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Educação

Nota 20: Miguel Cruz e a paixão pela Biologia

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Miguel Cruz, um dos novos estudantes de Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), é um dos “três vintes” da UP. Apaixonado por dinossauros quando era jovem e amante da diversidade de espécies que habitam a natureza, o estudante sabia que a Biologia era a área que mais lhe interessava aprender. Assim, escolheu a Universidade do Porto para o fazer, pois “não fazia sentido outra coisa”.

À conversa com o JUP, Miguel fala das suas expectativas, receios e objetivos para os próximos anos, bem como do sucesso para uma boa média no Secundário.

Estás prestes a iniciar uma nova etapa da tua vida. Quais as tuas expectativas para este novo percurso académico? E os teus maiores receios?

Eu não sou uma pessoa de criar expectativas, prefiro não pensar muito adiantado, mas a universidade é um bocado diferente – é todo um mundo novo. Então, é impossível não criar expectativas. Espero que corra tudo bem, como correu até aqui, que principalmente aprenda muito, mas também que cresça como pessoa e que encontre novas pessoas, faça novas amizades e explore o mundo académico além dos estudos. Acho que o meu maior receio é ser largado no meio de um novo mundo, ficamos sempre um bocado atordoados com toda a informação nova, não sabemos muito bem onde nos dirigir para fazer esta coisa ou aquela. É o medo do início, um medo que passa ao fim de algum tempo, e por isso tento não lhe ligar muito.

Com a tua nota de ingresso poderias ter escolhido qualquer universidade. Assim sendo, o que te fez escolher a Universidade do Porto?

Eu moro aqui perto, sou da Maia e, por isso, esse foi um dos principais motivos. Além disso, o facto da Universidade do Porto ser a melhor universidade do país fez com que fosse fácil a escolha. Teria de ser a UP, não fazia sentido outra coisa. 

Ter média de 20 valores exige muito estudo e muita dedicação a nível escolar, mas o estudo não é tudo. O que gostas de fazer nos teus tempos livres?

Eu faço desporto, é uma excelente maneira para mim de desligar a cabeça do resto. Pratico ténis e escalada, são duas coisas que eu gosto muito de fazer. Além disso, é comum estar com os meus amigos e também estar em contacto com a natureza. Desde ir a passear num jardim a perder-me num bosque.

Tiveste sempre tempo para isso? E, em caso afirmativo, tens alguma dica sobre como conciliar bem o tempo de estudo e o tempo para relaxar e cultivar os teus hobbies?

Sempre não, há alturas em que não há tempo para quase mais nada que não os estudos. Nas alturas dos testes, em que o tempo aperta, temos de negligenciar o resto. Mas eu acho que a principal dica para conseguir fazer tudo o resto que não a escola é mesmo sabermos ser muito organizados e saber como estudamos melhor, porque isso faz com que o nosso estudo seja mais eficiente e consigamos estudar menos mas com a mesma qualidade

De entre o enorme leque de escolhas que tinhas ao teu dispor, o que te levou a escolher o curso que vais agora ingressar?

Isso é uma pergunta difícil, não acho que tenha assim nenhuma coisa em particular que me leve a querer estudar biologia, mas é uma área que eu já gosto há imenso tempo. Eu, em pequeno, na primária, era apaixonado por dinossauros – para mim era a paleontologia, no início. Depois fui crescendo, deixei os dinossauros e concentrei-me mais nos seres vivos que ainda estão vivos. E desde então, eu gosto da Biologia. Eu acho que é o facto de ficar maravilhado com toda a diversidade de espécies e todas as suas particularidades e como elas se adaptam tão bem aquele sítio específico onde estão, que me deixa assim mais fascinado e que me dá mais o gosto de querer saber mais sobre esta área.

Acredito que, durante o processo da escolha, te tenham questionado se não irias para Medicina ou Engenharia, por exemplo –  áreas que muitas vezes são vistas como as únicas merecedoras do teu mérito. Como é que isso te fez sentir e de que modo afetou a tua escolha?

Eu, no início, no 10º ano mais ou menos, já me ouvia bastante esses comentários: “Ah, com vinte vais para medicina, não é?”, “Ah, com vinte eu iria para Engenharia Aeroespacial”, coisas assim. Isso no início fez-me questionar a minha escolha, é verdade. Eu achava que queria Biologia na altura e era uma coisa que já tinha pensado há muito tempo, mas todos esses comentários começaram a pôr-me na dúvida e eu ponderei outras coisas: Bioquímica, Bioengenharia, por exemplo. Mas comecei a aprender a não ouvir esses comentários, porque as nossas médias altas não devem fazer com que nós tenhamos de ficar agarrados a cursos com médias altas. As médias altas servem para escolhermos qualquer coisa e, por isso, aprendi a não ouvir esses comentários e voltei a focar-me naquilo que realmente sempre quis, que é a Biologia. Desde então não tive mais dúvidas. 

Tendo em conta o que sabes hoje, se voltasses atrás no tempo e iniciasses de novo o Secundário, farias algo diferente?

Se calhar não me teria esforçado tanto para tirar estas notas, porque para o meu curso não é necessário. Claro que é sempre um gosto ver o nosso trabalho recompensado e foi definitivamente recompensado, mas ao mesmo tempo, pelo menos no 11º ano – que é um ano muito complicado – foi preciso um grande esforço, que eu acho que se voltasse atrás não teria vontade de o fazer novamente. Acho que abriria um bocado mão das minhas notas, para relaxar mais e não me matar tanto a estudar, porque eu acabei o 11º ano completamente exausto. 

“Aproveitar um bocado de tudo o que o mundo académico tem para nos oferecer é a melhor coisa que podemos fazer nesta altura.”

Para os estudantes do Ensino Secundário que, tal como tu, pretendem obter uma média de entrada que lhes permita entrar no curso que mais desejam, qual o teu conselho e o que consideras ser o segredo para este sucesso?

Eu já toquei no assunto antes: é o conhecer-nos a nós próprios, sabermos em que altura do dia é que estudamos melhor, se é de manhã, de tarde, de noite. Eu não gosto de estudar à noite, por exemplo. E como é que estudamos melhor, se é fazendo resumos, se é fazendo exercícios. É uma excelente maneira de estudar e de conseguirmos empenhar-nos mais, porque é um estudo mais personalizado que nos dá mais vontade de estudar Eu acho que esse é o conselho principal. Depois, é o típico: manter-se focado nas aulas, pois se conseguirmos apanhar tudo nas aulas é meio caminho andado.

O que esperas alcançar nos próximos anos na UP?

Eu espero acabar a licenciatura, dentro dos 3 anos, e espero talvez fazer Erasmus, tentar fazer um mestrado no estrangeiro, mas também aproveitar o mundo académico, a praxe e tudo mais. Aproveitar um bocado de tudo o que o mundo académico tem para nos oferecer é a melhor coisa que podemos fazer nesta altura. E depois do mestrado ainda não pensei muito sobre isso, ainda falta muito tempo.

 

Entrevista e artigo por: Joana Monteiro

Editado por: Inês Miranda

Fotografia por: Ana Leonor Quinta

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