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Crítica

Os Anéis do Poder: um gostinho insosso da Terra Média

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Personagem Sauron de cabelo loiro e expressão séria aparece no cartaz da segunda temporada da série "Os Anéis do Poder" da Amazon Prime Video.
"Os Anéis do Poder" voltou ainda mais sombria e com uma melhor avaliação pela crítica especializada, mas ainda deixa a desejar | Imagem: Amazon Prime (Reprodução)

A segunda temporada de Os Anéis do Poder, série de fantasia ambientada na Terra Média de Tolkien, chega ao fim sem grandes novidades e nenhum grande suspense. Ficando apenas a pergunta: será que uma nova temporada está a caminho para recuperar o fôlego da série?

Na última quinta-feira, 3 de outubro, tivemos o desfecho da tão aguardada segunda temporada da superprodução do Prime Video: Os Anéis do Poder. Baseada nas obras literárias de J. R. R. Tolkien, uma das maiores apostas do stream traz um apanhado de histórias que antecedem os fatos conhecidos pelo público apaixonado pelas trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit. 

Com a promessa de expandir os personagens e as histórias apresentadas na temporada inicial, a nova temporada de “Os Anéis do Poder” voltou ainda mais sombria e com uma melhor avaliação pela crítica especializada, mas ainda deixa a desejar.

A produção estava a cargo de preencher um certo vácuo deixado pela season anterior. Não que ela tenha sido ruim, mas a produção prometeu tudo, e não entregou nem metade do que o público esperava.

Para mim, a segunda temporada pode até ser mais cara, mas ainda não supera a primeira em roteiro, enredo e surpresas. 

Agora, mesmo que os três primeiros episódios tenham sido muito bem estabelecidos, contextualizando a primeira temporada e dando suporte para o que supostamente “estaria por vir”, a sede pelas histórias que envolvem as grandes guerras pela Terra Média segue insaciada. Temos uma performance inferior. 

Os anéis de Poder: um enredo lento estabelecido por um roteiro sem muita profundidade

Na produção, temos um ritmo de execução fraco, uma estupidez de algumas criaturas que parecem tolas, como a facilidade com que os Elfos são enganados e a demora em reagir a não resposta de Calebrimbor (Charles Edwards). Além disso, a sua entrega em ação, enigmas e terror é bem carente, fazendo com que a trilogia de filmes ainda seja bem mais interessante, mesmo que com artifícios tecnológicos mais antigos. 

Os episódios dessa nova leva destacaram-se pelas batalhas contra o avanço das forças e manipulações de Sauron (Charlie Vickers), o amor e dedicação de Adar (Joseph Mawle) em libertar os Uruk, além da confecção dos 7 anéis de poder para os reinos dos anões e os outros 9 para os homens. 

A segunda temporada conta com oito capítulos, sendo os cinco últimos lançados semanalmente às quintas-feiras. Mesmo tendo conseguido o feito de ser a série mais vista da plataforma, o futuro da produção ainda é incerto. 

Continuo sem entender o que foi esse vácuo deixado por Bronwyn (Nazanin Boniadi). No fim da 1ª temporada, ela foi atingida por uma flecha de Orc envenenada e ficou realmente debilitada. No entanto, existia grande expectativa de que a personagem se recuperasse e seguisse sua jornada. O que não aconteceu spoiler!

Tudo isso deixa apenas uma certeza: todo mundo espera por uma terceira temporada, afinal, queremos entender como realmente se deu a criação do Um Anel. Eu passo esse pano, sim! 

Tolkien: civilizações inteiras, mapas e grandes histórias

R. R. Tolkien é um autor amplamente reconhecido por sua capacidade ímpar de criar universos inteiros, ricos em detalhes e profundidade. Suas obras mais famosas, O Hobbit e O Senhor dos Anéis, introduzem os leitores a um mundo vasto e meticulosamente construído, a Terra-média, onde elfos, anões, homens e outras criaturas convivem em uma trama épica de aventuras e batalhas.

A força das narrativas de Tolkien reside na criação de civilizações complexas, cada uma com suas próprias histórias, mitologias e tradições. Ele vai além da fantasia superficial ao detalhar culturas, costumes e línguas específicas, o que transforma suas histórias em experiências imersivas. 

O leitor se vê não apenas acompanhando personagens, mas explorando e descobrindo um mundo que parece ter existido por eras.

Além da narrativa envolvente, Tolkien também é celebrado por sua habilidade linguística e pela criação de idiomas artificiais, como o élfico e o khuzdul, falado pelos anões. Ele acreditava que uma cultura se expressa através de sua língua, e por isso dedicou-se a criar idiomas que refletissem a essência e a história de cada povo da Terra-média.

Para tornar esse universo ainda mais tangível, ele também desenvolveu mapas detalhados, permitindo que os leitores acompanhem visualmente a jornada dos personagens. 

Essa combinação de narrativa, línguas e cartografia não só dá vida ao mundo de Tolkien, mas também estabelece um padrão para o gênero de fantasia, inspirando gerações de leitores e escritores a explorar as infinitas possibilidades da criação de mundos.

