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Cultura

“LETTERS TO MAX”, DE ERIC BAUDELAIRE VENCE PORTO/POST/DOC

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Ontem, a última sessão do Porto/Post/Doc começou com a análise aos números do festival e quantifica-se o sucesso que, durante a última semana, se fez sentir ao longo da Rua Passos Manuel. Foram mais de 6 mil espetadores que assistiram às mais de 50 sessões. Quem o anuncia é Dario Oliveira, no palco do Grande Auditório do Rivoli, abrindo a sessão de encerramento às 21h.

O Grande Prémio Porto/Post/Doc foi atribuído a “Letters to Max”, do realizador francês Eric Baudelaire. O filme explora aquilo que define uma identidade nacional através de uma singular visita à República da Abecázia, um estado do Cáucaso que declarou a sua autonomia em 1992 mas que apenas a Rússia reconhece. O realizador visitou esse território que “existe sem existir” pela primeira vez em 2000 e iniciou em 2012 uma troca epistolar com Maxim, à altura vice-ministro dos negócios estrangeiros e um amigo, que acabou por motivar a realização do projeto. O prémio, oferecido pelo Atelier des Créateurs, tem o valor de 3 mil euros. Na edição deste ano do DocLisboa, o mesmo filme tinha já concedido a Eric Baudelaire o seu segundo Prémio Especial do Júri.

João Bénard da Costa – Outros Amarão as Coisas que eu Amei”, de Manuel Mozos e “Storm Children – Book One”, de Lav Diaz foram ainda agraciados pelo júri, composto por programadores portugueses e diretores de festivais internacionais, com uma Menção Honrosa.

O Prémio Biberstein Gusmão, destinado a autores até 35 anos, foi atribuído a “Fog”, de Nicole Vögele. Ser-lhe-á oferecida uma estadia na residência artística Moinho da Fonte Santa. Houve também uma Menção Honrosa feita a “Our Terrible Country”, de Zoad Homsi e Mohammad Ali Atass.

Na sessão de encerramento, a sala bem composta aguardava ainda aquele que foi um dos momentos mais memoráveis do festival: a projeção de “O Sal da Terra”, filme sobre a vida e obra do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e o mais recente projeto de Wim Wenders, realizado em conjunto com Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo. À intensidade avassaladora dos pretos e brancos de Sebastião Salgado, Wenders alia uma realização subtil, trazendo-nos as histórias que fazem parte de cada imagem, narradas por aquele que as viveu e recorda.

A vida de Sebastião Salgado é uma história de viagens – do Brasil, onde nasceu, para França, escapando à ditadura militar; de uma carreira promissora como economista para a paixão pela fotografia. Pelos vários continentes, depois, mas também pelos vários temas: – os conflitos que marcaram a história do século XX, o grito de revolta contra um mundo desigual, a interrogação sobre o Homem e a identificação final com a natureza. E, ainda assim, torna-se evidente no final do filme que a metáfora do seu percurso está afinal enraizada, não abdicando no entanto da inconstância, na quinta da sua família, a mata atlântica que replantou e constitui agora o Instituto Terra.

Mas não só da sessão de encerramento se fez este dia. Uma programação repleta de bom cinema caracterizou-o. Inseridos na rubrica “Onde Está o Real?”, o Grande Auditório acolheu “Los Angeles Plays Itself”, de Thom Andersen, e no Passos Manuel “The Reunion” de Anna Odell.

Na última exibição da Carte Blanche Fid Marseille foi apresentado “From Gulf to Gulf to Gulf”. Um filme que nos transporta, ao som das ritmadas músicas indianas, até ao percurso das trocas mercantis executadas por um grupo de marinheiros do Golfo de Kutch. Shaina Anand e Ashok Sukumaran do coletivo CAMP transmitem ao público as relações entre estes e outros marinheiros, os diálogos, a amizade, a pesca. As condições de trabalho e de habitação, ou a falta delas, que os protagonistas pedem que sejam filmadas são o foco do documentário, em que as imagens dos realizadores são intercaladas com fragmentos captados dos telemóveis dos trabalhadores.

A festa final voltou a começar com uma sessão de “Esporão Transmission”, que trouxe “I Dream of Wires”. Enquadrando-se na mesma temática musical do filme, André Gonçalves, juntamente com os seus instrumentos, ocupou o espaço.

Entre “O Sal da Terra” e a festa de encerramento, houve ainda tempo para a sessão especial. Foi exibido “Teenage” de Matt Wolf, introduzindo a tema da próxima edição: a adolescência. As datas do festival de 2015 já foram confirmadas. De 1 a 8 de Dezembro, o cinema documental volta à Invicta.

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