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Sociedade

Guerra na Ucrânia: O início da ofensiva russa no território ucraniano

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Vladimir Putin autorizou na madrugada desta quinta feira uma “operação militar especial” na Ucrânia, com o objetivo de defender os interesses da população de Donbas e Luhansk. “Decidi conduzir uma operação militar especial. O objetivo é proteger as pessoas que, durante oito anos, sofreram o abuso e genocídio do regime de Kiev”, disse o presidente russo durante uma emissão televisiva.

“As circunstâncias requerem uma ação nossa, firme e imediata. As pessoas da República de Donbas pediram ajuda à Rússia”, afirmou Putin, que recentemente reconheceu a independência dos territórios separatistas, encarada como um pretexto de invasão por parte do governo russo.

Poucos momentos após as declarações de Putin, por volta das 5 horas locais, várias cidades Ucranianas foram atacadas, com relatos de explosões em Kiev, Kharkiv, Odessa, Dnipro e Mariupol. Segundo declarações dos serviços fronteiriços ucranianos, em adição aos ataques aéreos, a mobilização de tropas russas a partir da Bielorrússia, da Rússia e da Península da Crimeia concretizam os planos militares do Kremlin atualmente em curso na região.

Áreas dos relatos de ataques ao território ucraniano
Fontes: Institute for the Study of War, Maps4News, Google Maps, CNN repoorting
Gráfico: Henrik Petterson, CNN

“Sei que mais de 40 militares ucranianos foram mortos e várias dezenas ficaram feridos e que há uma dezena de civis mortos”, anunciou o conselheiro do Presidente Ucraniano, Volodimir Zelenskii, em consequência dos ataques aéreos e dos mísseis cruzeiro disparados contra as cidades e infraestruturas ucranianas. Fontes das forças armadas ucranianas declaram o combate à ofensiva russa, com 50 militares russos, aviões, helicópteros e blindados russos neutralizados, enquanto o Kremlin afirma que “Há unidades do Exercito ucraniano e militares que estão abandonar os seus postos em massa, baixando as armas”, disse o Ministério da Defesa russo.

A proliferação de informações falsas e contraditórias incorporam a natureza deste conflito, inclusivamente utilizadas e denunciadas anteriormente à ofensiva russa, como forma de “guerra híbrida“. Nas redes sociais, a partilha de vários vídeos e imagens demonstram os principais centros urbanos e locais de tensão durante ou após o ataque, juntamente com a movimentação de tropas, meios terrestres e aéreos em larga escala.

A reação da população que acordou com as várias explosões de madrugada foi diversificada. Nos principais centros urbanos, muitas pessoas refugiaram-se da fase inicial de ataques nas estações de metro subterrâneas, enquanto outra grande parte da população tenta escapar para as fronteiras oeste do país, pelos seus próprios meios. A morte de civis e o numero de ferimentos entre a população ucraniana foram já registados, com uma tendência a aumentar à medida que o conflito se desenvolve.

O presidente da ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou a lei marcial no seu pais e transmitiu uma mensagem de confiança para a população: “O Exército está a trabalhar. Sem pânico. Somos fortes. Estamos prontos para tudo. Vamos derrotá-los a todos.”

A comunidade internacional já reagiu e condenou as mais recentes ações militares russas na Ucrânia. Representantes dos EUA, da NATO e de países europeus vão se reunir para discutir as medidas que vão ser aplicadas, com um provável reforço de fortes sanções economicas, em adição às que já tinham sido aplicadas recentemente.

“A Rússia, sozinha, é responsável pela morte e pela destruição que este ataque vai trazer, e os Estados Unidos e os seus aliados e parceiros vão responder de forma unida e decisiva”, reagiu o presidente dos EUA, no Twitter.

“Não vamos permitir que o Presidente Putin derrube a arquitetura de segurança da Europa. Ele não deve subestimar a determinação e a força das nossas democracias. A União Europeia apoia a Ucrânia e a sua população. A Ucrânia vai prevalecer”, afirmou a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A NATO ativou esta manhã  planos de defesa que visam reforçar a  presença da aliança militar no Leste da Europa. “A Rússia atacou a Ucrânia. Trata-se de um brutal ato de guerra. Este é um momento fundamental para a nossa segurança”, justifica o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

O Primeiro Ministro português, António Costa, condena de igual forma o ataque militar russo, manifestando que os seus “pensamentos estão com o povo ucraniano perante este ataque injustificado e lamentável”. Ao mesmo tempo, anuncia uma reunião com o ministro dos Negócio Estrangeiros,  o ministro da Defesa e o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas do país.

A Rússia já ameaçou que qualquer mobilização de tropas internacionais no território ucraniano contra a ofensiva russa seria severamente combatida. “Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, disse o líder russo.

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, negou que a Rússia pretenda ocupar o país e indicou que “a operação especial em curso” das Forças Armadas russas tem como objetivo a “desmilitarização” do país, e a “neutralização” do seu potencial que diz ter vindo a crescer com a ajuda de países estrangeiros. Refere inclusivamente que o Kremlin está pronto para negociar o estatuto neutro da Ucrânia, juntamente com recusa de colocar mais armas no seu território, que correspondem precisamente com exigências anteriores à invasão do governo russo.

 

Rússia e Ucrânia, a origem e explicação do conflito

 

O ponto de situação atual do conflito é incerto e vai certamente evoluir ao longo das próximas horas. As forças separatistas avançaram sobre localidades próximas da linha de contacto, com o objetivo de controlar o território reivindicado pelas duas republicas reconhecidas pela Rússia. Confirma-se a ocorrência combates intensos travados entre as forças ucranianas e russas na fronteira. Simultaneamente, o bombardeamento de checkpoints na região de Donbass continua, apesar da ausência de um registo numero de baixas. Através da Bielorrúsia, as tropas russas aproximam-se da capital Kiev, com o aeroporto militar de Gostomel, perto de Kiev, sendo bombardeado de manhã. No sul, a cidade de Mariupol, que representa um importante ponto estratégico de acesso ao Mar Negro e ao Mar de Azov, foi também alvo de combates e bombardeamentos. Os últimos relatos apontam também para confrontos na zona de exclusão de Chernobyl.

 

Escrito por Vicente Oliveira Ribeiro.

Revisão por Beatriz Oliveira.

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