Connect with us

Artigo de Opinião

“A GERAÇÃO CUJA CORAGEM MERECE SER GRAVADA A FERRO E FOGO.”

Published

on

Diogo Rodrigues da Silva

Diogo Rodrigues da Silva

Numa semana em que a população jovem tem merecido algum destaque nos media, seja porque saíram os sempre tão aguardados resultados das candidaturas ao ensino superior, seja pelos dados caricatos que desses resultados se obtiveram, ou ainda pelas conclusões obtidas pelo estudo anual “Education at a Glance” levado a cabo pela OCDE, urge discutir os temas que vão sendo iminentemente levantados e apreciar aquilo que são as consequências de uma crise que se instalou e se recusa a recuar.

Pois bem. Parece que, para muitos, esta semana foi um tira-teimas em relação àquilo que se vinha discutindo serem as consequências na população jovem de uma crise que esta não criou. Certo é que, segundo o estudo da OCDE que comecei por elencar, 17% da população jovem entre os 15 e os 29 anos, se encontra “inativa” e psicologicamente descrente em relação ao seu futuro profissional (ou, diria apenas, em relação ao seu futuro), sendo descrita como uma “população adormecida”. Depois de ler este estudo, senti-me quase revoltado com a forma como se descreve uma população de pessoas a quem posso chamar somente de Heróis! Heróis, porque num tempo difícil como este, em que os recursos económicos, ou não, são tão escassos ou provêm dos tão necessários “Paitrocínios” (perdoem-me a “brincriação” vocabular), do pouco fazem imenso, do pequeno fazem enorme! Heróis, porque num tempo em que os individualismos se acentuam, as mãos continuam a ser dadas e a solução continua a ser o “um por todos e todos por um” honrado e digno!

No entanto, não querendo eu fugir ao tema que iniciei, parece que se descobriu através deste estudo, com alguma estranha surpresa, que a população aí enquadrada se encontra com os níveis de confiança no limiar mínimo e que prefere agora, fazendo uso do seu livre arbítrio, não integrar as universidades e manter um nível de formação menos elevado. Procedendo deste modo, não corre o risco de ter um diploma na mão (que representa o sacrifício de mais do que uma pessoa) e de ser acusada de ter demasiadas competências académicas para a prática de algumas profissões (as únicas onde ainda se vai conseguindo um emprego) e, dessa forma, obter um salário, uma simples fonte de rendimento para um dia eventualmente ter uma vida estruturada, ao contrário do que vinha sendo normal, que era investir na formação académica.

Trazendo à praça, agora sim, o tema dos resultados das candidaturas da 1.ª fase de acesso ao ensino superior, e pensando naquilo que em cima já referi, parece que o desastre que ocorreu nos cursos que normalmente têm maior taxa de concorrentes (e vagas) é resultado de uma atitude amorfa da população jovem que, reagindo ao panorama atual, se começou a encaixar nas pequenas brechas do mercado de trabalho e reparou, com toda a sapiência, que das duas, uma, ou conseguia atingir um patamar de conhecimentos que permitisse estar à frente de todos, ou podia poupar-se e viver uma vida mais simples, praticando uma profissão que lhe desagrada mas que vai permitindo a sobrevivência. E quer-me parecer que andamos todos, tristemente, a querer sobreviver.

Mas, para quem a esta altura pensa que faço uma crítica, gostava de esclarecer que este é um enorme elogio à inteligência de uma população jovem que avaliou bem e se adaptou bem ao que a sociedade proporciona. A formação académica cada vez mais cara determina que apenas alguns cheguem ao tal patamar de destaque que atrás referenciei, fazendo uma seleção económica e não somente de competências. Certo é que por esta seleção passa muita qualidade e que, ainda que desperdiçando tantas mentes tão brilhantes, se possa esperar um futuro risonho. Esta é uma população jovem à espera de oportunidades, mas sobretudo que faz a oportunidade. É uma população jovem, melhor, mais forte, que da minha humilde perspetiva, nenhum estudo nem conversa irá entender até ao dia em que se compreenda que esta população jovem enfrenta uma epopeia e que “estes” são Heróis bem despertos!

Save

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *