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Opinião

Sugestões literárias de abril

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Apesar dos tempos caóticos que vivemos, o que não poderá nunca faltar são os livros. Para os amantes de biografias, tenho apenas duas sugestões para o mês de abril. Destacam-se, claramente, dois democratas ocidentais com personalidades marcantes para a história mundial.

Aliados da democracia e da paz entre os povos, chegam até nós “A Chanceler – A notável odisseia de Angela Merkel”, por Kati Marton, e “O Fator Churchill – Como um homem fez história”, do antigo jornalista e atual primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

Pelas mãos da jornalista húngara-americana e ex-correspondente da ABC News, Kati Marton, conhecemos a infância, adolescência e a ascendência ao mais alto cargo da política alemã de Angela Merkel – aquela que ficará certamente na história como uma das grandes líderes do mundo livre. Vemos o nascer de uma estrela política. Mutti (a mãezinha), apelidada carinhosamente pelo povo alemão, passa da menina tímida da Alemanha oriental, criada no opressivo ambiente do partido comunista russo, da antiga URSS, para uma líder inesperada. Percebemos o molde do barro forte que se viria a tornar. Uma líder inesperada do ocidente que se mostrou aberta ao diálogo mesmo entre os seus pares e opositores, detentora de um carisma introvertido e de uma notável habilidade de negociação e perseverança. Um livro que nos mostra o lado mais privado e humano de Merkel. Lado esse que também pode existir na política e no serviço pelo país e pelo mundo.

É um excelente livro que mostra um bonito percurso de vida – uma vida que, apesar de cheia de peripécias e de encontros com personalidades também elas grandiosas, como a Rainha do Reino Unido ou o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Obama, nos mostra que Merkel não se deixa encantar tão facilmente pelos encantos cegos do poder. Apesar de algumas revoltas e críticas para com as políticas que tomou ao longo do seu percurso político, a palavra que melhor a define será, certamente, estabilidade, o que nem sempre é sinónimo de inovação.

A segunda sugestão, também uma biografia, fora escrita integralmente por Boris Johnson a pedido da família Churchill. Apesar do pesado fardo histórico que o legado de Churchill deixou, Boris tem uma escrita bastante descontraída, limpa de títulos nobiliárquicos e que é acessível aos demais. Sempre muito bem-humorado, com trocadilhos e factos históricos interessantes. Nesta obra, ficamos a perceber o percurso do pai do mundo livre. Dos momentos e decisões cruciais e de uma enorme resistência contra o fascismo que assombrava o mundo de outrora.

Irónico ou não, aquele que fora em vida um dos pensadores de uma Europa unida, teria desgosto ao saber do desenrolar do percurso que o seu país decidiu tomar. Contudo, Churchill teria também orgulho em saber que o Reino Unido continua forte e igual a si mesmo. Independente, não isolado, sempre pronto a ajudar os outros, principalmente os seus aliados. No decorrer do livro, encontramos ainda fotografias um tanto reveladoras, fornecidas pela família Churchill. Fotografias essas de momentos mais descontraídos, e outros mais sérios. Desde um simples mergulho na praia ou Churchill entre o povo nos destroços da segunda guerra mundial.

Em tempos incertos e de ridículos nacionalismos, entrego aqui estas duas simples sugestões. Porque ser patriota é também  enaltecer “o amor dos outros pelas pátrias respetivas e perceber que só na pluralidade das pátrias floresce verdadeiramente a sua.”

Artigo da autoria de Diogo de Sousa

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