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Cultura

MEO SUDOESTE: A SURPRESA DE GARRIX E HARDWAY

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Desde madrugada, os portões do MEO SW receberam as últimas fornadas de festivaleiros a embarcar na jornada de cinco dias que estaria para vir. Com as várias zonas do recinto ainda em manutenção, os campistas deslocaram-se, na sua maioria, para a praia ou fizeram do rio, que limita o acampamento, o seu mar.

Enquanto as infraestruturas necessárias ao arranque do festival não se encontraram prontas, tudo à sua volta parecia adormecido. Na aplicação e nas diversas redes sociais foi anunciado um adiamento de meia hora ao início dos concertos, que agora teriam início às 22h, com o DJ Set do português Pedro Cazanova.

Dadas as boas-vindas pela Força Aérea Portuguesa, no motor de quatro aviões de guerra, os primeiros festivaleiros começaram a ocupar a fila da frente do Palco MEO, onde todos os concertos do primeiro dia tiveram lugar.

Vindos de Ourém e Fátima, o grupo de campistas autointitulado “Até à Morte” já tinha as suas mãos no ferro pelas 18h30. Com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, confessaram ser fãs de Dimitri Vegas e Martin Garrix, dois dos artistas presentes no cartaz de dia 6.

O anúncio oficial do cancelamento da dupla de DJ’s greco-belga Dimitri Vegas & Like Mike aconteceu pouco tempo depois e deveu-se a uma “infeção grave nos ouvidos” de Mike, segundo divulgado no Twitter oficial do evento, o que o impediu de viajar. O horário foi, desta feita, reconfigurado e, com ele, anunciada uma nova surpresa: Martin Garrix e Jay Hardway viriam a fechar com uma inesquecível performance Back-to-Back, isto é, um dueto entre os DJ’s.

Nas horas seguintes, a zona que rodeava o palco passou de deserta a preenchida por uma multidão alegre pelo começo dos concertos. À hora marcada pelo novo agendamento (22h30), que agora contava com menos um espetáculo, a organização anunciou o início do “melhor festival de Verão” com grande entusiasmo. O desagrado do público fez-se ouvir quando foi relembrado o cancelamento da dupla de DJs belgas, porém, uma onda de alegria invadiu o recinto mal foi referido o dueto improvisado que se veio a formar nessa mesma noite.

São horas de anunciar, então, “um dos melhores DJs e produtores nacionais”, o lisboeta Pedro Cazanova. Face a um público repleto de energia, o português traz um set constituído por remisturas de grandes hits do pop contemporâneo – como “Locked Out of Heaven” de Bruno Mars e “A Sky Full of Stars” de Coldplay – sem descurar a homenagem a outros profissionais da música eletrónica como David Guetta, Avicii, Calvin Harris, Alesso e a dupla Major Lazer. Os festivaleiros saem, assim, satisfeitos de uma hora e meia de música reconhecida e por eles tão bem conhecida. O DJ sai, de igual modo, orgulhoso do público do seu país, pelo que nos deixa com uma afirmação bastante sentida: “Vocês são lindos!”.

A despedida de Cazanova é colmatada de imediato com a entrada pujante de Jay Hardway, DJ holandês que começou o seu set com escolhas inesperadas, por se tratar de músicas já ultrapassadas (“Apologize” de OneRepublic, “Otherside” de Red Hot Chili Peppers e “Destination Unknown” de Alex Gaudino). O espetáculo evoluiu com abordagens mais intensas a composições mais atuais (“Pompeii” dos Bastille, por exemplo), porém, foi evidente a preocupação do artista com a reanimação de temas atemporais como “Sweet Dreams” dos Eurythmics. O mote “Eat, Sleep, Rave, Repeat”, que se pode encontrar pelas camisolas de muitos dos festivaleiros do SW, é o hino da música eletrónica com o qual o set atinge o seu auge.

À saída de Hardway, o público chamava pelo nome por quem tanto esperava: Martin Garrix. Com apenas 18 anos, o DJ também holandês já havia desenvolvido alguns trabalhos com o anterior, de que são exemplo sucessos como “Error 404” e “Wizard”. O recinto tremeu com a chegada do jovem artista e a multidão foi ao rubro mal ouviu os primeiros sons de “Tremor”. Ao longo de um set intenso, intersetado pelos vocais de “I Love It” das suecas Icona Pop, de “Smells Like Teen Spirit” dos Nirvana ou de “Numb” dos Linkin Park, o público rendeu-se ao espetáculo proporcionado pelo jovem DJ.

É às três da madrugada e ao ritmo de “Animals” que Hardway volta ao palco para atuar ao lado do seu compatriota. A dupla holandesa remisturou hits actuais como “Summertime Sadness” de Lana del Rey, mas também atemporais como “Thriller” de Michael Jackson. O concerto prolongou-se por mais uma hora e prendeu os cansados campistas ao palco até ao último segundo. Hardway ostentou com orgulho a bandeira portuguesa enquanto subia ao palco e Garrix, por sua vez, projetava fumo na direção do seu fiel público. Os cartazes não se baixaram nem houve quem fosse contra os seus sucessivos pedidos: “Put your hands in the air!” (“Ponham as mãos no ar!”). Os dois holandeses pareciam não querer terminar de rodar os pratos, mas decidiram fazê-lo ao som de “Error 404” numa rendição infalível ao ponto de ninguém querer regressar ao seu habitat natural.