Devaneios
A Recepção
Olá, tá tudo?
Então, dizem que tudo aquilo que é feito pela primeira vez tem um sabor mais “marcante”. Afinal, a primeira impressão é a que fica. E hoje, talvez, vocês tenham um tantinho das minhas impressões aqui. Ou melhor, é exatamente por isso que eu estou aqui: para dar as minhas impressões. A vista disso, porque não começar dando a vocês algo sobre mim?
Quando tive que pensar no que escrever de primeira, eu fui lentamente tomado pela minha [caótica] retórica acerca do que seria relevante o bastante para se escrever aqui; e que, de quebra – como agora –, fosse capaz de ficar a cargo de gerar reflexões e burburinhos nessa pracinha virtual. Sim, a ideia dessa editoria é despertar a opinião e o pensamento critico de vocês sobre tudo a todo lugar ao mesmo tempo.
Por isso, foi com todo esse conflito deontológico, que eu justamente consegui chegar à conclusão de que o primeiro texto devia, literalmente, falar sobre quem vos escreve.
“Mim” (risos). E antes que digam que é narcisismo, como é que cês vão querer ler alguém que nunca nem viram? — e suponho que a foto que assina este texto, tenha sido estrategicamente selecionada para mostrar uma versão arrojada de mim. E mais, quem numa sociedade estético-digital não quer ser lido como interessante?
Antes de tudo, antes de escrever sobre as minhas opiniões — e ainda vamos falar nesse texto sobre a importância de se ter uma —, antes disso, quero pedir para todos vocês, leitores e transeuntes digitais do Jornal Universitário do Porto, que se portem enquanto leitores abertos ao diferente. Afinal, existe uma carga cultural muito forte em minha escrita. E isso significa dizer que, como já tive a infeliz sorte de ouvir, carrego o “sotaque brasileiro” comigo.
Então, a primeira regra para se poder ter opinião é saber respeitar a opinião do outro. É saber ouvir. Toda opinião primeiro entra para depois poder sair, entende? A minha cultura literária enviesada, já erroneamente definida como “sotaque”, vai sempre estar presente nos textos. E espero que isso seja visto como uma troca cultural. Ou, para os mais achegados, um reencontro com a língua portuguesa. Espero que não tenhamos problemas com intolerância e/ou xenofobia, isso é [deveria ser] muito démodée.
Vejamos, o mundo é movido por dúvidas. Tudo que “surge” na sociedade, métodos, tecnologias, ferramentas; enfim, o mundo literário das coisas e do humano em todas as suas performances comportamentais, exatamente tudo surgiu por causa das inquietações. E toda inquietação, que também parte de uma duvida, é movida pela construção de uma opinião que pode se manifestar também em ideias e ideais, é bom saber disso também.
Por isso, você deve buscar sempre ter a sua opinião, desde que ela não seja sempre aquela velha opinião formada sobre tudo. Mas isso é assunto para outro texto.
A verdade é que o mundo digital colaborou muito para a construção de um agente social que atua ativamente na internet. Aquelas pessoas que estão sempre manifestando a sua opinião, comentando e compartilhando. E nem vou comentar dos grupos de WhatsApp. Estou falando dos prosumer, você conhece esse termo?
No jornalismo, o cidadão prosumer é aquele que consegue consumir e produzir conteúdo simultaneamente. Sim, um digital influencer pode ser considerado um cidadão prosumer. Assim como todas as pessoas que acessam e interagem nas redes sociais, produzindo e interagindo com as narrativas visuais uns dos outros, manifestando as suas opiniões e levantando questões. E isso inclui assuntos frívolos, irrelevantes e, infelizmente, discursos de ódio.
Fake News, Pós-Verdade. Estes conceitos que surgiram a partir da efervescência de opiniões online. Hoje, todo mundo tem algo a dizer. E isso é bom, desde que não ataque a integridade do outro. Nenhuma opinião deve ser sustentada apenas no que eu acho sobre aquilo. Afinal, “cada ponto de vista é a vista de um ponto”.
Logo, nem tudo é realmente só aquilo que você consegue ver. Melhor, as vezes você só consegue ver um reflexo daquilo que nem é o objeto em si. É bem o mito da caverna de Platão.
Entendo, você agora deve estar se perguntando: “aonde ele quer chegar com tanta coisa?”. A minha ideia nesse texto de hoje é manifestar a minha opinião sobre a necessidade de que mais pessoas com opiniões que divergem da superestrutura (Karl Max), possam ocupar espaços como este e se manifestarem cada vez mais. Lembre-se de que a mudança do mundo é pedagógica. E toda opinião se constrói a partir da educação.
Então, sejam bem-vindos a algo que ainda está em construção. E eu não quero ser falador logo no primeiro texto. Mas pode esperar, muito ainda estar por vir sobre o mistério do planeta.
Artigo da autoria de Ícaro Machado