Sociedade
CHARLIE HEBDO: A HISTÓRIA DO JORNAL POLITICAMENTE INCORRETO
É no seio da “crise” estudantil de maio de 1968, em França, que nasce o jornal satírico. Chega às bancas no ano seguinte, mas com o nome Hara-Kiri Hebdo.
A primeira polémica provocada pelo jornal é em 1970. Quando o grande alvo das contestações de maio de 68, Charles de Gaulle, morre, surgem os cartoons a brincar com o assunto e, consequentemente, uma proibição. E foi assim que, como forma irónica de homenagem, o semanário satírico foi batizado de Charlie Hebdo.
Depois de encerrar em 1981, a sátira do jornal de esquerda volta às bancas. Phillippe Val ocupou, até 2009, a direção do Charlie Hebdo, sucendendo a François Cavanna, o primeiro diretor do jornal.
Entre críticas a opositores do casamento gay, judeus, Marine Le Pen, François Hollande e o Vaticano, o cartoon de Maomé é o que gera mais polémica, em fevereiro de 2006.
A guerra está aberta. As ameaças de morte de extremistas muçulmanos começam a chegar.
Um humor que não agradou aos islâmicos
As publicações contra os islâmicos tornam-se recorrentes. Depois de todas as ameaças, acontece o primeiro ataque. A criação de uma edição especial, com o título Charia-Hebdo, em que Maomé surgia no cabeçalho como director, viria a fazer com que, em novembro de 2011, a sede fosse incendiada com bombas e o site invadido por hackers. Charb (Stéphane Charbonnier), o diretor do jornal, e outros redatores ficam, desde então, sob proteção policial.
O ataque não põe travão ao humor negro de Charlie Hebdo. Em setembro de 2012, cartoons satíricos de Maomé, em que este aparece nu, são publicados. Em consequência, em 2013, Charb passa a fazer parte lista das pessoas mais procuradas pela Al-Qaeda.
A vingança estava prometida e veio a servir-se fria. -há uma semana, dia 7 de janeiro, três terroristas islâmicos cumpriram a ameaça de morte e “vingaram o profeta”. 12 pessoas foram mortas durante o ataque a tiro às instalações do jornal, entre as quais o diretor, os principais cartonistas e dois policias, e 11 estão feridas.
“Prefiro morrer em pé, que viver de joelhos”, Charb, 2011.