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Educação

Estudante da UP faz história com break no Campeonato Europeu de Debate Competitivo

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Foto: SdDUP

À conversa com o JUP,  Gonçalo Teixeira, adjudicador na Sociedade de Debates da Universidade do Porto, partilhou o recém conquistado break na final do Campeonato Europeu de Debate Competitivo, tornando-se o segundo português a conquistar o feito.

 

Decorreu no final do passado mês de julho, em Glasgow, a 25ª edição do EUDC – Campeonato Europeu de Debate Competitivo. Gonçalo “Tardigrado” Teixeira, Marília Montenegro e Gabriela Werdan rumaram à Escócia em nome da Sociedade de Debates da Universidade do Porto (SdDUP) para disputar o título em nome da Universidade do Porto. O adjudicador, desde 2021 na associação, fez-se acompanhar das duas colegas debaters em mais um torneio com resultados marcantes da SdDUP.

A estreia do jovem de Famalicão no mundo do debate competitivo deu-se logo aquando da sua  entrada na faculdade, motivado pela experiência dos colegas de turma e impulsionado por um Debate Inaugural no modelo British Parliamentary, onde segundo o próprio “tudo pareceu incrível”. Seguiu-se um Debate Regular com foco na Inteligência Artificial, temática que o apaixona, que fez com que desde logo não pudesse desviar a atenção do movimento. A Sociedade de Debates da Universidade do Porto, que se dedica ao “debate como forma de promoção do espírito crítico, da compreensão mútua, do amor à língua, às palavras e às ideias” acolheu-o ao longo dos debates e torneios que se seguiram.

 “Foi amor à primeira vista. Desde aí, nunca mais tirei os pés deste mundo!”.

Fosse no Porto ou arredores, desde cedo provou a aptidão para o desporto, firmando, complementarmente, amigáveis relações com sociedades de outras regiões. Destaca a Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho (ADAUM), pelas amizades compiladas que vieram suplementar a forte rede de apoio da sua casa mãe. 

Começou por “brincar” como adjudicador em alguns torneios, debater noutros e, mais tarde, veio a conquistar o título de vencedor do Open do Porto, com Bruno Santos, e do Torneio Nacional de Debates Universitários (TorNaDU) com Cláudia “Hermione” Freitas, personagens de relevo no movimento.

Agora é difícil imaginar a minha vida sem o debate competitivo” 

Apesar de ter conquistado várias vitórias em territórios portugueses, foi em julho do presente ano que acolheu o título que marca o seu percurso no movimento. Note-se que este título foi apenas replicado por um outro português, também “d’Esta Casa”, o vencedor do Campeonato do Mundo de Debates Universitários de 2013, Ary Ferreira da Cunha.

O EUDC  acontece anualmente e passa por um país diferente todos os anos. Em 2023, a comitiva da SdDUP viajou até à Bulgária com cinco integrantes: Maria Marques, Frederico Oliveira, Tardigrado, Marília e Gabriela; visando firmar a estratégia de internacionalização da associação e o desenvolvimento do debate competitivo em inglês. 

No que toca aos torneiros internacionais, Gonçalo explica-os como “um projeto com o objetivo de dar experiências internacionais às pessoas e, ainda, de melhorar o debate competitivo e aprender com pessoas que fazem isto há muito mais tempo que nós”, reconhecendo o efeito de spillover de eventos desta dimensão nos integrantes. Destaca as aprendizagens com os restantes integrantes do evento, como Javi, que “foi quase um treinador para nós. Aprendemos com ele todos os dias, depois das rondas terminarem e foi das melhores coisas que podia ter acontecido”. 

Apesar de valorizar as relações firmadas e as “magníficas paisagens da Escócia e histórias de fantasma”, o adjudicador destaca como principal marco “a cerimónia em que anunciaram que tinha feito break de adjudicação”. Foi adjudicando e recebendo bons feedbacks dos colegas com quem estava a adjudicar ao longo das rondas.Recorda, ainda, o entusiasmo e carinho partilhado pelos colegas, do Porto e de outras regiões pela Europa fora, “que se sentiam tão ou mais felizes do que eu”.

