Ciência e Saúde
SPIDER- BATCH2: O projeto que permite regenerar tecido ósseo usando teias de aranha produzidas por bactéria
No passado dia 16 de setembro, em Bruxelas, o grupo dos portugueses Afonso Soares Nunes, Inês Alves Cerqueira e Mário Covas Onofre foram consagrados um dos quatro grupos vencedores do Concurso Europeu para jovens Cientistas (EUCYS).
O Concurso Europeu para jovens Cientistas (EUCYS) foi criado em 1989, para estudantes pré-universitários, com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos. O objetivo deste concurso é fomentar a troca de conhecimento entre jovens, dando aos estudantes a oportunidade de partilhar o seu conhecimento cientifico com a comunidade científica e também de se inspirarem com trabalhos de outros países. Na 34ª edição do EUCYS, 85 projetos de diversas áreas foram submetidos para competição. Durante este período, mais de 130 jovens cientistas, de 36 nações diferentes, estiveram reunidos em Bruxelas.
O projeto de investigação, que proporcionou ao grupo de portugueses a distinção no concurso, teve início em setembro de 2022, com o apoio do Laboratório de Investigação da Universidade do Minho 3 B´s. Os investigadores manipularam geneticamente uma bactéria marinha comum, inserindo uma sequência genética que a capacitasse de gerar células ósseas. Estas podem posteriormente ser implantadas no corpo humano e, consequentemente, regenerar tecidos ósseos danificados em pessoas que sofram, por exemplo, de osteoporose. O projeto denomina-se SPIDER-BATCH2, uma vez que a bactéria produz fios de seda, num processo semelhante ao das aranhas, mas a um ritmo mais rápido e com a capacidade de regenerar o tecido ósseo.
Além disso, o grupo de investigação constatou que a bactéria marinha rhodovulum sulfidophilum também consegue produzir hidrogénio, que pode ser aproveitado como uma fonte de energia limpa e sustentável. Assim, no futuro, este grupo de estudantes pretende melhorar a eficiência de geração de hidrogénio pela bactéria, utilizando águas residuais geradas pela indústria das conservas. Além disso, pretendem focar-se também na captura e armazenamento do hidrogénio produzido, para que este possa ser utilizado posteriormente.
A osteoporose é uma doença “silenciosa”, caracterizada pela diminuição da massa óssea, que pode originar fraturas. Devido à sua elevada prevalência, a osteoporose tem gerado preocupação, especialmente em idosos, mas também em mulheres após menopausa. Estima-se que, em Portugal, cerca de 500 mil pessoas sofram de osteoporose, sendo que uma em cada duas mulheres pode vir a sofrer fraturas, causando um elevado grande impacto não só na saúde, como na autonomia dos doentes afetados. As principais causas desta doença abrangem fatores como o aumento da longevidade e os hábitos sedentários adotados pela população.
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Texto por Inês Marques. Revisto por Diana Cunha e Joana Silva.