Artigo de Opinião
A MAIOR RIQUEZA
Sempre me ensinaram que a maior riqueza que um país pode ter é a cultura. O mesmo pode ser aplicado a uma cidade ou até mesmo a nós próprios. Contudo, esta riqueza está a começar a ser esquecida e mesmo banalizada. Hoje em dia é normal que exista uma inquietação excessiva com o dinheiro. Contudo, os nossos políticos e muitos de nós ficam tão obcecados em arranjar uma maneira fácil de tirar o pouco dinheiro que resta aos portugueses que se esquecem que existem muitas minas de ouro, como é o caso da cultura. Quando bem aproveitada e rentabilizada, para além de satisfazer as necessidades primárias dos nossos governantes e gestores, esta também permite fazer algo muito mais nobre que é mostrar o património que durante anos e anos os portugueses foram construindo. Na cultura estão presentes valores, sentimentos, poesia e metáforas que mostram a história de um país que, tal como todos, teve as suas montanhas e vales. Porém, de uma forma serena e bem meditada, sempre conseguimos construir uma ponte para subir novamente ao alto da montanha.
É com muita pena que vejo companhias de teatro que representam a nossa história e obras de ilustres escritores portugueses a não terem público ou a terem que ir para as ruas fazerem essas representações com um chapéu no chão, na esperança de alguém colocar lá uma moeda. Teatro, música, escritura, pintura, entre outras formas de cultura, estão a ser utilizadas, hoje em dia, para sobreviver e não para viver. Basta ir a uma rua de comércio no Porto para vermos excelentes músicos e atores a mostrarem esta riqueza que é nossa cultura. O que se averigua é que muitas pessoas passam sem se aperceberem do valor cultural pelo qual estão a passar, ou então param, porque têm tempo e estão a fazer um passeio de Domingo.
Talvez uma das causas de as nossas crianças e jovens portugueses, muitas vezes, não saberem quem foi o Ferreira de Castro, Vasco Santana, Paula Rego é mesmo a pouca exposição que eles têm à cultura. Depois dizem que os nossos jovens são incultos. Creio que não são os nossos jovens mas aqueles que nada fazem para promover a nossa cultura. Se os nossos jovens fossem incultos de certeza que não teriam tantas ofertas de trabalho de países estrangeiros.
Parece impossível que isto tenha de ser assim, mas a verdade é que o nosso país pouco aposta na divulgação daquilo que tem de melhor. Prefere apostar na corrupção e divulgação de propagandas políticas que foram feitas a dia 1 de Abril.