Desporto
Hóquei em Patins: FC Porto consegue triunfo arrancado a ferros
A precisar de reagir depois de duas derrotas consecutivas em clássicos, o Futebol Clube do Porto enfrentou o Hóquei Clube de Braga, orientado pelo antigo jogador e treinador da equipa portista, Tó Neves.
Entre ferros e Nélson Filipe nada passou na primeira parte
Desde cedo na partida que o FC Porto estabeleceu aquela que viria a ser a tónica do jogo: atacar, atacar, atacar. Logo nos primeiros cinco minutos de jogo, os “azuis e brancos”, por via de Gonçalo Alves e Rafa (ambos em duas ocasiões) testaram a atenção e os reflexos de Nélson Filipe, veterano guardião português que esteve afastado uma época por lesão e se exibiu a grande nível. Ainda neste período de tempo, o regressado capitão portista, Reinaldo García, iniciou a contagem de bolas ao ferro, depois de acertar na trave da baliza adversária.
O HC Braga, que entrou em falso no jogo, continuava a sofrer para manter a igualdade, e foi Nélson Filipe quem deu o corpo ao manifesto para travar a investida de Carlo di Benedetto. Pouco depois, à passagem do minuto nove, Rafa executou um belíssimo remate ao ângulo que voltou a ser bloqueado pela envergadura de Nélson Filipe. No contra-ataque, Vítor Hugo chamou pela primeira vez ao jogo o guarda-redes Xavi Malián.
No entanto, os portistas não mostravam intenções de abrandar o seu caudal ofensivo e, numa questão de poucos minutos, criaram várias oportunidades de muito perigo para a baliza de Nélson Filipe, que continuava a responder à altura. E quando não o fazia, contava com a ajuda dos postes. Carlo di Benedetto e Gonçalo Alves, este último após uma boa movimentação para dentro, atiraram com selo de golo, mas em ambas as ocasiões o esférico beijou os ferros da baliza contrária. Eram já 3 as bolas nos postes por parte dos dragões.
Depois de uma avalanche atacante tão forte por parte da equipa da casa, foi Rúben Pereira dos minhotos quem, a passe de Tiago Almeida, esteve perto de gelar o Dragão, isto após aproveitar uma desatenção defensiva por parte da formação da Invicta. Ainda assim, o português tremeu frente a Xavi Malián e o resultado não se alterou.
Depois deste lance, e até final do primeiro tempo, os “azuis e brancos” voltaram à carga e com força, protagonizando mais uma mão cheia de chances flagrantes, entre as quais mais duas bolas ao poste para a contagem, desta feita da autoria de Ezequiel Mena, após perfumada jogada individual, e Carlo di Benedetto, que apareceu a desviar disparo de longe da autoria de Gonçalo Alves. Certo é que o marcador se manteve igual ao início da partida e os jogadores recolheram aos balneários com um empate a zero.
Ritmo acelerado com ascendente dos portistas
Os segundos 25 minutos começaram como os primeiros – pouco mais de 60 segundos se tinham jogado quando Carlo di Benedetto executou uma picadinha que só parou no poste da baliza contrária, somando assim a terceira bola aos ferros da conta pessoal e a sexta da equipa.
Apesar da ineficácia, os “azuis e brancos” não tiraram o pé do acelerador e aos quatro e cinco minutos Rafa e Carlo di Benedetto, respetivamente, voltaram a “stickar” em direção às malhas bracarenses, mas Nélson Filipe negou-lhes uma vez mais o sabor do golo. Na resposta, o sempre ameaçador Vítor Hugo desferiu um remate a tirar tinto ao poste da baliza defendida por Xavi Malián.
O jogo foi, desta forma, caminhando para aquilo que parecia ser um ciclo vicioso – remates dos portistas para defesa de Nélson Filipe ou então a esbarrar nos postes da baliza defendida pelo português – como foi o caso aos oito e nove minutos do segundo tempo. O único a intervir neste ciclo do lado dos minhotos era Vítor Hugo, que volta e meia aparecia com veneno no “stick” para obrigar Xavi Malián a grandes defesas.
Contudo, tudo mudaria quando, ao minuto 14, após um remate absolutamente espetacular de Rafa entre as pernas e de costas embater com violência na trave da baliza visitante, se gerou a confusão na área bracarense e o árbitro assinalou grande penalidade a favor do FC Porto por infração de Nélson Filipe. Chamado à responsabilidade, o matador Gonçalo Alves não hesitou em disparar uma autêntica bomba que só parou no fundo das redes, para alívio de todos os portistas. 1-0 no marcador.
Não obstante, o jogo, esse, continuava bem vivo, e o HC Braga abriu-se mais em busca do empate. Tiago Almeida e Rúben Pereira protagonizaram lances traiçoeiros, travados com distinção por Xavi Malián. Ainda antes desta última investida, Telmo Pinto manteve Nélson Filipe em alerta com um tiro cruzado a dez minutos do fim.
À entrada dos últimos minutos , a intensidade do jogo atingiu níveis muito elevados, com ambas as equipas à procura do tento decisivo. E foi o FC Porto quem prevaleceu na insistência. Se, a quatro minutos do fim, Ezequiel Mena tinha avisado em situação de um para um com o guarda-redes, Reinaldo García não perdoou e, dois minutos depois do seu companheiro, serpenteou a defensiva do HC Braga para picar a bola por cima de Nélson Freitas de maneira perfeita e alcançar o golo que a comitiva da casa tanto procurava. 2-0 era o resultado.
No último minuto de jogo ainda houve espaço para emoções fortes. Tó Neves, treinador do HC Braga, foi admoestado com cartão azul após protestos e deu a Gonçalo Alves a chance de bater mais um livre direto. Na conversão, o avançado português voltou a sair por cima de Nélson Filipe para fazer o 3-0. Apesar disso, o marcador final só seria fixado a dez segundos do apito final, quando Tomas Korosec apareceu fulminante a finalizar para o fundo da baliza. Desta forma, o resultado ficou fechado em 3-1.
Na análise ao encontro, Tó Neves, treinador do HC Braga, falou numa “muito boa exibição” do seu conjunto, tendo manifestado ainda “bastante orgulho da imagem da sua equipa”. Na entrevista houve ainda tempo para pedir desculpa pelo comportamento que sentenciou, no seu entender, a partida, admitindo ser “difícil ficar calado” perante certas situações. Por fim, salientou que, para a formação minhota, “cada jogo é uma final” e é importante “garantir a manutenção”.
Já Ricardo Ares, treinador espanhol dos campeões nacionais, assumiu que “faltou um pouco de tranquilidade na finalização”, mas não deixou de expressar o seu contentamento. Para concluir, o técnico da equipa portista afirmou que o FC Porto queria “dar a vitória aos adeptos”, dizendo que “nem sempre é possível fazer bons jogos, mas o importante é mesmo conquistar os 3 pontos”.
Posto isto, FC Porto e HC Braga somam agora os mesmos três pontos e têm pela frente adversários complicados na próxima jornada. Os dragões visitam a casa do Associação Desportiva de Valongo (AD Valongo), já os minhotos recebem em Braga o Sport Lisboa e Benfica (SL Benfica).
Artigo da autoria de João Pedro Pereira.