Ciência e Saúde
Telemedicina: a inovação prescrita a Portugal em 2020
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a telemedicina como a utilização de tecnologias eletrónicas e de informação para fornecer serviços médicos, sem que o paciente e o profissional de saúde estejam no mesmo local. Permite, então, que a prestação de cuidados de saúde se mantenha de uma forma contínua, tanto ao nível da prevenção, como ao do diagnóstico e tratamento consequente.
Este serviço é essencial no acesso aos cuidados de saúde em situações em que o paciente deve evitar deslocar-se ao centro de saúde ou hospital, como foi o caso do período de confinamento vivido este ano em Portugal. Não só permite responder a situações pontuais, como também o acompanhamento de doentes crónicos, um dos grupos mais afetados pela pandemia. Desta forma, todas as pessoas podem iniciar ou continuar o seu acompanhamento médico especializado desde o conforto da sua casa, a qualquer altura.
A telemedicina permite também a redução de deslocações aos centros de saúde, resultando em menores filas de espera e aliviando as unidades de saúde sobrelotadas. Assim, os doentes que se dirigem ao hospital ou ao centro de saúde tanto podem ser os casos mais graves como podem realizar exames de diagnóstico, tendo um atendimento mais rápido e eficaz.
Por outro lado, a telemedicina é fundamental quando os pacientes não têm possibilidade de se deslocarem às unidades de saúde respetivas, como aqueles que habitam as regiões mais remotas, especialmente no interior. Nestes casos, surge como solução, permitindo consultas de rotina com uma maior facilidade.
Em finais de junho deste ano, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) comunicou o lançamento do Programa de Aceleração Tecnológica na Saúde, que visa fomentar o uso da telemedicina no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este tem como objetivo encorajar os profissionais de saúde a utilizar a tecnologia e as plataformas digitais, com o intuito de facilitar a comunicação médico-doente. No comunicado, o presidente da APAH, Alexandre Lourenço, afirmou que “a pandemia impôs a utilização imediata destes recursos e, por isso, é urgente dotar todos os intervenientes das ferramentas necessárias para que possam ser utilizadas de uma forma eficaz e efetiva. As boas práticas têm que ser partilhadas, de modo a que as mais-valias sejam claras para todos”, referiu.
A primeira consulta de telemedicina realizou-se no século XX, mas foi só no início do século XXI que se realizou a primeira teleconsulta em Portugal. Também neste período houve um enorme avanço da tecnologia, graças ao desenvolvimento das telecomunicações, que possibilitou a evolução da telemedicina. Criaram-se inúmeros projetos, como o HERMES em 1996 ou o DELTASS em 2001. O primeiro teve com o objetivo criar um sistema europeu para a obtenção de informação médicas eficientemente, sendo coordenado pela Universidade de Edimburgo; o segundo permitiu comunicações via satélite, para maximizar a eficiência dos primeiros socorros em situações de catástrofe, quando as instalações terrestres se encontram danificadas.
Face à situação atual, o uso da telemedicina tem vindo a estabelecer-se como o novo normal em Portugal. Segundo a monitorização realizada pelo SNS, desde janeiro a maio do presente ano, já se concretizaram cerca de 16 mil consultas por este serviço. Este número corresponde a mais de metade do número total de consultas registadas em 2019, o que revela uma adaptação relativamente rápida, não só por parte dos profissionais de saúde como dos pacientes.
Artigo elaborado por Francisca Ferreira.