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Devaneios

O RIO TEM O SEU TEMPO

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O rio soluça
em intervalos dispersos, subtis
as angústias de um passado
e se sente, sente fragmentado
pela velocidade atroz

a que obrigam o pensamento.
O rio tem o seu tempo,
E nem as margens o contêm
na força atroz de seu peso
nem as margens o contêm.

Silhuetas difusas,
pobres em si e de si
Onde está a língua portuguesa?
Palavras que teimam em ser arrancadas
e os espíritos sem as cultivar.

Talvez nunca mais escreva,
Talvez não seja poeta.
A minha arte, talvez nunca o tenha sido.
Mas são sobretudo pensamentos.

Entretanto, larguei o verso para refletir em prosa.

Pensamentos, quase como intuição, brotando desse movimento natural que se transmuta em raciocínio analítico. Fundamentado na experiência e nessa triste sabedoria que partilho dos conhecimentos reclamados por uma historicidade morta.

Me empenhei em construir um mundo, sumamente belo. E hoje, ele é frágil, ainda que erigido pela força inumana que transporto algures no lugar da carne e da consciência.
A filosofia é para mim, algo que a poesia é em si mesma. Difere na forma, somente. A filosofia, estrutura rígida, como assim é pretendida. A poesia, leveza pura.
Eu faço filosofia e poesia. Jamais me atreveria a penetrar os seus possíveis abismos (se é que efetivamente estão traçados).
É simples assim, como os ditames da alma, intuitiva e racional. É simples assim, como a minha vontade de lucidez que me incita a escrever.

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