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Artigo de Opinião

Porque será que temos tanto medo de envelhecer?

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Porque será que temos tanto medo de envelhecer? Será por estarmos mais perto da morte ou por culturalmente consideramos as pessoas idosas como inúteis?

Ambas as justificações são válidas, mas não são sentidas com a mesma intensidade ao longo da vida. Quando somos mais novos, normalmente não temos medo de morrer, por vezes até arriscamos a vida como se fôssemos imortais, por uma questão de imaturidade e por não teremos noção do perigo. Além disso, sabemos que fisicamente recuperamos rápido. Mas, por outro lado, quando somos mais novos não temos medo de envelhecer e até queríamos ser mais velhos, para vivermos da maneira que queremos.

Até que o tempo vai passando e chega a idade adulta, onde começamos a pensar mais na passagem de tempo. Nesta altura, a idade começa a passar mais rápido e vemos o tempo a fugirmos das mãos, como se fossem os grãos da areia. Esta sensação começa a ser sentida na vida adulta e damos conta de que já não somos adolescentes, bem como já não há nenhuma etapa a seguir a sermos adultos. Passamos a ser pessoas independentes e donas do nosso destino, com todas as consequências que isso acarreta, fazendo com que nos caia a ficha de que estamos cada vez mais próximos da velhice, que socialmente é considerado uma fase da vida em que já não somos úteis.

Ora, esta ideia vem do capitalismo, que divide as pessoas pelo seu valor produtivo, ou seja, se já não podemos produzir riqueza, deixamos de ser úteis à sociedade. Isto é ainda mais impactante nas mulheres, que o patriarcado considera que deixam de ter valor a partir do momento em que entram na menopausa, pois já não podem gerar mais filhos, o que os conservadores consideram que define o que é ser uma mulher. Assim, estes dois fatores fazem com que, socialmente, se considere que ser velho é mau e que isso significa que perdemos o nosso valor.

Mas, é óbvio que com a idade a saúde vai piorando, mas até morrer a nossa vida tem valor. Além disso, ao longo da vida vamos acumulando experiências e conhecimento, o que nos torna pessoas mais interessantes e sábias, o que em muitas sociedades ancestrais era o mais valorizado.

Por isso, é certo que vamos ter sempre receio de envelhecer porque estamos mais perto da morte, pela ordem natural da vida. Mas até lá, vamos aproveitar a vida e fazer o que gostamos. Vamos aproveitar a companhia das pessoas mais velhas, que são um poço de conhecimento e de experiências. Mas, acima de tudo, vamos respeitá-las, uma vez que o nosso valor enquanto pessoas não se mede pelo nosso valor produtivo, pois não há nenhuma vida que não tenha valor. Não existem duas pessoas iguais, especialmente porque a nossa personalidade e as nossas vivências tornam-nos únicos e é isso que torna o ato de conhecer novas pessoas incrível, principalmente as que pensam de forma distinta da nossa e as que nos dão pontos de vista novos.

Artigo da autoria de Inês Amorim

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