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Devaneios

(PÚBLICO, 2015)

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Mariana Quesada Bernardo

Mariana Quesada Bernardo

Ora bem. Com muita pena minha, passou-me, completamente, ao lado, uma estupenda reportagem do Público. Maldita Letónia que, nos (maravilhosos, perfeitos, fabulosos) cinco meses em que lá vivi, foi incapaz de comercializar este fabuloso diário da Sonaecom. Ser-me-ia bem mais útil que Cosmopolitans e Elles em letão. (Nada contra essa relíquia linguística). Adiante.

Graças a Deus, a par dessa reportagem – sinto que é importante enfatizar que ainda não me dei ao trabalho de a procurar e/ou ler – foi ‘postado’ (?!) um vídeo, a 6 de janeiro, entitulado “Os jovens Portugueses são patriotas?“. Vi-o, ontem… sim, sou uma vergonha de aspirante a jornalista que nem atualizada se consegue manter. Se bem que prefiro, sem qualquer dúvida, a típica desculpa: ‘Estive muito tempo fora e, daí não ter acompanhado tudo’. Ups. Retomando…, comecemos por analisar a misteriosa pergunta que nos introduz esta criação – qual BBC Vida Selvagem, qual quê – do Público. Lamento dizer que o título é meramente retórico, visto que só é perguntado a três jovens (!!!) – (suponho que) de 30 anos – o que mais gostam e o que menos apreciam em Portugal.  Tendo uma música semi-melancólica como “soundtrack”, os jovens começam por contar o que mais admiram em Portugal. O Luís Bernardo – quiçá meu primo – diz que gosta do tempo. Da comida. Das pessoas que cá vivem, “Não só dos portugueses” – imagino o olhar patriota com que vê imigrantes a não pagar impostos…

A Carolina, minha colega de profissão, gosta do que se faz em Portugal e Jorge (o mais racional e ponderado dos entrevistados, a meu ver) aprecia o facto de as terras lusas
exigirem pouco dele, para o tanto que lhe dá. Sábias palavras, as do Jorge!
Como tudo na vidinha, o vídeo mostra os ‘senões’ lusitanos. O Luís diz que o povo merece melhor – 10 mil euros mensais e um Ferrari?!.

A Carol queixa-se que Portugal não valoriza as grandes obras e feitos (espero que não esteja a falar da conquista do Brasil, porque esse é da Valesca Popozuda e tal sucedeu-se há mais de meio milénio) e que tudo em Portugal se rege pela Economia (com uma crise económica, como a que estamos a atravessar, tentar fazer do rancho música de boate, não é, propriamente, o que o Estado Português mais deseja).

O Jorge diz que não gosta da nossa desorganização. Muito menos da nossa passividade. Sábias palavras! Agora, sem sarcasmo ou ironia. Vejo tudo de forma diferente. Talvez por ter dezanove anos.
Não vejo o país péssimo que todos vêem.

A situação é precária, temerosa confesso. Contudo, existe ensino e um sistema de saúde gratuitos. A nossa conjuntura económica é terrível, mas graças aos ‘gatunos’ do Governo, ao “enorme aumento de impostos” (GASPAR, 2012) e à filha da mãe da Troika (vá, e à gordinha alemã, Merkel), o défice público foi reduzido, a dívida pública está ‘calminha’, o défice externo virou superavit, o PIB cresceu…

Como disse, há sempre um senão. O fator ‘c’ prevalece e, aparentemente, só quem tem um ‘tachinho’ é que se faz valer na vida. A Cultura não é prioridade (para já) e o Porto não foi campeão no ano passado. (Mas este ano vai ser!). E os tugas são demasiadamente passivos. Onde quero chegar é que tudo está na forma como vemos as coisas. A situação está lixada, é um facto. Mas temos mais de oito horas diurnas. Calor. Boa comida. Boa gente, simpática e sempre de coração aberto. Do que isso serve se não há dinheiro e emprego?!

Sei que de nada, mas são por estas razões que somos os melhores. Somos desorganizados e passivos como disse e como preconiza o sábio Luís. Mas, não é com a mentalidade de que quem está na ‘gaiola’ é o ladrão e que pouco há a fazer que vamos melhorar. Se estão lá ladrões, foi porque neles votámos. Que cesse essa mentalidade, que haja consciencialização política e que Portugal não fique poluído com opiniões não fundamentadas. A crise não foi só resultado de políticos fraudulentos. Os portugueses também tiveram culpa.

Eu sei que tudo vai ficar bem e não, não espero nenhum D. Sebastião. Só nós é que podemos mudar o nosso destino,  o  nosso fado.
Garanto que não há cantinho melhor que a nossa ‘ocidental praia lusitana’. Respondendo à (inteligente) pergunta que nos apresenta o vídeozinho: sim, sou patriota e amo o meu país.

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