Artigo de Opinião
O Clima e a Eco-Ansiedade
Já todos sabemos que vivemos num tempo de crise e emergência climática. Presenciamos debates sobre esta matéria constantemente e, inclusive, é um dos temas mais falados do século XXI. Damos muita importância, e bem, às consequências físicas, mas pouca às consequências do foro psicológico.
Na realidade, é muito difícil fugir da crise climática, visto que, numa grande parte do mundo, ouvimos soar os alarmes do estado de emergência. Mas para compreendermos as consequências que se refletem no comportamento humano, é necessário sabermos o que isto é. Essencialmente, o estado de emergência climática reconhece a gravidade da ameaça provocada pelo aquecimento global e pode ser dividido em dois subtemas. Primeiro, traduz-se na necessidade dos governos reconhecerem isto como um problema tanto nacional como internacional, uma vez que afeta tudo e todos. Em segundo, representa a corrida dos cientistas e especialistas para encontrarem soluções eficientes para o problema agravado.
Contudo, como referido anteriormente, especialistas e psicólogos têm notado que as consequências não são apenas físicas e no meio natural, mas também se refletem na saúde mental humana. A este novo problema, no ramo da psicologia, foi dado o nome “eco-ansiedade” ou “ansiedade climática”. Apesar de ter surgido como uma nova preocupação no mundo da psicologia, ainda existe uma grande falta de exploração dos efeitos psicológicos, mas já existe alguma informação que nos possa esclarecer um pouco mais.
O que é a Eco-Ansiedade e quem afeta?
Com base na definição do APA (American Psychology Association), a eco-ansiedade é ” o medo crónico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto (…) das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras“.
De acordo com pesquisas feitas nesta área, apesar de ser uma doença mental que afeta qualquer pessoa, tem sido observada uma prevalência nos jovens, especificamente entre os 10 e os 24 anos de idade. Para justificar este aumento, podemos ter em conta um progressivo aumento da pressão, nomeadamente psicológica, nas gerações mais novas.
Quais são as causas? Como é que afetam o ser humano?
Tal como indica o nome, a ansiedade climática tem como principal causa as preocupações ambientais e as consequências “naturais” desta crise. Como exemplos temos o aumento de fenómenos extremos na natureza – da seca, como se tem observado em Portugal, da escassez de água, entre outros.
Por ser também uma doença do foro psicológico, os sintomas variam de pessoa para pessoa. Contudo, é possível apontar os sintomas mais frequentes, que incluem stress, depressão, ataques de pânico, pensamentos intrusivos, e muitos mais. De todos os sintomas, tem existido um aumento de ataques de ansiedade e de pensamentos intrusivos, que são, por definição, pensamentos indesejáveis e intensos que podem aparecer sem aviso, aumentando as inseguranças pessoais.
Métodos para lidar com a eco-ansiedade
Na verdade, quem sofre ou já sofreu nas mãos de uma doença mental, sabe que não é fácil viver com uma e, quase sempre, é difícil de lidar com isso. Contudo, é sempre bom sabermos métodos que nos ajudam e, o mais importante, sabermos que não estamos sozinhos nessa “luta”. No que está relacionado com pensamentos intrusivos, estes podem levar a que a pessoa tenha medo de si própria, visto que não são pensamentos racionais.
Por isso, o que devemos fazer?
- Procurar a ajuda de um especialista. Para além de compreenderem a matéria, os psicólogos podem introduzir mecanismos e formas de controlar os pensamentos intrusivos, trocando os negativos pelos positivos.
- Aceitar a presença destes pensamentos e da ansiedade. Ignorar, apesar de aliciante, pode vir a agravar o problema, pois não o estamos a resolver. Muitos especialistas recomendam aceitar os pensamentos tal como eles são e partir daí.
- Iniciar conversas sobre a saúde mental. Na verdade, quanto mais falamos dos nossos problemas, mais começamos a perceber que somos nós que os controlamos, e não ao contrário. A conversa sobre a saúde mental é sempre importante para criar um ambiente de partilha e união.
Para concluir, é sempre importante saberes que não estás sozinho/a. Muitos sofrem nas mãos das doenças mentais e, cada vez mais, nas mãos da eco-ansiedade. Não tenhas medo de procurar ajuda, há sempre quem te compreende.
Artigo da autoria de Joana Leite