Cultura
Extrazen: “2020 foi um ano de adaptação”
Como surgiu o nome para o projeto? Achas que tem ganho outra dimensão ou outra interpretação desde que foi criado?
Foi algo que surgiu em 2015, quando comecei a fazer música. A pegar nuns beats da internet e a rimar em português. Escrevia umas letras assim à toa. Tinha escrito, numa faixa a dois com um amigo meu de Santo Tirso: “Extrazen AKA Buddha”. Ele, ao fazer as rimas dele, interpretou como se Extrazen fosse o meu pseudónimo, e ficou. Já pensei em mudar algumas vezes mas decidi continuar com o nome. Não tem qualquer tipo de significado por trás, apenas interpretei na altura como parte da letra.
Cada artista passa por momentos de criação mais espontânea e por momentos mais extensos de não criação. Como descreverias o teu próprio processo de criação de cada tema? Começas sempre pela letra, pela harmonia e melodia da música ou é uma ideia que desperta a criação de cada canção?
De um modo geral começo pela ideia inicial que surge para a música. Mas ultimamente tenho começado pela bateria e pelo baixo. Isto dá-me algo pelo qual guiar a música para depois fazer o resto e meter a linha vocal por cima. Uso muito o gravador de voz do telemóvel para gravar as ideias quando surgem. Mas em termos de letra ou música, começo sempre pela música, acho que nunca levei uma faixa até ao fim em que tenha começado pela letra. Tenho por volta de umas 2000 gravações lá de todas as ideias mais instantâneas.
Para este EP que estás a preparar já estás a colaborar com outros artistas, como Kidonov e Lucy Val. Existe alguma colaboração já planeada para álbuns futuros?
Não diria que já está mesmo planeado. Tenho umas cena produzida com o Luar, um produtor algarvio que agora está por Lisboa. Para o EP acho que não vou estar a puxar mais ninguém. Mas há pessoal com quem sei que quero eventualmente colaborar e que já era para colaborar há muito tempo.
Tal como todos os artistas e o setor da cultura, presumo que tenhas sido afetado pela pandemia. Trouxe-te alguma coisa de positivo? Talvez uma reflexão mais introspetiva? Talvez uma nova forma de olhar para o mundo em geral que se reflita nas tuas novas composições?
Acho que foi muito uma questão de adaptação à situação em que estamos. Não estávamos a contar que 2020 fosse como foi. Queríamos dar muitos concertos, estar sempre a fazer música, conhecer pessoas. Foi um ano que disse: “não faças nada disso e agora vais ficar em casa”. Aproveitei para aprender produção. Eu não produzia antes da quarentena, só dava uns toques em alguns beats. Comprei no início do ano algumas coisas para o meu Home Studio que inicialmente seria para gravar apenas e não para produzir. Acabei por usar a quarentena para explorar os programas, a parte da mistura e masterização, compressores, etc. Sendo que não podia sair de casa perguntei-me: o que posso fazer para não estar parado e para quando isto acabar, estar diferente?
Com o desconfinamento o adiamento de alguns espetáculos ao vivo já tem sido agendado para este ano. Quais são as perspetivas que tens em termos de concertos ao vivo? Já tens alguma data marcada?
Concertos marcados, não tenho. Tenho umas propostas para este ano e para o ano que vem. Ainda estamos a avaliar. Acho que será uma coisa que irá surgir eventualmente. Mas ao mesmo tempo acho que ainda é um bocado prematuro para artistas que ainda estão a ganhar nome estar a marcar concertos numa altura destas. Para artistas já estabelecidos já é mais fácil de marcar concertos, mas para pessoal que ainda está a começar e ainda não deu tantos concertos ao vivo quanto isso é um bocado mais complicado. Também não estou muito preocupado com isso, estou mais preocupado em acabar primeiro os preparativos para EP.