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Artigo de Opinião

Às voltas no círculo vicioso da história

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Obcecados com o desejo de poder, os seres humanos tendem a perseguir a delimitação da sociedade, a regulação de tudo o que os rodeia e a determinação de uma resposta conveniente para cada problema. Têm tentado fugir à crua realidade de que são meros mortais, de que as suas mentiras não alteram a verdade. Por isso, tentam ofuscar a luz alarmante de uma história repetitiva com nuvens de fumo, manchas de dióxido de ilusão que tingem o ar e tapam a visão dos menores de mente. Pensam-se tão grandes e, no entanto, continuam a cometer os mesmos erros aos quais dedicam tanto tempo de estudo e condenação. Dizem-se virados para o futuro, porém encontram-se acorrentados ao passado, talvez com medo de serem destronados do seu pedestal de narcisismo.

A cada volta ao sol que damos, estamos mais próximos da barbaridade seguinte que outrora teria vindo impressa em papel ou passada de boca em boca, no entanto, hoje em dia é-nos exposta numa tela digital do tamanho das nossas mãos. Os problemas são-nos apresentados na palma da mão agora sufocada pela outra que tenta comprimir a imensidão de tanto caos. Comprimidos, esmagados são também os sonhos daqueles que acreditavam num futuro melhor, imagem borratada que se vai tingindo com as cores degradantes do tempo.

Vivemos num círculo infindável de catástrofes e, mesmo que haja passageiros conscientes do real, o condutor deste comboio de paisagens repetitivas tenderá sempre a apaziguar a sensação de repetição com palavras de insegurança. Como se fossemos marionetas, somos moldados para pensar de determinada maneira e coitados daqueles que são arrastados para uma mente acanhada e sem autonomia.

Vivemos às voltas, ensinam-nos as desgraças da história enquanto não tão longe de nós se passam atrocidades do mesmo calibre. Fala-se de passado, mas ao lermos a história prevemos o futuro de um mundo que grita por ajuda, sufocado pelos gritos daqueles que passam pelo pior, não só na nossa sociedade ocidental, muito pelo contrário. Que tendência a nossa de só dar atenção ao que nos poderá afetar, a hipocrisia que infeta cada um de nós espelhada em mensagens de encorajamento das redes sociais, copiadas e coladas, fotocopiadas como tantas mentes que por aí andam.

Chega de culpar o mundo porque ‘é normal, a história repete-se’. Não é normal, é a catástrofe optada pelos humanos, são as palavras, que por muito que sejam algo poderoso, não passam de letras conjugadas se não passadas à ação.

Artigo da autoria de Joana Oliveira

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