Sociedade
MEDICINA E RELIGIÃO DEBATIDAS POR ASSOCIAÇÃO DE JOVENS
O objetivo do evento “Há Conversa no Mosteiro” foi aumentar o interesse da população por estes temas e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento da freguesia e aproximar as pessoas.
A tertúlia contou como oradores o prof. Dr. Artur Águas, professor de Anatomia e diretor do Departamento de Ciências Biomédicas Abel Salazar e o Padre José Barros.
Deus e o Mundo
O prof. Dr. Artur Águas referiu que, “para perceber o que é o Mundo não é preciso saber o que estava antes nem perguntar quem é que o criou”. Já o Padre José Barros defendeu que o Homem tem uma missão e não só células, por isso, deve amar os outros e não deve “olhar de onde é que vimos, mas sim para onde vamos”.
Para além disso, o prof. Dr. Artur Águas acredita também que Deus nos dá a “liberdade total”, ou seja, deixa-nos escolher se queremos ou não acreditar e se queremos ou não aquele caminho, ao que o Padre José Barros acrescenta que a liberdade é a palavra de amor: “Deus propõe, não impõe”.
A importância dos jovens
À beira de uma das janelas da sala podia-se ver um cartaz feito pelos membros da AJB, que dizia “A obra está nas mãos de quem trabalha”.
Ao longo do debate, foi notória a fraca presença de jovens, uma vez que a maior parte dos que lá se encontravam faziam parte da Associação de Jovens de Bustelo.
A presidente da AJB, Diana Ferreira, de 22 anos, refere que uma das causas poderá ser o facto de ser a festa de S. Martinho na cidade, ou até por ser um sábado à noite. “Mas a verdade é que, sendo ou não S. Martinho, isto é recorrente. Os jovens não aparecem e eu sou jovem, eu falo por mim, gosto de sair, gosto de me divertir com os meus amigos, mas também há alturas em que penso que é importante. Nós somos jovens, nós somos o futuro. Então temos de começar desde jovens a tomar atenção a estes temas e a interessar-nos por eles.”.
Pedro, 15 anos, faz parte da AJB e acha que este tipo de debates é importante para ocupar os jovens, esclarecer as suas dúvidas e aprender, apesar de estes virem cada vez mais a descurar este tema, assim como Cristina, 18 anos, também integra a AJB e pensa que este tema também é relevante, pois levanta muitas dúvidas e questões.
Luís, 26 anos, também membro da AJB, defende que este tipo de eventos tem como objetivo a evolução, já que “promover o debate e a criação de pensamento, ou, pelo menos, a reflexão sobre ideias é, por si só, um sinal de evolução; questionarmo-nos é a melhor maneira de evoluirmos e não obrigatoriamente obtermos respostas, mas, simplesmente, fazendo perguntas”. Acrescenta ainda que os “não jovens” é que ignoram mais este tema, uma vez que aos mais novos ainda lhes é permitido, pela idade em que estão, que se questionem.
Em relação a jovens que faziam parte da plateia, Cátia refere que também acha um tema interessante, pois permite-lhes descobrir “coisas novas”. Já Mafalda e Inês, que estudam na área das Ciências, acrescentam que um dos motivos para estarem lá foi por se interessarem por essa área e também por acharem que a Ciência e a Religião é um tema que “nunca se sabe bem uma resposta fixa” e, por isso, “dá para tirar algumas dúvidas”.
A posição dos jovens
Relativamente àquilo em que os jovens acreditam acerca deste tema, a maior parte afirma que a Ciência complementa a Religião e vice-versa, sendo que os dois temas são importantes.
Diana diz que sabe “separar muito bem a fé da ciência” e que há diferentes maneiras de ver a fé, sendo que cada um tem a sua.
Contudo, há também quem defenda apenas um lado, como, por exemplo, Luís, que conta que “renega um bocadinho a existência de algo superior”. Apesar disso, Luís refere que está “no meio”, pois participa num partido que, “em parte, fundou o Estado português, que é laico”, o que é resultado do seu questionamento da existência de um Deus e de dogmas, mas também dá catequese, que é uma “maneira muito engraçada” que tem para contribuir para a “formação de valores” das crianças.
Conclusões do debate
O que foi deixado pelos dois oradores foi que “o Mundo da Fé e o da Ciência são complementados, mas não incompatíveis”, como referiu o prof. Dr. Artur Águas, sendo que o Padre José Barros também referiu que alguns pontos em comum entre estas duas áreas são: os direitos humanos, o facto de a vida humana e a verdade serem sagradas e o facto de tanto um cientista como um padre terem rituais.
Antes de terminar o debate houve tempo também para esclarecimento de algumas questões da plateia e para algumas conclusões sobre esta conversa por parte dos dois oradores, que referiram que “a Fé e a Ciência carecem de questões” e que é importante reunir a “população para debater”.
Duas alunas do Conservatório de Música do Porto, Mafalda e Inês abriram e encerraram o debate com uma apresentação de saxofone e flautim.
No final, a plateia foi convidada também a degustar alguns doces e vinho do Porto.