Artigo de Opinião
A SEMANA DOURADA DE ALEXANDRE, O GRANDE
Nesta semana, uma figura histórica ressuscitou. Aqui mesmo, em Portugal. Alexandre o Grande, antigo rei da Macedónia, ressuscitou aqui em Portugal, homem já feito e com planos para ficar novamente na história. Para quem não o conhece, falo de Carlos Alexandre, juiz titular do Tribunal Central de Investigação Criminal.
O que tem este senhor de tão especial para o comparar a um rei histórico? Em primeiro lugar, ambos são conquistadores. O primeiro está certificado como tal, o segundo está em caminho para o ser. O tamanho das conquistas não é comparável, mas estamos no século XXI, já não se fazem imperadores como antigamente. Em segundo lugar, nenhum dos dois deu indícios de querer parar. O primeiro só parou quando morreu, quanto ao segundo… está imparável para já.
Porque vos falo eu disto? Porque Carlos Alexandre está a viver uma semana dourada. Literalmente. Começou a semana com o caso dos vistos dourados no qual foi pondo de lado o futuro do processo e as possíveis condenações que dele advenham, uma verdadeira e inédita demonstração de conquista. O número de detenções, a rapidez e simultaneidade das mesmas e os resultados que em apenas uma semana isso produziu, tudo dá força à ação deste homem. Para não falar em Miguel Macedo. Não é, definitivamente, todos os dias que as ações de um juiz levam um ministro a demitir-se.
Já não é, contudo, o primeiro “round” deste senhor. Teve ação direta em casos como o do BPN e Face Oculta. Mais, sabem quem mandou prender Ricardo Salgado? Carlos Alexandre. Certo, não resultou de muito porque Ricardo Salgado pagou a caução, mas saiu da prisão com menos 3 milhões de euros. E com uma imagem pública ainda pior. Diria que, tendo em conta a dimensão do caso BES e das acusações que pairam sobre Salgado, tirar-lhe 3 milhões de euros do dia para a noite é um feito e tanto (quase tão irónico como um polícia roubar um ladrão…).
Ora, voltando a esta semana, que já começara dourada para Alexandre, ela adquiriu este Sábado todo um novo tom. Mais dourado. Não é todos os dias que um ex-primeiro-ministro é preso no nosso país (aliás, foi o primeiro) e não é qualquer um que tem o privilégio, chamemos-lhe assim, de ouvir José Sócrates justificar os movimentos das suas contas bancárias.
Uma semana e pêras portanto. Digna de um conquistador. Assim, confesso a minha admiração por este grande homem, que num país em que os escândalos de corrupção são cada vez mais frequentes, parece disposto a encetar uma verdadeira campanha de guerra. Em defesa da justiça e do nosso país. Para reconquistar essa mesma justiça, que há muito se perdeu. Já não era sem tempo.