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Artigo de Opinião

EDUCAÇÃO TELEVISIVA OU A FALTA DELA

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João Paulo

João Paulo

É com espanto que numa altura em que tanto se debate as questões de género e da violência doméstica a diversos níveis bem como sobre a autonomia de cada um, haja um determinado número de programas televisivos que não tenham qualquer filtro nesse sentido.

Verdade que muito se evoluiu nos últimos tempos, verdade que o mundo não é hoje o que era ontem, mas verdade também que os ditos filtros que poderiam e deveriam existir funcionam de um lado mas não do outro, se não vejamos.

Temos spots publicitários que ao invés de estimular as pessoas a consumir esse determinado produto convidam a que quem o consome de forma fervorosa seja punido mesmo enquanto dorme. Trata-se de um spot relativo a uma manteiga para barrar com um nome feminino e, porque o senhor sonha com aquilo que come (a língua portuguesa tem cada sentido), a senhora que dorme ao seu lado, espera-se que seja a sua esposa, lança-lhe com um candeeiro de cabeceira não sem antes lhe enfiar uma palmada. Depois ficamos todos chocados que um estudo da UMAR junto de adolescentes sobre as questões da violência entre namoros tenha dado os resultados alarmantes por se achar natural a violência para conseguir relações sexuais ou os diferentes controlos que vão do desde com quem anda o seu par ao que veste no dia-a-dia.

Mas daqui saltamos para as novelas. Verdade que no que diz respeito às questões de género e mais concretamente às tarefas profissionais e domésticas a coisa tem melhorado e muito. Mas depois é um escândalo ver dois homens aos beijos, só não é tão escandaloso se for duas mulheres, porque a maioria dos chefes de edição e produção de jornais e televisão são homens. Contudo, podemos deixar exposto cenas de violência entre casais, dizem que é uma forma de chamar atenção para uma realidade. Não há outra forma de o fazer? Não bastava falar do assunto, expondo o calvário das vítimas que são expulsas das suas casas, porque são vítimas de violência enquanto o agressor fica em casa refastelado!? Devo ser eu que tenho a mania.

Já para não falar das ene cenas de sexo onde a prevenção, seja o uso de preservativo quase ou nunca é abordada e, mais uma vez, ficamos chocados com os números crescentes de pessoas infetadas com uma quantidade de infeções sexualmente transmissíveis.

Verdade que o título é sobre TV, mas aqui e para rematar fica ainda uma dica sobre um spot radiofónico. Trata-se de um rapaz tão poupado que nos teen vende os carros telecomandados para poupar nas pilhas e aos trinta sai de casa para poupar a mãe. Meu pai do céu, que é feito desta juventude? Quem é que fica em casa dos pais até aos trinta e depois diz que sai para poupar a mãe, devia sair era por vergonha, mas ao mesmo tempo que escrevo estas linhas a minha memória diz que, de facto, tem quem fique para todo o sempre em casa dos pais, porque, afinal, a comida da mãe é que é. Nenhuma mulher é como a mãe (ainda bem, pois não teria piada nenhuma ir para a cama com a própria mãe, mas ele há doentes para tudo), e também porque é bom ter cama comida e roupa lavada e passada a custo zero.

Vá, vergonha na cara, gente boa! Somos todos responsáveis por estes spots e por estes argumentos novelísticos. Temos hoje provedores e outras entidades para verificar, fiscalizar, o que se faz mal feito na maior escola do mundo a TV e a rádio, por isso manifestem o vosso desagrado por conteúdos violentos e/ ou discriminatórios. Só juntos de facto podemos construir um mundo melhor.

 

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