sucesso. Para já, devemos concentrar-nos em aproveitar a oportunidade que esta experiência proporcionou para melhorar a qualidade do ensino e preparar os estudantes para desfrutarem da fase laboral com preparação, segurança e confiança.