 “Acho que, quase dois meses depois, ainda estou a digerir, acho que ainda estou a tentar processar aquilo que aconteceu. Foi genuinamente incrível estar no mesmo slide do powerpoint onde anunciam nomes que admiro muito e que já vi em horas de debate e rondas no Youtube”. 

Termina a sua conversa com o JUP indicando sentir-se “bastante agradecido a todas as pessoas que contribuíram para que isso acontecesse, desde aquelas que diretamente na SdDUP assumiram esse papel, a outras de outras Sociedades de Debates”.

A história da SdDUP no Campeonato Europeu cresceu, ainda, com a participação das suas colegas debaters. Apesar de não terem alcançado a vitória, “conseguiram mais pontos do que aqueles que tinham conseguido no ano anterior e isso mostra evolução e espaço para crescer. Para o ano farão mais pontos, no seguinte mais e, quem sabe, mais tarde podem vir a fazer Break”, indica.

Gabriela Werdan, uma das integrantes da equipa, aborda a altura em que entrou no movimento do debate competitivo, com o intuito de melhorar a sua retórica e “controlar o nervosismo”. À semelhança do colega, rapidamente “ganhei amor pelo debate em si e a SdDUP tornou-se a minha segunda casa. Consegui extinguir o nervosismo, e agora, depois de já ter sido campeã nacional, os objetivos são maiores”. Adicionalmente, o debate em inglês foi também um desafio ultrapassado, superado no ano em que também o objetivo de “trazer conhecimento novo para casa” foi cumprido. 

Recorda como as “histórias das gerações antigas” da associação a fascinavam e como a falta de fundos tem vindo a ser o principal desafio para o seu alcance internacional, orgulhando-se da recém conquista nesse âmbito. Em Glasgow, denota como principal marco “ver um adjudicador português ser selecionado para adjudicar as fases eliminatórias, um privilégio que mostra que a prestação dele foi incrível. Dos 600 participantes, poucos são os que podem dizer que chegaram a esse ponto”. Aponta Portugal como um país “ainda muito pequeno no mundo do debate internacional, que é bastante competitivo” o que não fazia prever o resultado alcançado.  

A SdDUP, que segue o modelo de debate competitivo oriundo do séc.XIX, British Parliamentary, reúne num site a sua missão e valores, para que possam ser consultados por todos os estudantes da UP. É disruptivo por não necessitar que os integrantes conheçam aprofundadamente a temática para que possam vencer. 

Numa nota final, Gonçalo explica como isto “pode ser uma mais valia para muita gente, não só porque acabamos por aprender sobre os mais variados assuntos para os poder debater como pela curiosidade gerada e vontade de conhecer o mundo, para sermos capazes de o mudar”. Da experiência, retira também a questão interpessoal, assumindo, do movimento “amizades que se levam para a vida”. Deixa, a todos os leitores, o apelo da garantia de uma oportunidade “ao debate competitivo, à SdDUP”, convidando-os a que se juntem aos debates e à associação e aos debates regulares, que iniciaram no passado dia 30.  

Isto foi algo que mudou a minha vida, foi das melhores coisas que me aconteceu e gostava que mais pessoas pudessem ter a mesma sensação.

Gabriela Werdan, por sua vez, explica que “o mundo dos debates tem muitas características, e uma delas é ser uma coisa completamente diferente de qualquer outra atividade que possam fazer — a mensagem é, portanto, tentem!” subscrevendo a mensagem do colega “Foi a melhor coisa que fiz na minha vida académica, e por causa disso aprendi coisas que nunca doutra maneira teria aprendido, para além de ter conhecido pessoas espetaculares”.

Os três integrantes da comitiva portuguesa no EUDC, que partilham também a experiência na presidência da associação: Gabriela Werdan 2021-2022, Marília Montenegro 2022-2023 e 2023-2024 e Gonçalo Teixeira 2024-2025; partilham, numa só voz, o mote final d’Esta Casa no Porto,  Ao Bom, Ao Belo, Ao Amor, e, talvez, À Verdade”. Toc toc toc.

 

Artigo por: Carina Seabra

Editado por: Joana Monteiro e Maria Inês Faria

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