Artigo de Opinião
O MURO DA INCIVILIDADE
Hungria, país onde há dias foi aprovada com 151 votos a favor e 41 contra a construção de um muro ao longo da fronteira com a Sérvia para travar a entrada de imigrantes. Para além disto, foram ainda impostas outras limitações a pedidos de asilo, por parte destes.
Afinal que sociedade evoluída é esta? É muito difícil conseguir expressar aquilo que vou pensando sobre este tema, porque mostra que quando pensamos que já vimos tudo, há sempre outros assuntos que nos vêm surpreender ainda mais. Por mais explicações que se tente formular para este facto, não há nada que justifique a construção de um muro. Este que irá significar novamente a segregação dos povos, a desesperança, a discriminação, a falta de poder de uns em detrimento de outros, a pobreza e a miséria de um mundo sem noção da humanidade. Esta construção remete-nos para o muro de Berlim, pelo qual tantos anos se lutou para que fosse destruído e agora tenta-se fazer o mesmo.
Caiu sobre nós um véu de incivilidade que nos faz tomar ações que nem lembram a um neanderthal. E não é preciso ir muito longe para ver que estas situações primitivas acontecem no dia-a-dia. Temos o exemplo de familiares com atritos mais ou menos graves, que por azar do destino tiveram de ter as suas casas construídas uma ao lado da outra, e como sentimento de posse e marcação de território, constroem um muro que divide as casas e que não permite que nada seja visto do outro lado. A verdade é que tudo se consegue ver, por mais que queiramos tapar. Apesar de o muro ser construído, os problemas familares não são resolvidos. O mesmo acontece no caso da Hungria e Sérvia. Portanto, não é só os governantes que foram consumidos por este “vírus” que destrói a sensibildiade e inteligência, todos nós sofremos desse mal.
Opta-se pelo facilitismo que é o bem maior do capitalismo. Assim, em vez de se tomarem medidas para ajudar estes povos que vêm de países carenciados, que de sol a sol vivem em guerra e assombrados por graves doenças, opta-se por usar a estratégia mais básica que é a construção de um muro.
O mundo é composto por ciclos. Hoje, a Hungria está em ótimas condições económicas, mas não significa que daqui a uns anos, esteja na mesma posição. Apesar de vivermos em países diferentes, não significa que é cada um por si. Há muito a ideia de que se os oceanos nos dividem não temos de os ajudar. Estamos demasiado longe para isso. Os oceanos quando surgiram não foi para dividir, mas para descobrir e ajudar os outros países.
Não nos apercebemos ou não nos queremos aperceber, mas, hoje em dia, já estamos numa guerra silenciosa e camuflada, que irá tomar proporções maiores se não tomarmos consciência que mais do que separar os povos, há que nos unir todos e trabalhar para os mesmos objetivos.
Um muro nunca foi solução, mas sim uma forma de tornar o nosso lado mais escuro.