O Senhor dos Anéis: uma trilogia de sucesso e muito efeito visual 

Na minha concepção, não existe nada que se iguale à experiência visual e técnica que a franquia O Senhor dos Anéis oferece. É o puro suco da cultura pop dos anos 2000, entregando muita ação, personagens envolventes, enredos marcantes e uma qualidade estética f**a usando apenas tecnologia 2D. 

Tudo isso, graças ao realizador Peter Jackson (e toda equipa) que conseguiu transformar as obras literárias do Tolkien num marco cinematográfico, revolucionando o cinema de fantasia no mundo ao trazer novos padrões de produção. 

Lançados entre 2001 e 2003, os três filmes foram gravados simultaneamente na Nova Zelândia ao longo de 438 dias, um feito raro na época. As gravações envolveram uma complexa logística de produção e planejamento. 

Contudo, foi justamente essa abordagem que permitiu que Jackson e sua equipe mantivessem uma consistência estética e narrativa em toda a trilogia, além de facilitar a gestão dos complexos efeitos visuais que caracterizam os filmes. 

Dimensões fantásticas, trilha sonora e muita qualidade estética 

A tecnologia 2D foi usada de maneira inovadora, tanto nos efeitos práticos quanto nas gravações em tela azul e na criação de miniaturas, que, ao serem combinadas, proporcionaram uma experiência visual que, embora fosse tecnológica, preservava um realismo que se alinha com o mundo mágico de Tolkien.

O Senhor dos Anéis arrecadou muitas cifras, além de receber inúmeros prêmios, incluindo um total de 17 Oscars, sendo 11 deles apenas para O Retorno do Rei (2003) – à época, um recorde que coloca a produção ao lado de clássicos como Ben-Hur (1959) e Titanic (1997), os mais premiados pela Academia. 

A atenção de Jackson aos detalhes, com sua habilidade em balancear tecnologia e narrativa, não só fez justiça à visão de Tolkien, mas também trouxe novos parâmetros para o gênero de fantasia no cinema, consolidando O Senhor dos Anéis como uma das adaptações mais icônicas e influentes de todos os tempos. 

Os Aneis de Poder: a queda de Eregion

A segunda temporada de Os Anéis de Poder segue deixando a gente curioso, ao mesmo tempo que impaciente. Eles mantêm essa narrativa lenta, ignorando alguns dos núcleos, não desenvolvendo muito bem outros. E, do nada, algo acontece. Mesmo assim, pelo menos dessa vez conseguiram encerrar “satisfatoriamente” cada uma das tais “amarrações”, finalizando com o óbvio: Gandalf. 

Em entrevista concedida à plataforma brasileira Omelete, especializada em cinema, cultura e arte, Charlie Vickers (Sauron) contou sobre sua expectativa para a próxima temporada, apontando quais adaptações está mais ansioso para conferir. “Eu não tenho ideia do que os showrunners vão fazer, mas existem coisas que eu adoraria ver e coisas que a série tem que fazer por causa do Silmarillion”, disse Vickers.

“Precisamos ter a Queda de Númenor, a forja do Um Anel, A Batalha da Última Aliança, onde veremos o Um Anel ser cortado do dedo do Sauron. Não sei para onde irá à história na próxima temporada, mas tenho certeza que pelo menos uma dessas coisas estará lá. E sim, estou super animado para continuar fazendo parte disso, espero”, comentou.

Dentre os 3 acontecimentos citados por Charlie, é muito provável que veremos pelo menos dois: a criação do Um Anel, forjado para ser superior e controlar todos os outros; e talvez o início da Queda de Númenor. O Um Anel foi criado em 1600 da Segunda Era, cerca de 10 anos após a forja dos 3 anéis élficos feitos por Celebrimbor. 

A verdade é que, mesmo com tanto coisa a ser dita, eu senti que estão esticando a história demais. Mas isso também é certamente interessante. Nos faz pensar que haverá várias temporadas. Essa lentidão é meio cansativa, mas amo o universo, né? Daí eu meio que suporto.

Confesso que o mais incrível é perceber o poder de Sauron. Na franquia de filmes, ele é apenas um olho de fogo e um anel que, convenhamos, promete muito e passa toda a história pendurado no pescoço do Frodo.

Em Os Anéis de Poder, a gente pode ver o quanto o cara era poderoso; entender mais sobre os conflitos entre os povos e aprofundar mais alguns personagens que aparecem pouco no filme, como a Galadriel. Sem falar que deve explicar como o Reino dos Anões caiu com aquele demônio de fogo que quase mata o Gandalf no final do longa A Sociedade do Anel (2001). 

O enredo final, infelizmente, não entrega aquele gancho arrebatador que prende o público ao mistério. Agora, é esperar para ver o que nos aguarda nas próximas temporadas — ou será que não vamos entender o que realmente aconteceu, ficando apenas com esses meros indícios do que realmente estaria por vir? 

 

Texto da autoria de Ícaro Machado 

 

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2 Comments

2 Comments

  1. Paulo Ferreira

    9 Out 2024 at 19:27

    Nazanin Boniadi não quis participar na season 2. Acho que é do conhecimento geral nos sites da especialidade…

  2. Alexandre

    10 Out 2024 at 3:37

    Essa maravilha só se compara com a série de Resident Evil da Netflix, 2 abominações horrorosas.

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