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Cultura

FANTASPORTO (DIA 6)

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Naquele que parece ter sido o primeiro dia de sol depois de uma longa jornada chuvosa, o bom dia que se fez sentir lá fora parece não ter afastado o público de passar pelo Rivoli para mais uma maratona cinematográfica.

No Fantasporto, “Heavenly Shift” foi aplaudido por entre um público vasto, mas principalmente jovem, onde o realizador e argumentista do filme de origem húngara também marcou presença.

“Heavenly Shift” de Márk Bodsár conta a história de Milan, um homem que fugiu da Guerra da ex-Jugoslávia e que, para conseguir ganhar dinheiro para salvar a namorada retida em Sarajevo, consente com os negócios obscuros da equipa de uma ambulância que usa métodos pouco convencionais para salvar os seus doentes e feridos e, por vezes, nem os usa. Os corpos dos mortos são usados para um negócio com os donos de um restaurante chinês.

O retrato é fiel ao que era a Europa de leste no início dos anos 90 e as cenas em que a namorada de Milan aparece, dão ainda mais realismo à situação que se vivia na época, com a sua presença num hospital sem condições médicas e com explosões e ataques nesse hospital.
Em conversa com o JUP, alguns membros do público destacam neste filme o humor negro típico do cinema de leste bem como as parecenças e fortes inspirações no cinema de Tarantino. Para o público entrevistado o realizador era desconhecido, mas a sua avaliação é positiva quanto ao filme e, principalmente, quanto ao protagonista András Otvos.

O final de tarde no Festival Internacional de Cinema do Porto continuou com o filme sul coreano “Rough Play” em que o protagonista Oh Young rapidamente sobe ao estrelato e faz sucesso como ator de filmes a anúncios. Esta repentina ascensão e o contacto constante com o mundo da fama, faz com que muitas vezes a realidade se confunda com a ficção e com que este se torne violento com quem o rodeia.

A noite começou com “Houston”, de Bastien Gunther, que relata a história de um caçador de talentos de uma empresa alemã que viaja para a localidade que dá nome à película, no Texas, em busca de um CEO de renome da indústria petrolífera. Esta viagem leva-o a desmoronar a sua própria vida. O filme arrancou várias gargalhadas à plateia graças à interpretação de Garret Dillahunt, já conhecido do grande público de séries como “Raising Hope”, e que permite classificar este filme como uma simbiose entre o drama e a comédia. Ulrich Tukur interpreta o protagonista, Clemens Truschka. Um filme de poucos diálogos, talvez para tentar retratar o conflito interno do protagonista e que conta com planos convencionais, como os reflexos no carro ou na água, o que lhe confere uma simplicidade que quase nos conduz à realidade. Destaque para a banda sonora, bem ao estilo Pink Floyd, que se encaixou neste conflito de Clemens.

A noite seguiu com “Why don’t you play in hell”, um filme japonês, de Shion Sono. Da selecção do Festival de Veneza, bem ao estilo de Quentin Tarantino, como atestava uma espectadora: “Se o Tarantino fosse japonês, o filme seria assinado por ele.”, conclui.

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