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Política

Médio Oriente: Israel, Síria e os Montes Golã

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Ao fundo, Montes Golã, na fronteira entre Israel, Síria e Jordânia
Fonte: Imago/Xinhua/A. Margolin

A declaração surgiu após o comentário feito por Blinken à CNN no dia 8 de fevereiro, em que insinuava que o apoio dos Estados Unidos ao controlo dos montes por Israel não era imutável. 

O secretário de Estado declarou que os montes são ‘’muito importantes para a segurança de Israel’’, mas que ‘’as questões de legalidade são de outra ordem’’. Disse ainda que se a situação mudar na Síria, voltarão a estudar a situação. No momento da declaração, o recém-eleito Presidente Joe Biden ainda não tinha falado com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita. 

‘’A posição de Israel é clara. Em qualquer futuro cenário, os Golã continuarão israelitas’’, disse um alto responsável do gabinete de Netanyahu à agência France-Presse.

Um trunfo estratégico

Os Montes Golã são um planalto de cerca de 1200 quilómetros quadrados, situados na fronteira entre Israel e a Síria, países tecnicamente em guerra . A região também compartilha uma pequena fronteira com a Jordânia.

A cerca de 60 quilômetros da capital síria, Damasco, dão a Israel uma vantagem, tanto para defesa quanto para ataque, uma vez que funcionam como ponto de observação, de onde é possível monitorizar os movimentos militares do outro lado da fronteira, razão pela qual são uma verdadeira barreira de segurança para Tel Aviv.

A sua importância militar justifica que, no passado, também já tenham sido utilizados como base militar pelos sírios, a partir de onde conseguiam bombardear o Estado judeu. 

Mas é a elevada capacidade aquífera que possui, sendo um dos maiores reservatórios de água potável de Israel e alimentando o rio Jordão e o Mar da Galileia, que lhe confere maior relevância geoestratégica. 

A terra da região é muito fértil e produz cerca de 21 por cento do vinho do Estado judáico, abrigando ainda a única estação de esqui em Israel.  

A cerca de 60 quilômetros da capital síria, Damasco, dão a Israel uma vantagem, tanto para defesa quanto para ataque, uma vez que funcionam como ponto de observação, de onde é possível monitorizar os movimentos militares do outro lado da fronteira, razão pela qual são uma verdadeira barreira de segurança para Tel Aviv.

Passado Diplomático

O território foi conquistado em 1967 pelos israelitas na Guerra dos Seis Dias. Atualmente, cerca de 40 mil pessoas vivem na região, das quais mais de 18 mil de nacionalidade israelita. 

Após a ocupação, a maioria dos residentes árabes foi expulsa pelos israelitas, que deram a possibilidade de cidadania aos drusos, ainda que poucos a tenham requerido. 

Além dos drusos, árabes que praticam uma vertente do islamismo, a restante população é alauíta, um ramo do islamismo xiita.

Israel anexou a região ao seu território em 1981 após um tratado de paz com o Egipto, porém essa anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) elaborou duas resoluções que especificam a soberania israelita sobre a região, e a sua consequente anexação unilateral, não têm efeito legal e que violam o direito unilateral.

Em 1973 a Síria tentou reconquistar os montes na Guerra do Yom Kippur, mas apenas conseguiu recuperar uma cidade, após um armistício no ano seguinte. Esse acordo levou à criação de uma espécie de zona-tampão não-militarizada, mantida por uma operação observatória da ONU que serve como linha de demarcação internacional. 

Após a ocupação, a maioria dos residentes árabes foi expulsa pelos israelitas, que deram a possibilidade de cidadania aos drusos, ainda que poucos a tenham requerido. 

 Apoio Norte-americano

No ano de 2000 os países iniciaram negociações diplomáticas bilaterais de alto nível, mas que acabaram por fracassar quando o então presidente sírio, Hafez al-Assad, exigiu que a devolução dos montes ocorresse junto à devolução do Mar da Galileia.  

Em 2013 o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, anunciou que o governo sírio pretendia restaurar a sua soberania sobre os montes, rejeitando formalmente todas as medidas empreendidas por Israel para alterar a geopolítica da região. 

No entanto, a guerra civil na Síria enfraqueceu seriamente a autoridade do país, dando a Israel espaço de que precisava para fazer suas reivindicações sobre as Colinas.   

Em 2013 o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, anunciou que o governo sírio pretendia restaurar a sua soberania sobre os montes, rejeitando formalmente todas as medidas empreendidas por Israel para alterar a geopolítica da região. 

O apoio dos Estados Unidos a Israel não é novo, como não o é o seu interesse na região do Médio Oriente. Em 2017, o ex-presidente norte-americano Donald Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e transferiu a embaixada americana para a cidade, e mais tarde, já em março de 2019, assinou mesmo um decreto que reconhecia a soberania de Israel sobre os Golãs

Cerca de três meses após o reconhecimento americano, Netanyahu viria a batizar um dos colonatos da região com o nome de Trump, em gesto de agradecimento. Nessa mesma altura, a Síria recebeu a decisão do ex-presidente como um ‘’ataque flagrante’’ à sua soberania. 

Artigo da autoria de Maynara Gonçalves. Revisto por José Milheiro e Marco Matos.

 

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