Cultura
TMP: PELOS CABELOS: “É CHAMAR A IMAGINAÇÃO A UM SÍTIO IMAGINADO!” (2/2)
Este espectáculo marca uma nova fase nos 26 anos de existência do Teatro de Marionetas. Quais as principais características que diferem entre o antes e o depois?
Isabel Barros: Nós entramos numa nova fase a partir do momento em que o João Paulo deixou de estar connosco fisicamente. Eu acho que este espectáculo marca um trabalho de co-criação com os actores e talvez assinale uma maturidade em relação à questão da autoria, que era do João Paulo.
O que levou o TMP a trazer de volta “Pelos Cabelos”?
Rui Queiroz de Matos: Nós resolvemos fazer mais uma temporada porque a temporada de estreia esgotou rapidamente e a procura era muita. Além disso acrescentamos duas sessões extra, no Dia Mundial da Marioneta (21 de Março) e do Dia Mundial do Teatro (27 de Março), às 19h30, num horário um bocadinho diferente dos que temos na temporada.
E como foi a resposta do público a este espectáculo?
Todos: Foi mesmo muito boa!
Edgard Fernandes: E a reacção pós-espectáculo melhor ainda!
Mas sentem que ainda é preciso sensibilizar as pessoas para a necessidade de ir ao teatro, de consumir cultura?
Isabel Barros: Nós somos um caso um bocadinho à parte porque sempre tivemos um público muito fiel e agora há um novo público que nos descobre através do museu. Mas somos cúmplices na luta [das pessoas] perceberem o quanto a arte acrescenta às suas vidas. Apesar de tudo, eu sinto um grande entusiasmo pelo facto de as pessoas continuarem a vir ao teatro nesta altura de crise.
Falando do espectáculo em si, de que forma dificultou ou facilitou as imagens precederem o texto?
Isabel Barros: As imagens foram um ponto de partida para nós e foi completamente diferente porque nunca tínhamos feito isto. A palavra certa é “divertido”.
Como surgiu a ideia de criar o espaço “Lá”?
Isabel Barros: O “Lá” [surgiu] da necessidade de existir um espaço. É um lugar quase utópico.
Rui Queiroz de Matos: Arriscamos um bocadinho! Como reagiriam as crianças a um espectáculo em que o tema era quase uma reflexão filosófica do próprio mundo? É chamar a imaginação a um sítio imaginado!
À primeira vista o espectáculo pode parecer dirigido apenas para uma faixa etária infantil, mas não o é. Acham que conseguem transmitir a mensagem que o Teatro de Marionetas é dirigido a todos?
Isabel Barros: Sim, completamente! Essa sempre foi uma das bandeiras do TMP: cortar com esses clichés de que a marioneta era só para crianças.
Rui Queiroz de Matos: E mesmo no espectáculo para a infância há sempre um subtexto que só os adultos percebem.
O TMP já levou este espectáculo ao estrangeiro, nomeadamente a Madrid. Quais são as maiores diferenças no que diz respeito à vossa interpretação e ao público?
Isabel Barros: O texto foi traduzido em espanhol e houve um aperfeiçoamento ao nível da dicção e do texto. O resultado foi fantástico.
Edgard Fernandes: Este espectáculo foi criado para esta sala e foi para o teatro mais antigo de Espanha [por isso] tivemos de fazer uma adaptação do cenário. Foi a abertura do festival, a nossa estreia em espanhol e correu muito bem.
O que se pode esperar do TMP no futuro?
Isabel Barros: Para já temos uma coisa muito gira que é uma bancada nova! (risos)
Edgard Fernandes: Estamos a cozinhar a nova produção para adultos…
Rui Queiroz de Matos: Com bolinha vermelha no canto do ecrã!