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Educação

Envelhecer saudável: Duarte Barros leva o movimento aos idosos

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Duarte Barros é estudante do Programa de Doutoramento em Atividade Física e Saúde da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). O Prémio Cidadania Ativa, atribuído no passado mês de março, reconhece o seu contributo na área do Desporto, Saúde e Bem Estar, pelo projeto “Observatório da Pessoa Idosa”, no qual coordenou uma equipa de ex-estudantes da FADEUP. Com vertentes de investigação e intervenção, este projeto envolveu utentes de várias Estruturas Residenciais Para Idosos (ERPI) no concelho de Vila Nova de Gaia, promovendo o exercício físico no envelhecimento saudável.

“Tenho uma área específica, que sempre foi trabalhar com a população mais velha, idosa, e sempre tive esta ideia de trabalhar com os que estão nas instituições, nos lares, porque são a população mais fragilizada.”

Durante a conversa com Duarte, descobrimos que a motivação para este tipo de trabalho precede o projeto. “Tenho uma área específica, que sempre foi trabalhar com a população mais velha, idosa, e sempre tive esta ideia de trabalhar com os que estão nas instituições, nos lares, porque são a população mais fragilizada.”

Previamente, havia participado em projetos na área do envelhecimento, todos focados nos idosos residentes na comunidade, e foi assim compreendendo que para esta subsecção da população “já existe muito a ser feito”, enquanto “as pessoas que residem nas instituições não têm as mesmas oportunidades”.

O “Observatório da Pessoa Idosa” consistiu, numa primeira fase, no estudo da população e na aceção daquilo que estava em falta. “Com estes dados objetivos que obtivemos, decidimos «Vamos aos órgãos de poder local, que têm o poder para fazer aqui a mudança, vamos falar com eles e apresentar os dados, e depois dar também algumas opções».”

Numa segunda fase, Duarte e o seu grupo selecionaram os idosos mais fragilizados e iniciaram um programa de exercício físico com essa população. Os resultados que obtiveram não se limitaram a melhorias das capacidades motoras das pessoas visadas, mas a progressos também visíveis no seu estado emocional.

O projeto teve a duração de dois anos. Porém, as mudanças de que foi motor exigiam que não se ficasse por um único programa, cujos efeitos se extinguissem com a passagem do tempo. Assim, os investigadores iniciaram uma nova fase que excedeu a original. “Quisemos [eu e o meu grupo de investigação] ir além disso e entrámos em contacto com as instituições, com a câmara, para tentar dar um seguimento a nível de impacto social”, explica.

Fizemos uma campanha de sensibilização pelas diversas instituições, demonstrando que se pode melhorar alguns aspetos da vida destas pessoas.” Esta sensibilização permitiu obter “financiamento e neste momento estamos a atuar nas diversas instituições do concelho de Gaia, nos diversos domínios”.

Foto: Projeto “Mais Anos, Mais Saúde”

Este novo projeto, denominado Mais anos, Mais saúde, iniciou em fevereiro de 2023 e conta com uma equipa multidisciplinar que atua nas áreas da nutrição, do exercício físico e da intervenção social. “Estamos também a capacitar, a dar algumas ações formativas e informativas à equipa técnica e aos funcionários de forma a sensibilizá-los para diversos fatores que nós achamos que têm impacto direto na qualidade de vida dessas pessoas”, afirma Duarte. “O projeto tem a duração de dois anos, a nossa ideia é dar ferramentas às instituições” para que possam perpetuar a mudança.

No futuro, espera que este tipo de atividades sejam parte integrante do modelo de cuidados, e que este sistema possa ser expandido a outros locais.

O estudante confirma a existência da ideia pré-concebida por parte dos idosos, e até das instituições, de que o exercício físico não é recomendado para a população idosa. “Isto é completamente errado e é até contra a saúde da própria pessoa”, garante. Isto levou a alguma resistência inicial aos cuidados. Para a ultrapassar, a equipa chegou a convidar “os órgãos de poder local a assistirem às sessões”, o que permitiu que percebessem “que realmente pode ser feito, é benéfico e os próprios utentes gostaram”.

Para quem esteja interessado no voluntariado com idosos, Duarte deixa alguns conselhos. “Trabalhar com esta população é desafiante, estamos a falar de uma população muitas vezes a abandonada pela família (…), portanto a nível psicológico muitas vezes estão com estados depressivos”, afirma. “Há todo um trabalho por fora que tem de ser feito, porque eles têm uma carência afetiva muito grande.”

Foto: Ana Costa

Lembra ainda que “esta população merece todo o respeito e dedicação” e que “são uma fonte riquíssima de conhecimento”. A sua recomendação é que quem o fizer, o “faça por gosto. Obviamente que não é um caminho fácil”, admite. “Vão sentir-se, como eu me sinto muitas vezes, impotentes em mudar e fazer mais”. Contudo, sabe que o seu gosto pelo que faz compensa esses momentos.

Em relação ao Prémio Cidadania Ativa, Duarte comenta que não atua pela necessidade de reconhecimento, mas pela vontade de ser agente de mudança. No entanto, considera que este prémio “permite demonstrar que temos que ir além do que é limitado pela academia e pela universidade”. Acrescenta: “Há um reconhecimento de uma grande instituição, que é a Universidade do Porto, e também a validação do percurso que tenho vindo a fazer nos últimos anos”, percurso esse centrado em projetos “na área do envelhecimento, um dos desafios da sociedade atual”.

A entrevista completa de Duarte por ser assistida no canal de Youtube do JUP.

Os dados finais do estudo do “Observatório da Pessoa Idosa” serão partilhados no site da Câmara Municipal de Gaia em julho.

Para saber mais sobre o projeto “Mais Anos, Mais Saúde”, pode consultar o Facebook e o Instagram.

 

Artigo escrito por: Ana Pinto

Editado por: Inês Miranda

Conteúdo Multimédia por: Ana Costa (vídeo e fotografia)